quinta-feira, 31 de março de 2011

segunda-feira, 28 de março de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

Dizer

...eu tinha qualquer coisa para te dizer, algo que já anda dentro de mim há milhares de anos e nunca tive essa oportunidade...

...há dias, quando surgiste na minha vida, um pouco alheada do próprio mundo, quando ali surgiste espelhada na minha alma, eu estive quase quase para te dizer...

...penso que me faltou a coragem e a voz se me embargou; calei dentro de mim o que deveria ter gritado; talvez tenha esquecido a forma de gritar, talvez só saiba calar... não sei... já não sei...

...mas eu tinha qualquer coisa para te dizer, algo que me possui e me rasga a mente, num acto demente do meu próprio ser de aqui estar sem saber falar, sem saber o que te dizer, sem saber gritar o que tanto tenho calado... milhares de anos de silêncio dentro de mim...

...milhares de anos de solidão da minha própria voz; milhares de anos de espera que surjas ali à esquina, em qualquer lugar, e num momento de paz eu te possa gritar todo o meu amor...

...áhh dor que dói e me corrói a alma de tanto calar esta tão louca forma de te amar... dor de aqui estar e não saber o que te dizer, de não saber traduzir esta minha forma de tão somente te sorrir...

...e sorrio-te a todo o instante, aqui, ali, em qualquer lugar ainda que distante... não me preocupa se me ouves, se escondes as palavras que tão docemente me são devolvidas porque não enviadas; doces palavras de paz, ternura, carinho, amor... em doses de candura mas eivadas de toda a minha dor...

...estão aqui mas sei que tinha qualquer coisa para te dizer; como posso gritar se a voz se me tolda em silêncios ocos e sem eco ou se com eco ecoam apenas dentro do meu vazio, um vazio que não preencho ou se preencho apenas o preencho com a minha própria alma já de si tão gasta por durante todos estes milhares anos não me teres dito: Basta!...

segunda-feira, 21 de março de 2011

sábado, 19 de março de 2011

Dia do pai

"…Estás noutro local, um local para onde foste, um local de sossego, de paz, não é ?… Tenho saudades tuas, pai !… Lembras-te do dia em que nos disseste até breve ?… Lembras-te dos dias em que sempre estiveste a nosso lado, lembras-te de tudo de bom que se passou antes de ires, lembras-te de tudo de mau que se passou antes de ires ?… Recordas o dia em que eu nasci, recordas o dia em que passaste ao estatuto de pai ?… Sei perfeitamente que te recordas e que só por isso te valeu a pena viver; sei que viveste em função dos teus, daqueles que faziam parte da tua própria vida, daqueles que eram a razão da tua existência!… Sei muito bem o quanto sofreste por mim e por todos os teus; sei perfeitamente o quanto lutaste para que nada me faltasse, para que tudo estivesse sempre bem… Lembras-te do dia em que te faltou algo para que eu não sentisse essa falta ?… Lembras-te do dia em que não comeste para que eu tivesse comida ?… Lembras-te do dia em que poupaste nos cigarritos para que eu tivesse dinheiro para o meu tabaco ?… Lembras-te do dia em que tiveste de pedir a um amigo para teres dinheiro para mim ?… Lembras-te do dia, de todos os dias da tua vida em que passaste mal para que em todos os dias da minha vida eu passasse bem ?… Lembras-te ?… Sei que te lembras e sei que sabes que tenho saudades tuas… um beijo para ti, pai!…”

sexta-feira, 18 de março de 2011

Poema sem pontuação

Possuo o teu corpo apenas à flor da minha pele

Olhando teus olhos com a posse do meu sonho

Inspirando teu aroma de suave sabor a sal

Toco-te ao de leve apenas ouvindo teu sussurro

Não sinto a textura apesar de estares tão perto

Mas minha pele devagarinho e ao de leve te recebe

E teus olhos vibram na escuridão da minha ausência

Nada te peço a não ser que não me leves a mal

Que sinto desejos de ti e do teu corpo me orgulho

Mas já não sei se sinta o que não se percebe

Se a presença de ti em mim ou a da tua aquiescência

Não sobeja o que não existe na mente demente

De um querer imenso de te ver e saber ser

Em ti presença autêntica essência deste querer

Palavras revoltas soltas debruadas a solidão

E em sentidos desejos deste tão amargo coração

Que a si mesmo se fere na espera do encontro

Para num abraço sentido que tarda em chegar

Poder saborear os aromas do teu próprio desejar

quarta-feira, 16 de março de 2011

segunda-feira, 14 de março de 2011

Novas palavras

“… quisera escrever palavras que ainda não tivessem sido ditas ou escritas porque ainda não inventadas e dedicar-tas só para ti… dizer-te palavras diferentes de todas as que já foram ditas, escritas, reditas e reescritas… poder sentir que aquelas palavras eram só para ti e que mais ninguém as houvera lido ainda nem sequer sido sonhadas porque não inventadas nem rotuladas com significados óbvios… poder sentir que o destino delas era único e que mais ninguém se pudesse apropriar delas porque seriam apenas tuas… poder sentir que nada do que pudesse até então ter sido dito havia sido repetido… seriam palavras para escrever um livro onde nele descrevesse tudo o que estivesse na minha Alma e nunca houvera dela saído para o exterior… seriam sim claro, palavras de amor… mas essas existem em todo o lado, estão espalhadas pelo espaço de todos os pontos cardeais, em todos os cantos, dirigidas em todos os sentidos, conduzindo o Amor para a sua simplicidade ainda que indolor… seriam sim claro, palavras de ternura, de carinho, de afago, de candura, de puro desejo de as sorver num só trago e mais não existissem excepto no teu coração pois para ele elas haviam sido dirigidas… queria sim escrevê-las num só fôlego, num só dizer, num só escrever, numa só direcção e saber que as havias recebido, sentido e digerido dentro do teu ser… palavras escritas para mais ninguém as ler… só tu as receberias e as sentirias porque saberias que te pertenciam… queria, pois, inventar novas palavras que exprimissem o que já sabes sem eu as escrever porque tas digo ao ouvido, porque tas entrego no corpo, porque elas se entranham em ti vindas de mim, num crescendo de Amor sem palavras ditas ou escritas de cor, apenas sentidas pelo teu existir… dessa forma, não necessito de as inventar porque elas já existem dentro de ti quando as entendes no momento em que não as pronunciando, a ti somente as entrego… fico assim sem necessidade de as escrever porque elas mais não são do que o sentir em mim a força do âmago do teu ser…”

sábado, 12 de março de 2011

quinta-feira, 10 de março de 2011

Distância

"...a distância do nosso amor fica na distância do nosso olhar, na
distância do nosso toque, na distância das gotas de suor dos nosso
corpos quando fazem amor... a distância do nosso amor fica na
distância do teu respirar junto ao meu peito ou no beijo que deposito nos teus lábios... a distância do nosso amor fica na ânsia de nos voltarmos a encontrar e sentirmos que amar não é só ser e estar mas também o desespero do ter de ir e não poder ficar... a distância do nosso amor fica na distância dos dedos quando se entrelaçam e os corpos se abraçam e ao som de uma doce melodia, os corpos juntos num só, levemente sobre si mesmo rodopia... a distância do nosso amor fica na distância das pequenas distâncias dos pequenos nadas a que damos tanta importância... a distância do nosso amor fica apenas a um simples passo da nossa própria distância..."

terça-feira, 8 de março de 2011

domingo, 6 de março de 2011

Dentro de mim

“… trago-te dentro do meu peito escudada por ternos laços de afeição, de carinho e de paixão… trago-te no meu peito acolhida por todos os laços de serenidade e amor, num cabaz de tudo o que a paz nos pode tornar em seres felizes sem dor… trago-te no meu coração guardada em pétalas de azul celeste de douradas cores que ao longo dos tempos me deste… trago-te em ternuras embrulhada de coloridas sensações de tudo o que a tua presença me dá… trago-te dentro de mim ao sabor do que sinto que vive em ti e que pressinto saber-te dona do meu ser num estado de prazer, de tudo o que me é permito ter… trago-te dentro do meu coração, numa prece, ou oração, num saber que amar é o que te dou e o que recebo em troca numa deliciosa flor, seja ela qual for, mas que representa sempre e para sempre o presente de tudo o que me dás… tenho-te dentro de mim com serenidade e tudo o que representa o amor em paz…”

sexta-feira, 4 de março de 2011

quarta-feira, 2 de março de 2011

Moldura

"...olhavas-me de baixo e eu sentia-me como presa naquele quadro dependurado naquela parede nua... havias-me pintado, traço a traço, ruga a ruga com aquele lápis de cera preta com que fazias os teus gatafunhos... olhavas-me de baixo e eu sentia-me perdida no meio do teu olhar que não sabia ler, que não sabia entender... havias-me traçado a pele enrugada à volta dos olhos, nas faces, as próprias linhas do franzir habitual da minha testa... como me houveras pintado tão bem... ainda recordo aquela manhã em que sentada no banco da cozinha me havias pedido para posar para ti... ri-me como se pudesses fazer tal coisa... e, depois destes anos todos passados, em que regresso apenas em memória, olho-te de cima e vejo-te a olhar para mim daí de baixo, em pé nesse chão de tábuas rabugentas e bafiosas... olhas-me com um olhar parado, sem fulgor, apagado, mas olhas-me e recordas-me... só não consigo entender se me olhas por respeito se por amor... e a dúvida mantém-me presa dentro desta moldura..."