segunda-feira, 31 de março de 2008

banalidades

“… como se costuma dizer, durmo como uma pedra… seja a que horas for que me deite, durma as horas que durma, o sono é sempre profundo e (adoro) recheado de sonhos… quanto mais pesados eles forem (os sonhos, tipo pesadelos) mais liberto me sinto quando acordo… por vezes, quando esporadicamente acordo a meio da noite para aliviar a bexiga, retomo o sono de imediato e, muitas vezes o mesmo sonho… tenho imensos sonhos recorrentes, como por exemplo, sonho imenso com pessoas já falecidas nomeadamente o meu pai (tantas vezes presente nos meus sonhos que até julgo que ele está ali mesmo a dar-me instruções para o dia seguinte)… em resumo, gosto imenso de sonhar e nunca acordo cansado como ouço muitas pessoas dizerem que foi uma noite terrível, vira para ali vira para aqui e que sonhos horríveis, etc… não, adoro sonhar e sinto-me bem… acordo, invariavelmente, à mesma hora e levanto-me, quase sempre, também à mesma hora… hoje acordei, como de costume mas senti uma leve pressão na testa… como tenho o medidor da tensão arterial sempre à mão (desde que tive o avc que mantenho um cuidado com a mesma), medi e o aparelho debitou um valor de 178 – 119 com 101 pulsações, ou seja, mais simples: 18/12… um valor destes logo de manhã assustou-me e imaginei que o aparelho estivesse avariado… a meio da manhã pedi um outro aparelho a um vizinho e o valor estava basicamente na mesma: 17/11… decidi e fui até à praia apanhar o ar frio que vinha do norte… almocei e, como de costume, fui fazer a minha sestinha… quando acordei, medi de novo e os valores mantinham níveis elevados: 16/10… levantei-me e rumei ao Posto Médico… cheguei e, por milagre, fui logo atendido no balcão para a inscrição… na sala de espera apenas uma doente à minha frente… não esperei muito e de imediato me encontrei sentado frente a uma médica… exposto o problema e o historial clínico, a mesma entendeu que eu não estava bem com 16/11 ali tiradas por ela e que, portanto, precisava de medicação urgente para a regulação do problema… lá me deu a receita e uma guia de vigilância durante 6 semanas… de regresso a casa, aviei o dito cujo e pronto, aqui estou a escrever o texto que não sabia que iria escrecer mas que serve muito bem para ilustrar apenas um pouco do que foi o meu dia de hoje… a conclusão a tirar é que foi um dia tão simples, tão banal mas só eu sei a razão deste meu mal… (eu e algumas pessoas mais chegadas, claro…)… como vêem, um relato barato para um fim de mês de Março em que tanto durmo como faço…”

quarta-feira, 26 de março de 2008

momentos

“… existem momentos em que queremos tudo da mesma forma em que há momentos em que nos sentimos felizes com pequenos nadas… momentos em que desejamos que tudo nos envolva ou que tudo possamos abraçar… momentos em que um simples toque tudo pode significar… existem momentos em que desejamos tudo ter e momentos em que um simples beijo transforma todo o nosso ser… existem momentos em que tudo o que existe não nos chega e tudo queremos abarcar… e há momentos em que nos chega um simples olhar… há momentos que ansiamos possuir e momentos que nos satisfazem um terno sorrir… a vida ensina-nos que não interessa a quantidade do que queremos obter mas a qualidade que invade o nosso ser… essa qualidade pode vir de um simples gesto, de um meigo olhar, dum suave toque, dum abraço terno ou ainda duma simples risada, vinda do fundo da Alma, forte e dizendo-nos que a serenidade do riso nos acalma… a qualidade provém do sentir, do que nos faz sorrir e nos serena quando mesmo o temor nos abala… há momentos em que desejamos tudo como há momentos em que esse tudo está nos pequenos nadas que juntos, em aglomerado, nos fazem ver o quanto amamos e somos amados… beijo, feliz e sereno, todos esses pequenos nadas que me dás… entrego-te o meu ser total nos pequenos nadas que te dou... porque é assim que sentimos que o que temos é tudo o que tu és e tudo o que eu sou...”

sexta-feira, 14 de março de 2008

oferta

domingo, 9 de março de 2008

dentro de mim

“… trago-te dentro do meu peito escudada por ternos laços de afeição, de carinho e de paixão… trago-te no meu peito acolhida por todos os laços de serenidade e amor, num cabaz de tudo o que a paz nos pode tornar em seres felizes sem dor… trago-te no meu coração guardada em pétalas de azul celeste de douradas cores que ao longo dos tempos me deste… trago-te em ternuras embrulhada de coloridas sensações de tudo o que a tua presença me dá… trago-te dentro de mim ao sabor do que sinto que vive em ti e que pressinto saber-te dona do meu ser num estado de prazer, de tudo o que me é permito ter… trago-te dentro do meu coração, numa prece, ou oração, num saber que amar é o que te dou e o que recebo em troca numa deliciosa flor, seja ela qual for, mas que representa sempre e para sempre o presente de tudo o que me dás… tenho-te dentro de mim com serenidade e tudo o que representa amor em paz…”

terça-feira, 4 de março de 2008

apenas para ti

“… quisera escrever palavras que ainda não tivessem sido ditas ou escritas porque ainda não inventadas e dedicar-tas só para ti… dizer-te palavras diferentes de todas as que já foram ditas, escritas, reditas e reescritas… poder sentir que aquelas palavras eram só para ti e que mais ninguém as houvera lido ainda nem sequer sido sonhadas porque não inventadas nem rotuladas com significados óbvios… poder sentir que o destino delas era único e que mais ninguém se pudesse apropriar delas porque seriam apenas tuas… poder sentir que nada do que pudesse até então ter sido dito havia sido repetido… seriam palavras para escrever um livro onde nele descrevesse tudo o que estivesse na minha Alma e nunca houvera dela saído para o exterior… seriam sim claro, palavras de amor… mas essas existem em todo o lado, estão espalhadas pelo espaço de todos os pontos cardeais, em todos os cantos, dirigidas em todos os sentidos, conduzindo o Amor para a sua simplicidade ainda que indolor… seriam sim claro, palavras de ternura, de carinho, de afago, de candura, de puro desejo de as sorver num só trago e mais não existissem excepto no teu coração pois para ele elas haviam sido dirigidas… queria sim escrevê-las num só fôlego, num só dizer, num só escrever, numa só direcção e saber que as havias recebido, sentido e digerido dentro do teu ser… palavras escritas para mais ninguém as ler… só tu as receberias e as sentirias porque saberias que te pertenciam… queria, pois, inventar novas palavras que exprimissem o que já sabes sem eu as escrever porque tas digo ao ouvido, porque tas entrego no corpo, porque elas se entranham em ti vindas de mim, num crescendo de Amor sem palavras ditas ou escritas de cor, apenas sentidas pelo teu existir… dessa forma, não necessito de as inventar porque elas já existem dentro de ti quando as entendes no momento em que não as pronunciando, a ti somente as entrego… fico assim sem necessidade de as escrever porque elas mais não são do que o sentir em mim a força do âmago do teu ser…”

sábado, 1 de março de 2008

o meu derradeiro cigarro

“… tudo aconteceu num ápice, num momento normal da vida… era cerca do meio dia e meia hora do dia 18 de Abril do ano de 1988 e encontrava-me de pé encostado ao balcão do café do Luís a comer uma tosta mista e a beber uma cerveja… de repente, a minha vista esquerda deixou de ver… tapei o olho direito com a mão e apenas via um cinzento prateado e uma mancha escura para o lado esquerdo… calmamente, continuei a comer, comi mais um bolito e bebi o meu café… saí normalmente, segui para o meu escritório e fui lavar a cara e deitar água para a vista… mas nada aconteceu, tudo se manteve na mesma… a pé, dirigi-me para a Clínica Santo António, ali perto, entrei, segui até ao balcão e com uma calma tremenda disse à funcionária: - Desculpe, estou a perder a visão, estou a sentir-me mal e a entrar em pânico… por favor, vá transmitir isto ao Médico (por acaso, havia Oftalmologia e havia um em serviço àquela hora)… a moça, muito atónita a olhar para mim, lá se levantou da sua cadeira e seguiu em direcção ao gabinete clínico… quando regressou, um minuto depois, disse-me: - venha se faz favor que o senhor doutor atende-o já… depois de agradecer lá segui para a sala de espera… de dentro do gabinete saiu um doente e eu entrei de imediato… contei o que se estava a passar, fui bem examinado e o diagnóstico foi-me dado logo ali: - o senhor acaba de ter um AVC e precisa de ir imediatamente para a Neurologia. Aguarde um momento que eu vou ver se o meu colega está de serviço… ali fiquei a aguardar… a calma aparente obrigou-me a acender um cigarro, o último que fumei, seriam cerca das 15 horas desse dia… quando o oftalmologista regressou levou-me para o gabinete da neurologia onde o especialista me examinou e confirmou o diagnóstico anterior… passou-me um relatório e disse-me para ir ao Delegado de Saúde carimbar o chamado P1 para poder ir fazer de imediato um TAC… assim fiz… no dia seguinte, de manhã, obtido o documento segui para o Porto onde fiz o dito exame… deitei-me na bela marquesa do túnel do terror e surge um enfermeiro de seringa na mão… aí eu disse: - Um momento por favor: o que vai fazer?... ao que ele me explicou ir injectar-me o iodo para contraste e que iria sentir um ardor na cara que desceria pelo peito até às pernas e que desapareceria nos pés… (assim, na verdade, aconteceu) mais descansado, fiquei estático com a cabeça presa por uma fita e disseram-me para não me mover e olhar para uma luzinha vermelhinha que estava por cima da minha testa… e, pronto, ao fim de uns minutos, saí do túnel e mandaram-me esperar para ver o resultado… havia, na verdade, sofrido um pequeno acidente vascular cerebral provocado por arteriosclerose tabágica (durante 27 anos havia fumado 2 maços diários)… mandaram-me embora com a famosa receita da Aspirina 100 e que deveria ser seguido pela especialidade e fazer uns campos visuais de quando em vez… entretanto, a cegueira foi abrandando apesar de ter durado 33 horas… segui os conselhos e, nunca mais fumei… breve, no próximo mês, farei 20 anos sem tabaco… creio que foi uma vitória apesar de a ter conseguido por ter apanhado um dos maiores sustos da minha vida… e aqui acabei de contar a minha odisseia de como parei de fumar…”