domingo, 31 de julho de 2011

Terra

"...por vezes (em alguns casos, em muitas vezes...) sentimo-nos perdidos no meio do oceano da vida... um mar encapelado com ondas gigantescas e onde não divisamos terra; somente água, água e mais água... caímos no seu seio e (por vezes) sentimo-nos a afogar... vamos retendo a respiração para sentirmos a leveza da água percorrer o corpo enquanto caímos no abismo... mas, sempre no derradeiro momento, os pulmões soltam uma lufada forte e voltamos a sentir o ar, ora frio, ora quente, reentrar nos nossos pulmões... é nesses momentos que divisamos terra, ou o chamado porto seguro... mas, na verdade, nunca sabemos se ele existe ou onde ele está; sabemos apenas que ele está lá à nossa espera... e de uma coisa não temos mesmo a menor dúvida: como desejamos tanto esse pedaço de terra!..."

sábado, 30 de julho de 2011

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Seduzir

"...talvez seja essa tua força, invisível aos olhos humanos, que me seduz... talvez sejam apenas os teus olhos ou até mesmo, como já o tenho dito muitas vezes, a tua boca... talvez seja essa tua fragilidade ou essa tua doçura... talvez a tua ingenuidade ou até mesmo a tua garra... talvez a tua voz ou mesmo até o teu silêncio... talvez o teu tudo ou o teu nada... talvez seja essa tua pose de fazer face à luta ou a tua lágrima sentida... talvez a tua revolta ou até mesmo a tua cedência... talvez apenas o teu toque, o teu cheiro ou o teu beijo... talvez apenas o seres apenas tu e eu ser apenas eu... mas que me seduzes de verdade, não o posso negar..."

quinta-feira, 28 de julho de 2011

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Toque

"... deito a cabeça no teu regaço... olho-te a face serena... e teus lábios sorriem... tuas mãos se envolvem nos meus cabelos e a massagem leva-me ao sonho... fecho os olhos e deixo-me vogar no teu corpo... dentro de ti... à tua volta... mesmo sem te tocar te sinto... tuas mãos tocam o meu ser como se nos meus lábios estivesse todo eu, como se a minha boca fosse todo o meu corpo... teus dedos leves e suaves me transportam, nesse toque, para lá de mim mesmo e me deixo ficar por momentos apenas nesse espaço, nesse limbo, nesse suave sentir de seda e com sede de um beijo... é esse beijo que acontece a seguir... é esse toque que me faz emergir de mim para imergir-me em ti... apenas um leve sabor a pétala duma qualquer flor... apenas um leve sabor e tudo o que nos rodeia a seguir é tão somente o amor..."

terça-feira, 26 de julho de 2011

Vadia

...só aparece à hora do almoço...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Movimento

“... terminaram as palavras... as letras deixaram de existir... as frases já não podem ser formuladas e a comunicação escrita ou falada findou... o Homem deixou de poder dizer um simples vocábulo e nem um só ditongo se consegue escrever ou articular... mas a sua necessidade de gritar leva-o a inventar novas formas de comunicar... passa a usar o seu corpo para insinuar as sílabas e começar a juntar os elementos que formam a ideia, a imagem ou apenas o sentido... o seu corpo passa a ser a caneta ou a corda vocal... e as mãos tocam ali, acolá ou aqui... movem-se no espaço e sentem que do outro lado existem outras mãos que fazem o mesmo... e todos começam a gesticular... e do gesto, passam ao encontro, ao toque mútuo, ao abraço, ao enlace, à carícia, ao beijo, à ternura, a todo o género de acto que defina um desejo de comunicar, de dizer: estou aqui, estás aí, podemos falar?... então trocam-se os toques e todos se movem no mesmo sentido... no Mundo existe o silêncio mas passou a existir o abraço... algo que o Homem já havia esquecido há muito... e apesar de o riso não ser articulado, existe o sorriso... e apesar do grito se ter silenciado a lágrima pode escorrer pela face e dessa forma se diz o que se passa, o que se sente, o que se deseja, o que se vê e o que se quer que seja entendido... o Homem calou a voz mas não consegue deixar de comunicar... e o seu corpo passa a ser o elemento base dessa acção... e, dessa forma, mesmo não podendo dizer que se ama, pode-se dizer o mesmo num sorriso, num beijo, num toque, num abraço, num desejo... e o Amor, por mais que o Homem possa perder as suas faculdades, jamais morrerá... e Amar, continuará a ser o único caminho!...”

domingo, 24 de julho de 2011

sábado, 23 de julho de 2011

Vivo

"... localizar no tempo, no tempo passado até ao momento actual, qual foi ou qual é aquele que nos marcou ou nos marca, qual foi o melhor ou o pior momento, etc., é um exercício que nos leva a lembrar uns e a esquecer outros... por vezes, esses outros que esquecemos sejam ou tenham sido os mais importantes mas ficaram escondidos nos cantos escusos da nossa memória ou até mesmo sejam tão importantes que ficaram arquivados num ficheiro com acesso apenas com palavra chave, como que como uma password... talvez momentos bons sejam mais difíceis de lembrar e, como saudosistas e fatalistas que somos, nos lembremos apenas dos piores... sempre pensei nesse tema e há apenas uma conclusão a tirar: de nada nos serve viver do passado mesmo lembrando os bons momentos... o que interessa aqui e agora é o facto de estarmos vivos, de estarmos a viver o momento que usufruimos agora mesmo, sentir que este é que é o mais importante de todos porque é o único que nos diz concretamente que estamos vivos... sorrir à vida por esse tão simples facto: o de estar vivo!..."

sexta-feira, 22 de julho de 2011

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Diálogo com a serenidade

“... a calma tinha-se aproximado de mim como não me conhecesse... eu já a conhecia há muito pese embora os grandes momentos em que não a via ou não me encontrava com ela... porém, naquela vez, ela fez de conta que não sabia quem eu era... aproximou-se mansamente e como quem não quer a coisa, saudou-me ao de leve com um leve acenar pela passagem, pelo encontro... não lhe liguei demasiada importãncia mas educadamente correspondi ao seu aceno e sorri-lhe... foi nesse momento que ela olhou para mim e, de chofre, me perguntou: - Porque sorris?... Naquele instante não encontrei resposta mas uns segundos após, saiu-me uma frase lenta e suave: - Porque não haveria de sorrir?... Acho estranho, disse ela: Estás sempre preocupado, cheio de problemas, a tua cabeça é um vulcão, a tua alma desespera, o teu coração bate e os teus olhos não choram... Pois, respondi eu, eu sei mas por vezes caio em mim e entendo que de nada me vale o lamento; por certo que estou errado quando desfaleço e sentado ou deitado me concentro nas agruras da vida; depois penso que a vida é apenas aquilo que dela fazemos, aquilo que dela queremos, aquilo que dela podemos tirar... a vida nada nos dá excepto ela mesma, ou seja, ela se nos entrega numa única vez e após instalada em nós, somos nós mesmos que a gerimos... temos esse poder, o poder de moldar os dias, as horas, os minutos e até mesmo os segundos dos nossos momentos aqui e agora, ontem e, quem sabe senão ela, também amanhã... somos nós que decidimos enfrentar ou não o momento que se nos depara, seja ele bom ou mau... é apenas uma questão de escolha... mas tu não eras asssim, disse-me ela, a calma... sim, eu sei... na verdade, a vida foi tão diversa e tão cheia de coisas e coisas que houve vezes em que não te consegui enfrentar ou mesmo aceitar e desesperei... porém, houve também momentos em que soube que me podias ajudar... por isso te sorri agora... sei que me podes inundar e tornar-me pleno de mim mesmo e conceder-me ainda mais a capacidade de me dar ainda mais do que já tentei... sei que me ajudarás... porque me trazes a sabedoria, a sensatez, a alegria, a ternura de me saber feliz ao sentir que amo, que o caminho que percorro é o único que me pode serenar, o único que me pode pacificar, a caminhada plena para amar... e, com amor, se ama e com amor se perpectua a nossa vida, mesmo para além da morte... por isso, hoje, te sorrio por saber o quanto amo quem amo, quem me dá a plenitude da serenidade, num amar terno e seguro, forte e puro, real que de tão real, a ti o juro...”

quarta-feira, 20 de julho de 2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

O som do silêncio

"...Há um silêncio absoluto aqui até mesmo dentro de mim... Estou só, acompanhado apenas da minha solidão... por isso, não estou sozinho... estou acompanhado, logo não estou só... Estranho... O silêncio penetra dentro de mim sem pedir licença... também não sou capaz de lhe impedir a entrada... ele é tão livre quanto eu e eu, possuidor dessa liberdade, deixo-o entrar e sinto que a excitação que ele me provoca é sinal de prazer... Um prazer proveniente da paz que ele, o silêncio, alberga... Com ele, vem apenas o som da deslocação do ar quando ele chega sem avisar... É que, de repente, só (estando só) o sinto quando ouço o silêncio da sua chegada... Senta-se aqui ao meu lado e vejo perfeitamente que ele me olha de soslaio... mas não lhe ligo importância... quem se julga ele?... Alguém de muito especial?... Devo-lhe alguma deferência?... Não... Não lhe franqueio sempre a entrada?... Então, que mais ele quer?... Que lhe dirija a palavra?... Não!... Mil vezes não!... Se o deixo penetrar-me é porque assim o desejo e o quero, em silêncio, em paz, ouvindo-o sem o ouvir... sabendo apenas que ele está aqui... A solidão, por seu lado, essa não se importa muito pela presença dele... já está habituada... Olha-o com desdém como se ele, o calado silêncio, fosse ninguém... Sabe muito bem que ele não me faz mossa... sabe perfeitamente que ela, a solidão, é que é a minha amante preferida, hoje cinzenta (pode ser) mas amanhã, quem sabe, se colorida... É apenas a paz que me traz sereno e me faz sentir o seu frio ameno... é que o silêncio tem temperatura, ora é doce e quente, ora azedo e frio... mas já reparei imensas vezes que quando é azedo se sente um frio ameno... não enregela nem me estremece o corpo... amorna-me a alma e deixo-me ficar na mordomia da sua presença... É tudo apenas um estado de solidão a sós com o silêncio que me faz companhia... Por isso, não esfria... Deixa-me estar como quero... E ele se queda também e fica... Não incomoda... Sabe que a qualquer momento que eu queira, o mando embora... sabe que um grito forte pode, num ápice, cortar o ar que ele deslocou ao chegar... Ele sabe isso e por isso não se preocupa comigo... Mantém apenas um vago olhar... Como quem não sabe se parta ou se deve ficar... Depende apenas e só do meu grito... se este, o grito, do meu peito sair com força, com ânimo, com desejo de ser quem sou e não quem quero parecer ser... O problema com que me debato é saber o que sou ou mesmo até quem sou... Serei eu próprio o silêncio?..."

segunda-feira, 18 de julho de 2011

domingo, 17 de julho de 2011

Por amor se corre

«Um até já, meu amor, que por amor se corre e por amor se não percorre... um até já, meu amor, pelas correrias que correste e pelas paragens à minha espera... um até já, meu amor, pelo amor caminhado, pelo amor parado como os dias que correm á nossa frente e nos arrastam irremediavelmente para essa morte... a morte do amor que de amor morreu no dia em que em vez de um até já, me disseste adeus...»

sábado, 16 de julho de 2011

sexta-feira, 15 de julho de 2011

quinta-feira, 14 de julho de 2011

quarta-feira, 13 de julho de 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

Toque

"... deito a cabeça no teu regaço... olho-te a face serena... e teus lábios sorriem... tuas mãos se envolvem nos meus cabelos e a massagem leva-me ao sonho... fecho os olhos e deixo-me vogar no teu corpo... dentro de ti... à tua volta... mesmo sem te tocar te sinto... tuas mãos tocam o meu ser como se nos meus lábios estivesse todo eu, como se a minha boca fosse todo o meu corpo... teus dedos leves e suaves me transportam, nesse toque, para lá de mim mesmo e me deixo ficar por momentos apenas nesse espaço, nesse limbo, nesse suave sentir de seda e com sede de um beijo... é esse beijo que acontece a seguir... é esse toque que me faz emergir de mim para imergir-me em ti... apenas um leve sabor a pétala duma qualquer flor... apenas um leve sabor e tudo o que nos rodeia a seguir é tão-somente o amor..."

segunda-feira, 11 de julho de 2011

domingo, 10 de julho de 2011

sábado, 9 de julho de 2011

Saudades

"...Tenho saudades tuas... Queria ter-te aqui comigo, a meu lado, de mãos dadas ou de olhos nos olhos... Cingir-te a cintura e apertar-te contra mim e sentir teu corpo... Desejar o teu desejo... Ouvir teu coração bater com a minha face sobre o teu peito... Beijar-te a boca e saber-me dentro de ti... Sentir-me mais uma vez como as muitas que senti... Tenho saudades tuas... Chamar pelo teu nome... Ouvir a minha voz pronunciar esse som e saber-me respondido com o teu sorrir... Estar onde estás e saber-me contigo, aberto de mim para te receber em plenitude... Entrar no teu ser e saber-me lá residente, não ontem nem hoje mas, sempre... Perder-me no teu labirinto e jamais encontrar a saída... viver os caminhos e as esquinas que se cruzassem à nossa frente e deixar de conhecer o tempo que nos cerca... olvidar a dor da ausência do teu doce amar... Tenho saudades tuas..."

sexta-feira, 8 de julho de 2011

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Basta

...eu tinha qualquer coisa para te dizer, algo que já anda dentro de mim há milhares de anos e nunca tive essa oportunidade...

...há dias, quando surgiste na minha vida, um pouco alheada do próprio mundo, quando ali surgiste espelhada na minha alma, eu estive quase quase para te dizer...

...penso que me faltou a coragem e a voz se me embargou; calei dentro de mim o que deveria ter gritado; talvez tenha esquecido a forma de gritar, talvez só saiba calar... não sei... já não sei...

...mas eu tinha qualquer coisa para te dizer, algo que me possui e me rasga a mente, num acto demente do meu próprio ser de aqui estar sem saber falar, sem saber o que te dizer, sem saber gritar o que tanto tenho calado... milhares de anos de silêncio dentro de mim...

...milhares de anos de solidão da minha própria voz; milhares de anos de espera que surjas ali à esquina, em qualquer lugar, e num momento de paz eu te possa gritar todo o meu amor...

...áhh dor que dói e me corrói a alma de tanto calar esta tão louca forma de te amar... dor de aqui estar e não saber o que te dizer, de não saber traduzir esta minha forma de tão somente te sorrir...

...e sorrio-te a todo o instante, aqui, ali, em qualquer lugar ainda que distante... não me preocupa se me ouves, se escondes as palavras que tão docemente me são devolvidas porque não enviadas; doces palavras de paz, ternura, carinho, amor... em doses de candura mas eivadas de toda a minha dor...

...estão aqui mas sei que tinha qualquer coisa para te dizer; como posso gritar se a voz se me tolda em silêncios ocos e sem eco ou se com eco ecoam apenas dentro do meu vazio, um vazio que não preencho ou se preencho apenas o preencho com a minha própria alma já de si tão gasta por durante todos estes milhares anos não me teres dito: Basta!...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

terça-feira, 5 de julho de 2011

Nudez

"... porque te sentas de pernas cruzadas sobre a nudez do teu silêncio?... para te ouvires desejando não ouvir o que não és capaz de pensar?... porque te sentas de costas voltadas à treva se da treva vem a luz que te cega?... para não olhares, para não veres o que sempre desejaste ver?... porque me dizes que sim quando do teu peito sai um gritante não?... para não teres de balbuciar um talvez?...porque pensas que pensas o que não pensas?... para pensares no que eu penso que tu pensas?... não, o melhor é mesmo não pensares… porque sentes que a vida te foge por entre os dedos se as tuas mãos estão presas e cheias de dúvidas?... porque desejas libertação se o que intimamente queres é estar quieto na bonomia do turbilhão?... porque calas o teu grito se do fundo da tua mansarda revelas a negrura da alma que te compõe o sentir?... porque não mentes se é tão doce mentir?... porque não calcas a doçura do mel?... porque não espezinhas a palavra calada?... porque não escreves o nada que tens para dizer?... que te disse eu que tu já não soubesses?... aprendeste algo mais para além daquilo que já não sabias?... que sabes tu da ignorância que te cerca se a certeza de saber é apenas uma incógnita que nos abala a consciência de nada sabermos, ou apenas de sabermos que nada sabemos?... porque te manténs sentada de pernas cruzadas sobre a nudez do teu silêncio?..."

segunda-feira, 4 de julho de 2011

domingo, 3 de julho de 2011

Mundo

"... o mundo anda conturbado em todos os sentidos... procuro palavras para explicar a mim mesmo o que vai na mente e no coração do Homem... não encontro... e a tristeza me invade... olho em frente, espraio o meu olhar e vejo as cores e o sol e os pardais e ouço os sons da vida que me rodeia e inspiro o aroma da terra... toco nas minhas flores e absorvo a sua beleza e a sua inocência... aspiro aprender o que a natureza ainda tem para nos ensinar e que nós teimamos em não aprender... então, pelo menos, tento fixar o momento, eternizar o momento para não me esquecer que a beleza está à nossa frente e que o Homem não a quer ver... um bom e feliz domingo para todos vós..."

sábado, 2 de julho de 2011

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Distância

"...a distância do nosso amor fica na distância do nosso olhar, na
distância do nosso toque, na distância das gotas de suor dos nosso
corpos quando fazem amor... a distância do nosso amor fica na
distância do teu respirar junto ao meu peito ou no beijo que deposito nos teus lábios... a distância do nosso amor fica na ânsia de nos voltarmos a encontrar e sentirmos que amar não é só ser e estar mas também o desespero do ter de ir e não poder ficar... a distância do nosso amor fica na distância dos dedos quando se entrelaçam e os corpos se abraçam e ao som de uma doce melodia, os corpos juntos num só, levemente sobre si mesmo rodopia... a distância do nosso amor fica na distância das pequenas distâncias dos pequenos nadas a que damos tanta importância... a distância do nosso amor fica apenas a um simples passo da nossa própria distância..."