quarta-feira, 30 de junho de 2010

Impossível provar

“... não existe forma de se provar ao ser que amamos que o amamos... não há sinais, nem falas, nem gestos, nem toques, nem palavras... não existe nada que possa significar ou ter o sentido de dizer e provar ao ser que amamos que o amamos... se não existe então forma de o fazermos, como podemos provar ao ser objecto do nosso amor que o amamos?... não podemos provar!... e não podemos provar porque não existe forma de o fazer, logo só o conseguimos amar se na verdade o amarmos... e é amando-o nas mais pequeninas coisas que, sem provar, lhe vamos dizendo que o estamos a amar... é preciso que o ser que é amado sinta que é amado e essa é a única forma desse ser ter a certeza que é amado... quem ama não pode provar que ama mas quem é amado sabe sentir que o é... logo, a forma de provarmos que amamos o ser que amamos é este ser sentir que é amado... e só este ser que é amado saberá entender a verdade do nosso amor... e então, aí sim, ele saberá que é amado nas mais pequeninas coisas que fizermos, que dissermos, quando tocamos, quando gesticulamos, quando lhe enviamos um sinal, um olhar, uma forma do nosso próprio estar que nos é peculiar e único quando estamos a amar esse ser... o ser amado saberá que o é mesmo que quem o ama não o consiga provar, nem metafórica nem fisicamente... amamos com o nosso sentir, com o nosso coração, com o nosso corpo e com a nossa Alma, mas todos estes elementos são refutáveis, logo só o outro, quem é amado, saberá distinguir do nosso sentir, do nosso coração, do nosso corpo, da nossa Alma, os elementos comprovativos do amor que por ele nutrimos... como sempre disse, amar é dar, logo só quem recebe é que sentirá essa dádiva... é pois, dando-me-te por completo, que te amo... é pois, recebendo-me por completo que sentirás o meu amor...”

terça-feira, 29 de junho de 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

domingo, 27 de junho de 2010

Pedir

“... pedi para ver o invisível e deram-me a cegueira... pedi para ouvir o inaudível e obtive o silêncio... pedi para tactear o nada e consegui o caos do tudo... pedi sempre o que quer que fosse que me viesse à ideia e o retorno era sempre o oposto... a conclusão óbvia era não pedir ou então pedir apenas o real, o vivo, o palpável, o som, a luz, a beleza... nunca tive a certeza se terá sido a melhor opção... mas a verdade é que a partir do momento em que pedi apenas o viável, as coisas se tornavam passíveis de obtenção... pedi amor e tive-te... pedi um beijo e saboreei-te os lábios... pedi um abraço e amornei meu corpo na tua sedosa pele... pedi um toque e tive-te completa... pedi um olhar e consegui a imagem real... pedi um som e ouvi tua voz num doce dizer que me amas... pedi-te presente e tenho-te em mim por completo... pedi uma ternura e senti amor... pedi apenas o que podia obter e nada me foi por ti negado... senti-me preenchido pelas mais pequeninas coisas que de tão pequeninas se tornam no todo tão desejado... pedi para te amar e senti-me amado... que mais te posso eu pedir que já não me tenhas dado?...”

sábado, 26 de junho de 2010

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O uivo

Levantou-se com um sobressalto, que a fez erguer a coluna num impulso sôfrego, um nó de desespero atado na garganta. Segurou-a com uma das mãos, como se contivesse a respiração ainda ofegante. A escuridão estava toda emersa numa tonalidade azul, criando uma atmosfera quase irreal no interior do quarto. Uma estranha luminosidade vinha do exterior, e penetrava no quarto pelo espaço entre as velhas cortinas desbotadas. Dirigiu-se à janela como se algo a chamasse. Espreitou por trás do veludo envelhecido do reposteiro e viu um vidro quebrado, estilhaçado no canto inferior esquerdo. Formava um desenho perfeito de uma teia. Tocou-lhe e automaticamente levou o dedo à boca, sugando o sangue do corte que acabara de sofrer. Soltou um breve gemido de dor, frustrado de fúria. Lá fora, a lua erguia-se gigantesca, majestosa, rodeada de uma aura azul intensa, que cobria todas as coisas de improváveis reflexos. Sentiu um incómodo arrepio, como uma fria corrente enferrujada a mover-se no interior da espinha. O espaço à sua volta, de súbito, ganhava novos contornos. Estremeceu perante um breve desacerto do mundo. Julgou ouvir ruídos, um estalar de madeira, ecos de passos atrás de si, o som das sombras a mover-se pelas paredes do quarto. Voltou-se e tremeu. Deu dois passos incertos, esquecida do próprio corpo. O chão estava alagado; os pés descalços enregelados. Ouvia uma torneira aberta, que pingava lentamente. O som adensava-se segundo a segundo, ecoava pela casa toda, cada vez mais próximo, cada vez mais grave, cada vez mais alto, com requintes de tortura. Segurou a cabeça entre as mãos, crispando os dedos entre os cabelos, tapando os ouvidos quase até ao limiar da dor. Enlouquecia. Abriu as portadas e saiu. Correu para a floresta que se estendia, negra e silenciosa, a sul da casa. Não se vestiu. A camisa branca de algodão finíssimo esvoaçava enquanto corria. Um som distante, longínquo, como um uivo, envolvia agora todo o espaço entre as árvores. Tudo à sua volta permanecia assombrosamente azul. Olhava para o céu e os seus olhos cintilavam, fazendo perguntas às estrelas ausentes. Correu a um ritmo alucinante, rasgando a noite escura com a sua deslumbrante figura pálida. Se pudéssemos congelar o momento, encontrar-se-ia a mais bela fotografia do mundo. Era atrás do lobo que corria. Um lobo que conhecia sem nunca ter visto, que a chamava sem nunca ter tocado um fio dos seus cabelos. Sonhara com ele durante seis noites seguidas, um segundo mais cada noite, até que o sonho a puxou para dentro e ela foi ao seu encontro. Correu atrás dele, movida pelo sonho, dominada pela loucura. Corria como se perseguisse a própria vida, e gritava. Gritava o nome do seu amor, como se lhe respondesse. Correu até ficar sem forças, lentamente vergou os joelhos e deixou-se cair no chão húmido. Tinha chovido nas horas anteriores, muito certamente. Cravou as mãos na terra até que esta lhe doesse, negra e perfumada, entre as unhas. Sentiu um frio muito fino percorrer-lhe a parte de trás do pescoço, desde a nuca, descendo até à cintura. Depois um calor imenso a escorrer-lhe pelos braços. Tinha o lobo junto do seu corpo, o seu olhar ferido de medo. Aproximou-se do seu rosto, conseguia sentir-lhe a respiração na face gelada. Mergulhou os dedos finos no pêlo em redor do pescoço, num gesto ambíguo. Como se segurasse, como se repudiasse. Sentia-o roubar-lhe o sopro de vida, ao mesmo tempo que a alimentava de uma inexcedível sensação de eternidade. A escuridão era tão intensa que a noite parecia estender-se sobre todas as coisas, sem limites, insondáveis as suas profundezas. Reinava uma calma inquietante. O seu coração pulsava acelerado dentro do peito, o olhar num fervilhar insustentável de paixão. Olhou à volta, demorando um segundo a reconhecer o espaço do quarto. Um segundo depois, o outro lado do pesadelo: Está um homem ao seu lado. Está frio. O branco dos lençóis tingido de vermelho. Do corpo imóvel e pálido escapa-se um fio rubro e espesso. O olhar preso no infinito. Um último gesto de angústia suspenso na mão. A boca entreaberta, fixo nos lábios um suspiro, com o nome do seu amor.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Adormecendo

“… deixa enroscar-me nos teus braços… coloca tua mão na minha cabeça e enrola os teus dedos nos meus raros cabelos… baixa um pouco a tua fronte e beija a minha boca… deixa enroscar-me no teu colo… sentir a tua maciez e ver de baixo para cima o teu sorriso… ver-te junto a mim e saber-te ali comigo… de tal forma que quando olhas eu sou o teu olhar… de tal forma que quando sorris eu sou os teus lábios… de tal forma que quando me afagas eu sou a tua mão… de tal forma que quando me tocas eu sou o teu corpo… de tal forma que quando me olhas eu sou o teu olhar… deixa pousar o meu cansaço na tua serenidade e sentir a tua paz na minha guerra… baixar as armas e sentir a trégua na tenda que se ergue no deserto da batalha… humedecer as mãos na brisa da água que corre no ribeiro que nos circunda… lavar a cara na frescura do vento que nos embala… sentir que nem tudo é real mas que o sonho nos preenche… sentir que, por vezes, só o desejo chega, só o querer basta, só o pensar nos satisfaz… deixa-me ser não só a realidade mas também o que não somos… deixa-me olhar para dentro de ti e ver-me inteiro… deixa-me tocar-te com o sonho e saber-me parte dele como sei que ele é uma parte do meu eu verdadeiro…”

terça-feira, 22 de junho de 2010

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Destino

"...Ontem, inesperadamente, rompeste a chorar... De há dias para cá, que a melancolia te anda a torturar sem verdadeiro motivo, ou talvez mesmo conhecendo tu a razão... E´ talvez a tua verdade a tomar consciência do teu destino... Uma infinidade de pequenas coisas obscuras contribuíram para formar essa angústia que te oprime e te faz sofrer... E o coração, em tumulto, quisera gritar o desespero que os lábios não sabem exprimir... Pois bem, o teu pranto é semelhante à chuva de Abril que torna mais verdejante o jardim... Talvez, pelo contrário, não consigas chorar, e semelhante angústia sacode-te com violência e abala-te o coração, a ponto de desejares morrer... Somente os olhos reflectem a tempestade interior e buscam em vão um pouco de azul... E tens a sensação de que, se pudesses chorar, te sentirias liberta... Mas não és capaz, e nem sequer podes falar... Sim, a tua angústia é semelhante a um céu fechado, que um dia se abrirá para fazer triunfar o sol... Porventura a tristeza que sentes é já um presságio... Talvez uma oferta inconsciente de amor para com tudo e para com todos... Talvez e apenas o teu simples destino de mulher..."

domingo, 20 de junho de 2010

sábado, 19 de junho de 2010

Imagina

“…imagina o sonho de quem sonha e sem sonhos se deleita com o sonho que sonha mas que sabe não passar de um sonho… imagina o sonho de quem sonha tudo o que pode ser sonhado, num dia solarengo como numa noite de um céu estrelado…e sonhando me deixo vogar pelas palavras que são as únicas realidades que possuo para em frases desenhar o sonho em que sempre, e só, flutuo…”

sexta-feira, 18 de junho de 2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Tenho saudades tuas

"...Tenho saudades tuas... Queria ter-te aqui comigo, a meu lado, de mãos dadas ou de olhos nos olhos... Cingir-te a cintura e apertar-te contra mim e sentir teu corpo... Desejar o teu desejo... Ouvir teu coração bater com a minha face sobre o teu peito... Beijar-te a boca e saber-me dentro de ti... Sentir-me mais uma vez como as muitas que senti... Tenho saudades tuas... Chamar pelo teu nome... Ouvir a minha voz pronunciar esse som e saber-me respondido com o teu sorrir... Estar onde estás e saber-me contigo, aberto de mim para te receber em plenitude... Entrar no teu ser e saber-me lá residente, não ontem nem hoje mas, sempre... Perder-me no teu labirinto e jamais encontrar a saída... viver os caminhos e as esquinas que se cruzassem à nossa frente e deixar de conhecer o tempo que nos cerca... olvidar a dor da ausência do teu doce amar... Tenho saudades tuas..."

quarta-feira, 16 de junho de 2010

terça-feira, 15 de junho de 2010

Deixem-me ser um poema

“…deixem-me ser um poema!… deixem-me ser todo eu um livro… queria ser todo eu algo escrito, algo para dizer ou ser dito!… queria ser todo eu um poema para num livro à tua cabeceira pousar, sentir-me ser lido e nas tuas mãos versejar… deixem-me ser um poema!… se o livro que desejo ser, em livro um dia se tornar, que seja o livro do livro lido por todos os que precisam de amar… sou assim, o poema desta manhã, as palavras desta tarde e os sons desta noite… sou a manhã deste poema e a tarde destas mesmas palavras, a noite dos sons do fogo que arde… sinto assim a sua fragrância, numa ânsia de palavra dita ou mesmo de palavra escrita… sinto o odor do poema versejado, ouvido, relido, mirado, querido ou até mesmo odiado… sinto o cheiro da palavra que escrevo ou da palavra que leio… sinto o poema dentro de mim com a manhã a nascer em ti ouvindo a tarde adormecer na noite do teu sonho de prazer… sinto-me poema… sinto-me verso… sinto-me palavra… sinto-me viver… deixa-me ouvir… deixa-me ler, porque não quero sentir a dureza do insulto que o silêncio em mim provoca… não quero ouvir os gritos lancinantes dum silêncio que tanto me choca… quero ouvir as palavras ditas… quero ler as palavras escritas… quero ouvir os sons que elas me trazem… quero ler as tonalidades que elas fazem… quero sentir o impacto do dito… quero sentir o embate do grito… não quero ler a palavra não escrita… não quero ouvir o silêncio do livro vazio… não quero escutar o silêncio do dito não dito… quero sentir a pureza da voz que a palavra escrita me traz… quero sentir o estrondo do grito que a palavra dita me faz… quero sentir que és… quero sentir que estás… quero sentir as palavras e quero os livros com elas gravadas!… deixem-me ser um poema!… escrevo assim o poema desta manhã com as palavras da tua tarde e os sons da nossa noite e, se a noite chegar, sem que a manhã tenha surgido, não tenhas receio, não tenhas medo, porque mesmo assim eu te leio…”

segunda-feira, 14 de junho de 2010

domingo, 13 de junho de 2010

Por um momento

“...ama-me com força, com amor, com dor, com sol, com alma, com ódio, com riso, com choro, com doçura, com mel, com fel, com frio, com mãos, com corpo, com olhos, com línguas e olfactos... ama-me com dorso, com costados, com palmas, com gelo ou com fogo... ama-me com garra, com pena, com ternura ou com censura... ama-me um minuto, uma hora, um dia, uma vida, um momento ou uma eternidade... ama-me no ventre ainda ou já com muita idade… ama-me com siso ou indeciso, com chuva, com vento, com água, com sal... ama-me por um momento que seja para que esse momento perdure na vida ainda que essa vida não perdure nesse mesmo momento!...”

sábado, 12 de junho de 2010

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Palavras ainda não inventadas

“… quisera escrever palavras que ainda não tivessem sido ditas ou escritas porque ainda não inventadas e dedicar-tas só para ti… dizer-te palavras diferentes de todas as que já foram ditas, escritas, reditas e reescritas… poder sentir que aquelas palavras eram só para ti e que mais ninguém as houvera lido ainda nem sequer sido sonhadas porque não inventadas nem rotuladas com significados óbvios… poder sentir que o destino delas era único e que mais ninguém se pudesse apropriar delas porque seriam apenas tuas… poder sentir que nada do que pudesse até então ter sido dito havia sido repetido… seriam palavras para escrever um livro onde nele descrevesse tudo o que estivesse na minha Alma e nunca houvera dela saído para o exterior… seriam sim claro, palavras de amor… mas essas existem em todo o lado, estão espalhadas pelo espaço de todos os pontos cardeais, em todos os cantos, dirigidas em todos os sentidos, conduzindo o Amor para a sua simplicidade ainda que indolor… seriam sim claro, palavras de ternura, de carinho, de afago, de candura, de puro desejo de as sorver num só trago e mais não existissem excepto no teu coração pois para ele elas haviam sido dirigidas… queria sim escrevê-las num só fôlego, num só dizer, num só escrever, numa só direcção e saber que as havias recebido, sentido e digerido dentro do teu ser… palavras escritas para mais ninguém as ler… só tu as receberias e as sentirias porque saberias que te pertenciam… queria, pois, inventar novas palavras que exprimissem o que já sabes sem eu as escrever porque tas digo ao ouvido, porque tas entrego no corpo, porque elas se entranham em ti vindas de mim, num crescendo de Amor sem palavras ditas ou escritas de cor, apenas sentidas pelo teu existir… dessa forma, não necessito de as inventar porque elas já existem dentro de ti quando as entendes no momento em que não as pronunciando, a ti somente as entrego… fico assim sem necessidade de as escrever porque elas mais não são do que o sentir em mim a força do âmago do teu ser…”

quinta-feira, 10 de junho de 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

Dificuldade

“… Existe uma enorme dificuldade em se pronunciar a palavra “Amo-te”… na verdade, a qualquer um de nós, dizer à pessoa de quem gostamos que a amamos é um verdadeiro desafio… e, muitas vezes, engole-se em seco e não conseguimos dizer e ficamos com uma vontade enorme de bater em nós mesmos por não sermos capazes de fazer uma coisa tão simples como dizer uma palavra tão serena… no entanto, é o nosso subconsciente que tem “medo” de a pronunciar porque ela encerra uma enorme carga de sentimentos e de responsabilidade… há, no entanto, quem a use de tal forma simples que a torna tão usual e normal pela leviandade com que a pronuncia… quando se diz a alguém: “Amo-te”, não estamos a dizer: “Gosto de ti”… existe uma enorme diferença, eu diria mesmo um abismo entre as duas formas… gostar é demasiado fácil e muito egoísta, porque quem gosta de algo é porque esse algo a satisfaz… amar não é tirar satisfação do outro, amar é entrega, é dádiva, é querer que o outro tire de nós… quando souberes que és capaz de dar a vida por alguém, por exemplo, podes dizer com propriedade que amas esse alguém por quem estás disposto a dar a vida se preciso for… quando estiveres convicto que amar é dares-te e não obteres, então podes dizer ao outro: “Amo-te”… não pronuncies nunca a palavra que te compromete, que te “obriga” a um compromisso para com o outro, mesmo que seja por pouco tempo… amar é tão-somente e apenas uma entrega absoluta e total de alguém a outro alguém… se não estiveres certo de que estás pronto para essa entrega então mais vale não dizeres que amas porque, na verdade, não amas, apenas gostas… é, portanto, preferível abafar a palavra do que a dizer levianamente… daí que, ouvir alguém dizer-nos: “Amo-te” é ficar com a certeza de que somos “donos” de quem o afirma… é ficar com a certeza de que, na verdade, podemos “tirar” tudo dessa pessoa porque ficamos a saber que ela se nos dá inteira, de corpo, alma e coração… mais vale não dizer que amas alguém se para ti essa forma de amar não for sinónimo de dádiva… e não tenhas vergonha de não seres capaz de amar porque amar é um estado de alma e não um estado físico… para amares, precisas de te amar a ti primeiro… quando conseguires amar-te a ti mesmo, então saberás que estás apto a amar o outro…”

segunda-feira, 7 de junho de 2010

domingo, 6 de junho de 2010

Nós, as palavras

Há já muito tempo que não nos vias, pois não? Sabes quem somos? Somos as palavras dele. Sabes quem é? É, ele tem-nos usado pouco, é um desleixado, um tonto ... enfim, um iletrado, pois não quer saber de nós. Sabes, o nosso esqueleto tem 23 ossos, são as chamadas letras do alfabeto. Com estes ossos formam-se coisas lindas e coisas feias, mas todas têm um nome: chamam-se palavras, é, palavras e como diz não sei quem, palavras levam-nas o vento. Por isso, ele tem medo que o vento nos leve e então guarda-as bem muito dentro dele. Lá muito no fundo, naquilo que vocês chamam de Alma, ou lá o que é. Mas também, não tem importância nós não sermos usadas quando nos usam para fins menos lindos. Gostamos mais que nos usem para coisas bonitas, para formar longas estradas cheias de nós, sabermos que estamos ali a dizer alguma coisa. Não é obrigatório sabermos o significado que nos dão mas temos a noção que temos significado. Depois também sabemos que são vocês que nos dão um determinado significado. Temos a noção que somos coisas giras e que formamos coisas bonitas, são as chamadas frases. Uma frase é formada por um conjunto de nós, palavras, e têm, pelo menos, um sujeito, um predicado e um complemento. Que giro, que coisas interessantes que vocês fazem connosco. Por exemplo a frase "Nós somos as palavras." Nesta frase existe um sujeito que somos Nós; depois tem um predicado, ou verbo como vocês dizem, que é a palavra "Somos" e, engraçado, o complemento é "as palavras", que giro, nós as palavras somos o complemento. Na verdade, somos o complemento de muitas coisas, por vezes de coisas menos bonitas, como já dissemos acima, mas temos o privilégio de sermos um sujeito e ao mesmo tempo um complemento. Repara que o predicado até nem é muito importante, pois se a frase for apenas formada por "Nós as palavras" toda a gente percebe o que é. Não temos dúvidas, nós somos importantes, Que giro. Já gostamos mais de nós mesmas. Até temos utilidade e para além de sermos um complemento, somos um sujeito. Um sujeito muito importante! Pois é, mas como íamos dizendo, ele tem-nos usado pouco; há coisa de um ano que ele deixou de nos dar importância, o malandro. Bem, mas nós, as palavras (que fique bem expresso, pois então), compreendemos perfeitamente as razões dele; ele diz, e com alguma razão (sabes, ele tem a mania de que tem sempre razão, é um convencido, mas não ligues, quando ele diz que tem razão se calhar é uma forma de ele estar vivo, de dizer de sua justiça de implementar, à força, a sua forma de estar no mundo, ele tem necessidade disso ... ó, como nós o compreendemos ... ) que nós devemos ser usadas mesmo sem o sermos, ou seja, podemos ser escritas ou ditas. Por acaso ele até nos usa melhor quando nos escreve, ele até fala pouco mas quando fala nunca mais acaba, é um chato; mas como íamos dizendo, ele diz que podemos ser escritas ou ditas e, é mesmo giro, mesmo sem sermos ditas podemos estar implícitas! É, pá, como nós somos importantes! Mesmo sem sermos ditas ou escritas...estamos implícitas! Que fino, não é? Como somos importantes! Pois é. Então, a verdade é que ele não precisa de nos usar na escrita, ele nos usa na Alma, no coração, na mente, na voz, nos actos, em todos os momentos da vida dele. Ele diz-te coisas mesmo sem nos usar. Nós estamos lá com ele e ele precisa de nós, mas nós entendemos que ele não nos utilize. Ele diz tudo o que tu precisas de saber mesmo sem nos usar. Ele diz-te tudo o que tu queres ouvir mesmo sem tu nos ouvires como palavras ditas. Ele fala-te tudo o que tu quiseres ler mesmo sem nos utilizar na escrita.
Nós podemos dizer bem alto por escrito como podemos calar bem fundo mesmo quando gritadas. Somos nós a forma por vós todos usada para vos comunicardes, para vos entenderdes, para vos sentirdes felizes por vos saberdes juntos uns dos outros. Mesmo quando não nos usais podeis dizer com os olhos, com as mãos, com o saber ouvir, com o estar lá, com a angústia no peito, com o amor no coração. Mesmo sem nos usardes, vós podeis dizer uns aos outros o quanto se amam, o quanto se querem bem, o quando precisais uns dos outros. Sim, todos vós precisais uns dos outros; não podeis viver sozinhos mesmo que a solidão seja uma condição de vida. E ele, na verdade, tem-nos usado pouco. Mas nós compreendemos. Nós o conhecemos muito bem. Ele diz-te tudo o que tu precisas de saber mesmo sem nós. Ele diz-te ao estar a teu lado. Ele diz-te mesmo quando não está contigo. Ele fala-te com as mãos, com os olhos, com o coração, com a alma, com o riso, com a angústia, com a alegria, com o sofrimento, ele fala-te porque sabe o que é preciso saber de mais importante neste mundo: o saber que somos importantes para alguém. E tu, tu também o sabes, tu és muito importante para ele.
Tu podes ler-nos perfeitamente mesmo sem ele nos usar.
Bem, por agora vamos deixar-te. Até um dia destes. Beijinhos.
Nós, as palavras

sábado, 5 de junho de 2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

AMO

“…amo desde o momento que quero amar até ao momento em que decido não amar… para amar é preciso querer amar como quem tem frio e quer calor ou como quem está cansado e quer descansar… tão simples quanto isso: é apenas um acto de exercício de um querer… não amamos por amar ou porque fomos aprender a amar como quem vai aprender uma nova disciplina; só se aprende uma nova ciência desde que se queira aprender; é preciso querer aprender; ninguém é obrigado a amar como ninguém é obrigado a não amar ou até mesmo a odiar… para amarmos é preciso que se queira amar: dizer mesmo – eu quero – e sentirmos que esse é um querer simples e sem artifícios… amar é uma entrega absoluta sem qualquer barreira, mesmo que magoe, que fira, que não seja o que pensávamos que seria… amar é uma dádiva e não um receber o que quer que seja, dando-nos para além de nós próprios mesmo que isso signifique perder alguma coisa… amar pode ser a perda de nós mesmos em prol de alguém que precise mais de mim do que eu próprio preciso e pode significar, portanto, dor, lágrima, choro, tristeza, amargura, infelicidade, desespero, quiçá até mesmo desamor… amar não é sorrir e dizer: Que bom, amo!… amar é dizer eu estou aí em ti e não em mim… amar é olhar para mim e sentir que só faço falta a ti e que me sobro a mim próprio… amar é tão simplesmente isso: querer estar naquele que precisa de mim mesmo que isso queira dizer que me perca, que deixo de ser o que sou ou o que gostaria de ser, mesmo que signifique a dor e a perda que tanto abomino e não desejo… para amar basta apenas querer amar… e a lágrima escorre pela minha face e a dor é forte mas, eu quero amar!…”

quinta-feira, 3 de junho de 2010

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Imagina

"...imagina o sonho de quem sonha e sem sonhos se deleita com o sonho que sonha mas que sabe não passar de um sonho... imagina o sonho de quem sonha tudo o que pode ser sonhado, num dia solarengo como numa noite de um céu estrelado...e sonhando me deixo vogar pelas palavras que são as únicas realidades que possuo para em frases desenhar o sonho em que sempre, e só, flutuo..."

terça-feira, 1 de junho de 2010