terça-feira, 31 de maio de 2011

domingo, 29 de maio de 2011

sexta-feira, 27 de maio de 2011

quarta-feira, 25 de maio de 2011

segunda-feira, 23 de maio de 2011

E em ti me eternizo

"...Os meus olhos pousam em ti e todos os meus sentidos te olham num delirar mútuo de atenção... Vejo o teu corpo e deleito-me na tua alvura... Cheiro o teu cheiro e aspiro a tranquilidade da tua paz... Ouço o teu respirar lento, como um lamento que não lamento... As minhas mãos tocam os teus cabelos e envolvem-se neles... Acerco-me de ti e te toco... Te sinto global e ali inteira frente a mim... Beijo a tua boca e tudo se torna como num festim de doces carícias e sabor a sal... Estou inteiro no teu corpo inteiro e me sinto nele como sinto o teu corpo em mim... É apenas um abraço, um enlace de braços que apertam sem apertar, sentindo apenas o teu respirar... Minhas mãos percorrem a tua pele acetinada linda... Fecho os olhos procurando apenas sentir... E sinto o desejo crescer em mim e o teu arfar sobe de tom... Como é bom... A minha boca se cola na tua boca e a minha língua se funde dentro dela como se da tua se tratasse... É apenas mais um enlace... Sinto o teu peito quente junto ao meu e beijo teus mamilos num acto de procura da loucura... Loucura que me invade lentamente, premente ali presente ou então como se tudo mais estivesse ausente... Meus braços te envolvem e se descobrem momento a momento como se fosse a primeira vez que no teu corpo se movem... Sinto o cálido odor do teu corpo quente de amor, oferecendo-se como numa espécie de orgia sem pudor... Minhas mãos tacteiam centímetro a centímetro toda a tua pele, todos os recantos de teus encantos e se encontram, de repente, sobre o teu ventre quente, dolente... Afago tuas coxas e as tuas ancas e as aperto contra mim... Procuro o teu sexo e o acaricio... Beijo-te completamente num único beijo e me torno desejo do teu próprio desejo... Te envolvo num abraço mais e te penetro... És tu que me possuis... Não te tenho, és tu que me tens... Movimentos se entrelaçam como se não fossemos dois mas um só... Os nossos corpos se fundem num arfar profundo de loucura... Já não sei o que sou, apenas em ti estou... Eu sou tu e tu és eu numa fusão de ser e estar... Na verdade és tu que me possuis, eu não te tenho, és tu que me tens, em ti eu me dou...E em ti me eternizo..."

sábado, 21 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

Nós, as palavras

"...Há já muito tempo que não nos vias, pois não? Sabes quem somos? Somos as palavras dele. Sabes quem é? É, ele tem-nos usado pouco, é um desleixado, um tonto ... enfim, um iletrado, pois não quer saber de nós. Sabes, o nosso esqueleto tem 23 ossos, são as chamadas letras do alfabeto. Com estes ossos formam-se coisas lindas e coisas feias, mas todas têm um nome: chamam-se palavras, é, palavras e como diz não sei quem, palavras levam-nas o vento. Por isso, ele tem medo que o vento nos leve e então guarda-as bem muito dentro dele. Lá muito no fundo, naquilo que vocês chamam de Alma, ou lá o que é. Mas também, não tem importância nós não sermos usadas quando nos usam para fins menos lindos. Gostamos mais que nos usem para coisas bonitas, para formar longas estradas cheias de nós, sabermos que estamos ali a dizer alguma coisa. Não é obrigatório sabermos o significado que nos dão mas temos a noção que temos significado. Depois também sabemos que são vocês que nos dão um determinado significado. Temos a noção que somos coisas giras e que formamos coisas bonitas, são as chamadas frases. Uma frase é formada por um conjunto de nós, palavras, e têm, pelo menos, um sujeito, um predicado e um complemento. Que giro, que coisas interessantes que vocês fazem connosco. Por exemplo a frase "Nós somos as palavras." Nesta frase existe um sujeito que somos Nós; depois tem um predicado, ou verbo como vocês dizem, que é a palavra "Somos" e, engraçado, o complemento é "as palavras", que giro, nós as palavras somos o complemento. Na verdade, somos o complemento de muitas coisas, por vezes de coisas menos bonitas, como já dissemos acima, mas temos o privilégio de sermos um sujeito e ao mesmo tempo um complemento. Repara que o predicado até nem é muito importante, pois se a frase for apenas formada por "Nós as palavras" toda a gente percebe o que é. Não temos dúvidas, nós somos importantes, Que giro. Já gostamos mais de nós mesmas. Até temos utilidade e para além de sermos um complemento, somos um sujeito. Um sujeito muito importante! Pois é, mas como íamos dizendo, ele tem-nos usado pouco; há coisa de um ano que ele deixou de nos dar importância, o malandro. Bem, mas nós, as palavras (que fique bem expresso, pois então), compreendemos perfeitamente as razões dele; ele diz, e com alguma razão (sabes, ele tem a mania de que tem sempre razão, é um convencido, mas não ligues, quando ele diz que tem razão se calhar é uma forma de ele estar vivo, de dizer de sua justiça de implementar, à força, a sua forma de estar no mundo, ele tem necessidade disso ... ó, como nós o compreendemos ... ) que nós devemos ser usadas mesmo sem o sermos, ou seja, podemos ser escritas ou ditas. Por acaso ele até nos usa melhor quando nos escreve, ele até fala pouco mas quando fala nunca mais acaba, é um chato; mas como íamos dizendo, ele diz que podemos ser escritas ou ditas e, é mesmo giro, mesmo sem sermos ditas podemos estar implícitas! É, pá, como nós somos importantes! Mesmo sem sermos ditas ou escritas...estamos implícitas! Que fino, não é? Como somos importantes! Pois é. Então, a verdade é que ele não precisa de nos usar na escrita, ele nos usa na Alma, no coração, na mente, na voz, nos actos, em todos os momentos da vida dele. Ele diz-te coisas mesmo sem nos usar. Nós estamos lá com ele e ele precisa de nós, mas nós entendemos que ele não nos utilize. Ele diz tudo o que tu precisas de saber mesmo sem nos usar. Ele diz-te tudo o que tu queres ouvir mesmo sem tu nos ouvires como palavras ditas. Ele fala-te tudo o que tu quiseres ler mesmo sem nos utilizar na escrita.
Nós podemos dizer bem alto por escrito como podemos calar bem fundo mesmo quando gritadas. Somos nós a forma por vós todos usada para vos comunicardes, para vos entenderdes, para vos sentirdes felizes por vos saberdes juntos uns dos outros. Mesmo quando não nos usais podeis dizer com os olhos, com as mãos, com o saber ouvir, com o estar lá, com a angústia no peito, com o amor no coração. Mesmo sem nos usardes, vós podeis dizer uns aos outros o quanto se amam, o quanto se querem bem, o quando precisais uns dos outros. Sim, todos vós precisais uns dos outros; não podeis viver sozinhos mesmo que a solidão seja uma condição de vida. E ele, na verdade, tem-nos usado pouco. Mas nós compreendemos. Nós o conhecemos muito bem. Ele diz-te tudo o que tu precisas de saber mesmo sem nós. Ele diz-te ao estar a teu lado. Ele diz-te mesmo quando não está contigo. Ele fala-te com as mãos, com os olhos, com o coração, com a alma, com o riso, com a angústia, com a alegria, com o sofrimento, ele fala-te porque sabe o que é preciso saber de mais importante neste mundo: o saber que somos importantes para alguém. E tu, tu também o sabes, tu és muito importante para ele.
Tu podes ler-nos perfeitamente mesmo sem ele nos usar.
Bem, por agora vamos deixar-te. Até um dia destes. Beijinhos.
Nós, as palavras..."

domingo, 15 de maio de 2011

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Corpo

“… Corpo... Onde se encontra ele?... Que sabes tu de mim?... Que entendes tu da matéria que forma o meu corpo, o meu eu, o meu ser, o meu aqui? Será que não o é? Será que não há corpo? Claro que sei: a morte não tem importância porque a vida é apenas um sonho, eu sei disso; mas nem assim deixa de ser um factor inquisitivo sobre o que é o meu corpo. É por isso que te pergunto se sabes o que ele é, onde está, o que faz, para que efeito está aqui e para onde vai… é por isso que me interrogo e não encontro respostas. Dizes-me apenas que me sentes e que sou real e eu não entendo porque não me encontro; como podes tu dizer que existo se eu próprio não me conheço?... Como podes tu dizer que sou se eu próprio não estou?... Deliro dentro do meu sonho nesta vida sem encontrar o antídoto para acordar. Espero apenas que, pelo menos, tu sejas real para poderes sonhar comigo também. Espero apenas que sintas o meu toque quando me tocas. Espero apenas que saibas que estou aqui porque tu dizes que eu existo; e, se existo, existo para ti… para mim através de ti… para além do sonho de me saber aqui no colo que me dás, no abraço que me aperta, na carícia que me afaga, no beijo que me sossega, no corpo que me deseja… E, ao acordar a teu lado passo a porta do sonho para o quarto da realidade… E espelha-se em mim, por fim, a tua serenidade…”

quarta-feira, 11 de maio de 2011

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Hoje

...e porque hoje gotas de chuva também me lavaram a alma
...e porque hoje também despi meu corpo e me olhei inteiro
...e porque hoje senti a sombra da minha ausência
...e porque hoje sorri à solidão e não fechei a janela
...e porque hoje abri a porta e entrei dentro de mim
...e porque hoje berrei o silêncio e o grito calei
...aqui vim e me quedei sorrindo do choro que ainda não chorei

sábado, 7 de maio de 2011

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Poetas

"...quis ser um poeta que tivesse asas... e poesia em cada voo... quis ser um poeta cujas palavras vos enchesse a casa... e que vos reencontrasse em cada dor... quis ser um poeta que fosse fogo e água e sol e terra... e que com todos esses elementos criasse um novo ser... mas há poetas que são simplesmente poetas... há poetas que ainda nem sabem que o são... há poetas... imensos... tentei um dia ser um desses poetas... e sei hoje que um poeta nunca morre... faz-se em vida mesmo na morte, soltam as asas e levam-vos o vento... protegem-vos e fazem-se ao caminho convosco... peregrinam em vós... que com ele caminhais... bebeis o sorriso dos poetas... vedes pelos seus olhos, e por detrás desses olhos, uma alma que brilha e ilumina cada recanto escuro da vossa própria alma... e é em dias de negro e frio que mais precisais dos poetas... porque eles são fonte, força e semente... um poeta nunca mente... ele, o poeta, é a vossa armadura, a vossa madrugada e o fim de tarde... a vossa lua nova ou lua cheia... são perenes todos os poetas... nascem e renascem... mesmo sem nunca morrerem... nada destrói um poeta, nem a voz nem o sentir... quis ser um desses poetas que tivesse asas e poesia em cada voo... podemos ser usados, abusados, até como lixo abandonados, enegrecidos e deturpados... simplesmente somos quem somos ... podemos ser retalhados, citados e aviltados... podemos ser usados como arma de arremesso... podemos ser teorizados e complicados... podemos ser mistificados e cristalizados... podemos até servir de pasto em chamas inquisitoriais... não somos orações, nem homilias nem credos... e não nos deixamos cair... não somos ameaça do fim do mundo... não somos propriedade de ninguém... não somos espada nem guilhotina... não cabemos na pena nem no ódio de quem de nós se apropria... somos apenas poetas... somos simplesmente imensos... não cabemos em nenhuma semana nem em qualquer dia... somos de todos os tempos... não nos deixamos aprisionar por nenhuma alma negra... somos apenas asas... não somos anjos... somos apenas amor e amamos... e se agora sei, como tão bem sei, que as palavras vos podem fazem voar, que às vezes vos levam para lá do mar, em asas de vento, de dor e de amor... sei também, como sabem todos, que não há palavras nem versos, nem poesias que cheguem para transformar um poeta num anjo..."

terça-feira, 3 de maio de 2011

domingo, 1 de maio de 2011

Dia da Mãe


"... durante 3 dias o teu corpo se contraiu com as dores de parto e a criança que trazias no ventre não queria sair... durante 3 dias o teu corpo se contorceu de dores e eu, impávido e sereno, dentro do teu ventre, alheado do mundo que te rodeava, aguardava talvez que o meu mundo não explodisse e a minha vida fosse ali, onde estava... ao terceiro dia de dor, no dia 8 de Dezembro, fui obrigado a sair de dentro de ti... tiraram-me à força e eu pude ver a luz do dia e tu pudeste descansar... nasci no dia da Imaculada Conceição, a concepção por natureza, o dia em que se celebrava o dia das mães... ainda hoje, para ti e para mim, 65 anos passados, esse é o teu dia, o dia em que, pela única vez foste mãe... o meu nascimento forçado provocou a tua impossibilidade de gerar mais filhos e jamais pude ter irmãos... trataste de mim, sempre... hoje, sou eu que trato de ti... porque mereces e porque ainda és a minha mãe..."