terça-feira, 31 de agosto de 2010

Hoje, 20.00 h... ocaso a oeste do meu quintal

E em ti me eternizo

“…os meus olhos pousam em ti e todos os meus sentidos te olham num delirar mútuo de atenção... vejo o teu corpo e deleito-me na tua alvura... cheiro o teu cheiro e aspiro a tranquilidade da tua paz.... ouço o teu respirar lento, como um lamento que não lamento… as minhas mãos tocam os teus cabelos e envolvem-se neles... acerco-me de ti e te toco... te sinto global e ali inteira frente a mim... beijo a tua boca e tudo se torna como num festim de doces carícias e sabor a sal... estou inteiro no teu corpo inteiro e me sinto nele como sinto o teu corpo em mim... é apenas um abraço, um enlace de braços que apertam sem apertar, sentindo apenas o teu respirar... minhas mãos percorrem a tua pele acetinada linda... fecho os olhos procurando apenas sentir… e sinto o desejo crescer em mim e o teu arfar sobe de tom... como é bom... a minha boca se cola na tua boca e a minha língua se funde dentro dela como se da tua se tratasse... é apenas mais um enlace... sinto o teu peito quente junto ao meu e beijo teus mamilos num acto de procura da loucura... loucura que me invade lentamente, premente ali presente ou então como se tudo mais estivesse ausente... meus braços te envolvem e se descobrem momento a momento como se fosse a primeira vez que no teu corpo se movem… sinto o cálido odor do teu corpo quente de amor, oferecendo-se como numa espécie de orgia sem pudor... minhas mãos tacteiam centímetro a centímetro toda a tua pele, todos os recantos de teus encantos e se encontram, de repente, sobre o teu ventre quente, dolente... afago tuas coxas e as tuas ancas e as aperto contra mim… procuro o teu sexo e o acaricio... beijo-te completamente num único beijo e me torno desejo do teu próprio desejo…te envolvo num abraço mais e te penetro… és tu que me possuis... não te tenho, és tu que me tens... movimentos doces se entrelaçam como se não fossemos dois mas um só... os nossos corpos se fundem num arfar profundo de prazer e loucura... já não sei o que sou, apenas em ti estou... eu sou tu e tu és eu numa fusão de ser e estar... na verdade és tu que me possuis pois eu não te tenho, és tu que me tens pois em ti eu me dou... e em ti eu me eternizo…”

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Tela

“…gosto de desenhar no meu corpo a pura entrega de quem ama… gosto de desenhar na minha alma a luz dessa verdade… escrever com os meus olhos a leitura da saudade… garatujar nos sons as palavras sussurradas… saborear na boca, nos lábios a doçura do mel do teu beijo desenhado desejo de quem procura o abraço esperado… gosto de desenhar nos teus ouvidos as letras que formam os sentidos… desenhar, por fim, já por sobre o esboço da obra final de quem no auge do encontro sente-se sonho sabendo ser real… pairar na tela do teu corpo e desenhar as cores do amor que num todo se move completo no ser que temos por modelo… e sendo-o, tê-lo, possuí-lo e transformar a obra num plano final que dá ao desenho o toque especial como que uma assinatura sobre a obra acabada… depois, ficar a mirar tudo o que havia sido feito para ter ali, na minha frente, a concretização do sonho e saber que todas as palavras ditas ou as desenhadas ou as escritas houveram sido assimiladas, saboreadas e entendidas como brotadas de dentro do meu ser… gosto de desenhar sim, no teu corpo, o meu eu e no fim ao olhar a tela preenchida em ti soubesse ali ter tudo o que havias querido da presença do meu amor…”

domingo, 29 de agosto de 2010

Desejo

“...te vejo ali, parada, me olhando só... não há palavras, nem medos, nem lágrimas... há apenas um olhar profundo e um toque suave como se fosse o toque mais importante deste mundo... te olho e te fixo a alma... te possuo mesmo antes de te tocar, de te amar, até mesmo antes de te olhar... é tudo muito mais forte do que o meu querer... olhar-te bem dentro mesmo sem te ver... sentir-te só de te desejar, ali, parada numa pose linda, somente a me olhar... fixo tua boca e te sorvo completa... te abraço sem te abraçar... te afago sem afagar... te penetro sem te penetrar... está tudo ali, em ti, a meu lado... basta te desejar... e meus olhos já te possuíram... e teus olhos já me abraçaram... e teus olhos já me sentiram... ali, sem questionar, me estendes a mão... vejo teu corpo a arfar.... e sentes minhas garras te tocar... e teu corpo em minha alma se entregar... tudo tão simples: apenas o desejo de te desejar...”

sábado, 28 de agosto de 2010

Trago comigo

"...trago comigo a seda do teu cabelo, a maciez do teu beijo, a doçura do teu toque, o brilho do teu olhar, a atenção do teu escutar... trago comigo, na minha pele, na minha alma, no meu coração, a tua essência aqui brotada em mim durante os momentos da fruição dos seres que se tomam serenos mesmo num simples abraço... é apenas um hiato de tempo este espaço que nos separa... de resto, tudo está aí como tudo está aqui... um saber de um sabor a sentidos vividos em amor..."

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O deleite do amor

“… o teu corpo doce, deitado no leito, de pura seda acetinada feito, exalava o perfume perfeito… deixava antever, sem te tocar nem sentir, o esbelto prazer de olhar para ele e bastar sorrir… mais não seria necessário se a força do desejo se quedasse por ali… mas a languidez da libido perfurava todo o sentido em te possuir… aproximei-me de ti sem te olhar e sem que me visses… era apenas um desejo que bastava que sorrisses para que eu parasse e não prosseguisse… mas os teus lábios carnudos abriram-se em pétalas desnudos e me sorriram num convite perfeito… o ardor estava ali, a teus pés e meu corpo teceu o desejado amor de tudo o que depois aconteceu… volteámos a alma, os sentidos, a voz rouca, o arfar da pele, o toque no teu mar e o saboroso doce a mel… perfurei tuas entranhas em doces movimentos com forças tamanhas que te fizeram sugar teus próprios gemidos… a doçura perdura dentro de nós e antevê-se nos nossos olhos o desejo de, novamente, a sós, voltarmos a ser um só corpo e um só desejo num derradeiro lampejo de profunda paz… o deleite do amor que ele nos traz…”

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Plena entrega

"... abre-me os teus olhos e deixa-me mergulhar no teu olhar... abre-me os teus braços e deixa-me enlaçar no calor de um abraço... abre-me os teus lábios e deixa-me sentir o mel do teu beijo... abre-me o teu corpo e deixa-me ser possuído pelo desejo... abre-me a tua alma e deixa-me penetrar o teu ser... sentir tudo o que sei teres para me dar... amor de tanto amar... abre-me os teus ouvidos e deixa-me sussurrar as meigas palavras que tanto gostas de ouvir... e pele com pele sabermos que somos e sentirmos o doce aroma do mar que nos embala no cheiro da maresia que de nós mesmos exala... olharmos o interior do sermos apenas um acto de amor... mergulhar na seiva que a pele produz no sabor pleno em que tudo se transforma em luz... e o sol nos sorri, numa conspiração mútua do que ele sabe sobre mim e sobre ti... e o calor que nos abrasa arrefece-o porque mais forte que ele... e o amor preenche o momento em que nada mais somos do que pétalas suaves vogando nos ares como as asas das aves... e o seu planar, em pleno voo, de tanto sentirmos, tu te me entregas e eu a ti me doo...”

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Férias

...eu preciso de dar férias aos meus olhos
...por essa razão este blogue vai estar parado durante uns tempos
...estarei presente em espírito e o "Lobo" estará sempre aqui
...um abraço a toda a gente que me visita
...até breve

terça-feira, 3 de agosto de 2010

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Decidir e agir

"...Há sempre algo que nos impede de fazermos o que achamos que não devemos fazer... como que, dentro de nós, houvesse uma espécie de censura que velasse pelas nossas acções... O que podemos e o que não podemos fazer é algo que, primeiro, vai à loja da censura e só depois segue para fabrico... A forma final do produto é que poderá ser diversa daquela que foi projectada... Onde nos leva tal atitude?... Que castração nos provoca semelhante sujeição?... Porque não fazemos apenas o que nos apetece fazer?... O que é isso de consciência?... Uma espécie de balança com uma série de pratos onde são pesados todos os prós e os contras daquela acção planeada... Porém, porque razão agimos de imediato, sem pensar, em momentos de crise duma forma a que chamamos de instinto?... Ou será que mesmo antes de agir instintivamente, a loja da censura funciona mesmo sem darmos por isso?... Será que há, na mesma, um pesar na balança?... Saltamos de imediato para o lado para evitarmos ser atropelados por uma carro mesmo sem vermos que podemos cair na valeta cheia de água suja da sarjeta... fugimos rápidos, em caso de incêndio por exemplo, da varanda para a rua sem olharmos à altura que nos separa dela e sem pensarmos que podemos partir uma perna... Porém, no dia a dia das nossas acções habituais de vida em que o instinto não é preciso, as nossas atitudes são “pesadas” antes de as tomarmos, como se de uma poção mágica se tratasse e fosse preciso tomar a medida exacta... Então, hesitamos antes de agir e somente depois actuamos... As nossas escolhas devidamente pensadas tanto podem dar para o certo como para o torto... não há maneira de sabermos se aquela decisão, ainda que devidamente gerida e equacionada, vai resultar em pleno... Mais tarde é que saberemos o resultado... Na verdade e a experiência mostra-nos isso, quando usamos o instinto, verificamos o resultado da acção então utilizada, de imediato, quer seja bom ou mau... também, de imediato, ficamos felizes ou infelizes com a opção tomada... Já quando apenas a tomamos depois de devidamente ponderada a questão, somente muito depois veremos o resultado... e até podemos viver angustiados aguardando o desfecho... será que fiz bem, será que fiz mal?... E agora?... Bem, só tenho que aguardar e esta espera, esta expectativa provoca angústia, provoca danos, provoca dor... Que faço?... Escrevo um texto sobre que tema?... Bem, vamos lá ver... Penso, repenso e nunca mais me surge a inspiração para desenhar algumas letras sobre um tema que nunca mais se faz luz em mim... Então, de imediato, começo a teclar instintivamente... saiu o que acabaram de ler... ao mesmo tempo que escrevia ia vendo o resultado de imediato daquilo que surgia no monitor... Não houve angústia... não houve dor... Utilizem o instinto o mais que puderem... Vão ver que, geralmente, dá certo... Também o pior que poderá acontecer é terem de perder tempo a ponderar a questão... Mas será que ponderar é assim tão mau?... Não sei, a decisão é sempre individual... Façam o que vos aprouver... façam o que vos der na real gana... Sejam felizes nem que para isso seja preciso chorar um pouco... É que, às vezes, umas lágrimas clarificam a situação e o panorama, após o choro, é um pouco mais claro!..."

domingo, 1 de agosto de 2010