quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Espelho

“…torno-me espelho de mim mesmo e a luz que em mim me toca, se reflecte no exterior do meu ser… espalho o que sou no espaço em meu redor… vejo-me diverso e dividido em milhares de partículas de luz, facto que tanto me seduz… porém, receio quebrar-me em mil pedaços e perder a magia destes meus ténues passos pelo mundo da fantasia… elejo-me mentor de mim mesmo e, sereno, torno-me pleno daquilo que sou: uma partícula apenas no meio do nada que me rodeia… mas a minha imagem, por todos os lados dividida, semeia no espaço em que me insiro tudo o que tenho por pouco que seja e eu sinto que a verdade deste louco imaginar, mais não é do que o desejo de o ser, de em mil imagens me tornar e… me dar…”

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

domingo, 27 de dezembro de 2009

sábado, 26 de dezembro de 2009

Determinismo


“…tentei, com a minha mão quente, dar-lhe um sopro de vida mas ele já estava prisioneiro da morte… fez, assim, a sua última viagem… deve ter sonhado que a morte era uma mão quente a abraçá-lo com amor…”

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Quis ser um Poeta...

"...quis ser um poeta que tivesse asas... e poesia em cada voo... quis ser um poeta cujas palavras vos enchesse a casa... e que vos reencontrasse em cada dor... quis ser um poeta que fosse fogo e água e sol e terra... e que com todos esses elementos criasse um novo ser... mas há poetas que são simplesmente poetas... há poetas que ainda nem sabem que o são... há poetas... imensos... tentei um dia ser um desses poetas... e sei hoje que um poeta nunca morre... faz-se em vida mesmo na morte, soltam as asas e levam-vos o vento... protegem-vos e fazem-se ao caminho convosco... peregrinam em vós... que com ele caminhais... bebeis o sorriso dos poetas... vedes pelos seus olhos, e por detrás desses olhos, uma alma que brilha e ilumina cada recanto escuro da vossa própria alma... e é em dias de negro e frio que mais precisais dos poetas... porque eles são fonte, força e semente... um poeta nunca mente... ele, o poeta, é a vossa armadura, a vossa madrugada e o fim de tarde... a vossa lua nova ou lua cheia... são perenes todos os poetas... nascem e renascem... mesmo sem nunca morrerem... nada destrói um poeta, nem a voz nem o sentir... quis ser um desses poetas que tivesse asas e poesia em cada voo... podemos ser usados, abusados, até como lixo abandonados, enegrecidos e deturpados... simplesmente somos quem somos ... podemos ser retalhados, citados e aviltados... podemos ser usados como arma de arremesso... podemos ser teorizados e complicados... podemos ser mistificados e cristalizados... podemos até servir de pasto em chamas inquisitoriais... não somos orações, nem homilias nem credos... e não nos deixamos cair... não somos ameaça do fim do mundo... não somos propriedade de ninguém... não somos espada nem guilhotina... não cabemos na pena nem no ódio de quem de nós se apropria... somos apenas poetas... somos simplesmente imensos... não cabemos em nenhuma semana nem em qualquer dia... somos de todos os tempos... não nos deixamos aprisionar por nenhuma alma negra... somos apenas asas... não somos anjos... somos apenas amor e amamos... e se agora sei, como tão bem sei, que as palavras vos podem fazem voar, que às vezes vos levam para lá do mar, em asas de vento, de dor e de amor... sei também, como sabem todos, que não há palavras nem versos, nem poesias que cheguem para transformar um poeta num anjo..."

domingo, 20 de dezembro de 2009

sábado, 19 de dezembro de 2009

Sentir

“... és sinónimo de paz, na palavra que me dás... és sinónimo de beleza nesse olhar profundo sem mácula de tristeza... és sinónimo de alegria no toque suave que em mim um teu sorriso cria... és sinónimo de paixão quando disfruto o bater mais forte do meu coração... és sinónimo de harmonia quando me beijas enlaçados em sintonia... és sinónimo de luz quando no escuro da noite teu amor me seduz... és sinónimo de serenidade quando no abraço matamos a saudade... és sinónimo de ternura quando na partida o teu olhar em meus olhos perdura... és sinónimo de puro amor quando nos afagamos com a alma e os corpos sem pudor... és saudável loucura quando sinto a nossa mútua procura e nos afogamos no delirar de um sentir que tudo é tão simples quando sabemos porque é que nos estamos a amar... és tudo o que um simples mortal busca na imortalidade que a qualquer um ofusca no silêncio do grito que amaina a febre do ruído que quebra tudo mesmo que fosse granito... és tudo o que o amor busca no olhar, no toque, no beijo que de momento em momento se reduz ao desejo, trazendo como prenda, tecido em flocos de doce renda, o caminho percorrido como sempre desejado, obtido e que a luz em nossos corações se acenda para num florir matinal ou num anoitecer normal, o doce sabor nos acorde ou nos adormeça em profunda certeza que o dia seguinte mais não será do que um novo fruir do amor que nos envolve e a cada momento nos devolve na mais plena pureza do aceno tão natural como há pouco sobre nós desceu... porque se te sinto minha, sei que me sentes teu...”

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

domingo, 13 de dezembro de 2009

sábado, 12 de dezembro de 2009

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

domingo, 6 de dezembro de 2009

sábado, 5 de dezembro de 2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Imagens

“…encosto a cabeça no vidro semiaberto e fecho os olhos por segundos; pela frincha sai o fumo do cigarro ao mesmo tempo que as gotas da chuva varrida pelo vento tenta entrar com força. Não há lágrimas que se comparem às que batem no tejadilho do carro; o vento sopra forte de sul e as ondas alterosas mostram-me um mar agitado porque de si próprio aquelas lágrimas haviam saído uns dias antes. Percorro a visão até ao horizonte cinzento-escuro e vejo um relâmpago descer sobre as águas. Imagem bela e soberba. O céu zangado como me ensinaram em criança. O interessante era terem mais medo do trovão do que do relâmpago. Havia uma cantilena que rezavam fechadas no quarto; algo que no meio das palavras semi comidas pela reza eu percebia algo como santa bárbara; mais tarde vim a saber que Santa Bárbara tem a ver com as trovoadas, dizem. Imagens da infância que recordo com saudade. Um corpo deitado no chão da sala, uma chupeta e um açucareiro ao lado; e lá ia eu molhando a chupeta no açúcar e chupando; ainda hoje gosto de comer açúcar. Um corpo escondido no meio do centeio que não se dobrava pelo vento; um corte num pé provocado por um vidro escondido. Umas mãos pequenas pegando nas pombas que existiam no pombal do pai. Uma gaveta com postais antigos do Brasil que meu avô trouxera. Um retrato enorme dele e de minha avó no dia em que casaram, pintado a carvão. Era imponente. Um fogão de lenha crepitando. A chuva que entrava pelo vidro começou a molhar-me a face e a cabeça e o cigarro já me estava a saber mal. Liguei o motor, fiz marcha-atrás e arranquei dali para fora. Para lá do mar ficava o sonho, o sonho que sempre tive de o enfrentar, o sonho que sempre tive de me meter dentro dele e o amansar. Nunca conseguido. Os faróis foram ligados porque a penumbra já era demasiadamente escura para ser dia. A noite que se aproximava iria brindar-me com mais recordações; é isso que faço para adormecer todas as noites; relembro imagens distantes e tento reconstruir a vida que já não existirá nunca mais. Puzzles de imagens, de sons e de choros e de risos, de quedas, de corridas, de corpos cheios de calor abraçando-nos. Porque me faz tanta falta esse abraço de outrora? A estrada à minha frente ainda era longa e a noite me esperava…”

terça-feira, 1 de dezembro de 2009