sábado, 3 de julho de 2010

Já se passaram 7 anos

“…faz hoje 7 anos!...
Acordei razoavelmente bem disposto. Levantei-me, fui para a casa de banho e, como de costume, ao fim de uma horita de lá saí pronto para o dia que se me apresentava pela frente. Por hábito, a seguir tomaria o pequeno-almoço mas não o fiz pois tinha de ir em jejum. (Chatice) Aguardei a hora e lá fui em direcção ao estabelecimento onde iria ser retalhado. (Cruzes)
Chegado, subi a escadaria, entrei na Secretaria (rimou), assinei os papéis e lá me levaram para o quarto. Choque. Quarto 155. Este número tem uma história e há quem a conheça; quando reparei que o quarto tinha aquele número, hesitei mas a funcionária lá me convenceu a aceitar aquele e não qualquer outro; afinal de contas, tanto poderia ser um mau como um bom sinal.
Ainda era cedo. 10 da manhã e a cirurgia só seria às 3 da tarde daquele dia 3 do mês 7 do ano 3 (há um ano atrás, claro…)
Mandaram-me vestir o pijama e deitar-me e aguardar. Assim fiz. Ao fim da manhã veio um enfermeiro fazer-me a barba à zona púbica e não me arrepiei nem um niquinho ao ver aquela lâmina enorme junto das minhas partes mais sensíveis. Entretanto senti frio e meti-me debaixo da roupa.
Por volta das 2 surgiu um cardiologista para me fazer o ecg para ver se eu estava em ordem para a anestesia.
Estava que nem um lorde. Uma calma absoluta que as tensões e as pulsações não deixavam mentir; estava em perfeitas condições para o sono artificial.
Enfim, a hora aproximava-se e lá veio o cirurgião com aquele sorriso simpático que lhe dava um ar de confiança absoluta (atitude que me concedeu uma paz de espírito total) e me permitiu encarar a cirurgia complicada (ainda que rápida) com calma.
Dez dias antes, no seu consultório, ele me havia dito todos os pormenores da cirurgia; a operação à hipertrofia da próstata seria feita através da introdução de um aparelho pela pila dentro (chiça); dentro desse tubo, um estilete com uma lâmina na ponta iria lá ao sítio cortar finíssimas camadas da dita cuja trazendo-as no retorno indo ao interior tantas quantas vezes fosse necessário; nos intervalos de cada viagem, um outro estilete a 200 graus de temperatura iria cauterizar as artérias que iriam ser cortadas com a lâmina. Isto, na verdade, não é agradável de ler quanto mais de ouvir dizer que nos vão fazer. Mas como ele me garantiu que nada iria sentir nem durante nem depois, nas mãos dele me entreguei com absoluta confiança.
Por outro lado, como tinha também uma hérnia inguinal, com um só tiro se matariam 2 coelhos, pelo que também me iriam operar a indesejada companhia.
E assim foi. Vestiram-me a bata (adorei a boina plástica que me puseram na cabeça), deitaram-me na maca e assim fui para o bloco vendo o tecto deslizar acima de mim.
Entrado no dito, de imediato me “esticaram” na marquesa operatória e me começaram a preparar a anestesia por 2 simpáticas médicas às quais me permiti dizer 2 coisas:
“Façam-me dormir o suficiente para que quando acordar eu tenha fome para comer um cabritinho assado”, e:
“Outra coisa: não se esqueçam de dizer ao operador que a hérnia é ali no lado esquerdo” (não fosse o diabo tecê-las)
Foi uma risota naquele bloco e a verdade é que não demorei um minuto a adormecer!...
E pronto!... Acordei por volta das 6 e meia da tarde a pedir o cabritinho mas não me deram… só no dia seguinte é que me deixaram comer. O que um “lobo” sofre…
E aqui estou mais “famoso” que nunca!
Este texto serviu para recordar o “evento” e, ao mesmo tempo fazer o exorcismo a este ciclo de 7 anos que acaba de passar...”

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