segunda-feira, 28 de março de 2005

férias


...chamo a isto a mais perfeita qualidade de vida, não achais?...

domingo, 27 de março de 2005

ressurreição

...no seu blog, o Prof. Júlio Machado Vaz, colocou hoje um post do qual destaco em itálico a sua parte final, com a qual estou inteiramente de acordo:
.
"...Não quero simplesmente estar vivo, mas ter uma vida. Aceito, com gratidão!, todas as máquinas e artifícios terapêuticos que me ajudem a gozá-la, esculpi-la, vivê-la. Mas não quero ser um mero apêndice de visores, tubos e agulhas. O progresso da tecnologia não deve beliscar o respeito pela dignidade de cada um, defendida e decidida pelo próprio e não sujeita à ditadura de outros. Seguramente bem intencionados, mas impondo uma visão das nossas pequenas vidas decorrente da sua ideologia sobre "A Vida". A minha vida pertence-me. Tentarei vivê-la de cabeça levantada e costas direitas até ao último instante, mesmo que para tal deva antecipá-lo. Já o disse e escrevi muitas vezes: tenho horror à hipótese de sobreviver a mim próprio. Afinal, à minha vida humana..."
.
...numa situação de doença grave terminal dolorosa e onde eu não possa dispor da minha "vida", prefiro um fim digno e, quem sabe, se não glorioso, do que estar sujeito à maquina que me torna num vegetal mesquinho...
...não se trata de um "direito" a matar quem quer que seja; trata-se se um direito individual de dispôr da sua qualidade de vida, trata-se, em última análise, do direito a morrer...
...e para quem se refugia nos dogmas da catolocidade, eu diria que Jesus (filho de deus) Escolheu morrer e se Ele teve o "direito" a escolher o momento da Sua morte, porque não terei eu, Seu filho, o mesmo direito?...
...apêlo à possibilidade do mero suicídio? Não, de maneira alguma; apêlo apenas ao direito de uma morte com dignidade...
...serei capaz de a pedir para mim; mas, na verdade, não sei se serei capaz de a conceder a outrém... que os homens que têm acesso às leis e às máquinas, que os homens que têm acesso ao julgamento dos direitos e dos deveres, não julguem os outros mas coloquem-se somente no lugar do doente em dor terminal...
...em dia de Ressurreição, falou-se de Morte...
...talvez a Morte seja um novo Nascimento para algo que ainda não queremos admitir poder existir...
...talvez a Vida seja a própria Morte e esta nos conceda de quando em vez um intervalo para cá estarmos neste corpo a viver uma experiência para acumularmos os conhecimentos a caminho da sabedoria, a caminho da perfeição...

sábado, 26 de março de 2005

aleluia


...queria uma imagem que gritasse o belo... não sei se consegui...

sexta-feira, 25 de março de 2005

erguido

...E as palavras me foram ditas num tom velado e misterioso; nada tinham de estranho mas não as entendia de todo... o tom quase que em melodia tocado por algo que não ouvia mas sentia... o sabor era doce e o travo não existia. E as palavras me foram ditas num sopro de alento e não, mas mesmo nunca, num lamento:
"...Não tenhas medo nem nada receies apesar do caminho ir ser doloroso; terá pedras em bico que te cortarão a alma e o corpo; mas não desistas porque no final encontrarás o que procuras; é lá, onde não sabes onde, que está a resposta. Caminha apenas e verás que num amanhecer ou num sol posto, mais nenhuma lágrima te cobrirá o rosto. Vai, vai sem medo porque tens em ti o suficiente para enfrentares qualquer desgosto..."
...E as palavras me foram ditas uma única vez; nunca mais as ouvi dizer... provavelmente não era suposto ouvir repetir tal sentença que viera de onde eu não sabia onde... como, não sei, mas ainda caminho de cabeça erguida e a sentir o vento afagar-me o rosto...

quinta-feira, 24 de março de 2005

paixão


...e morte redentora para que se celebre o Cristo vivo...

quarta-feira, 23 de março de 2005

certeza

"...tivesse eu a certeza de tudo e não estaria aqui; tivesse eu essa certeza que a incerteza não nos permite possuir e eu não estaria aqui... possuiria o dom da sabedoria do quando, do como, do onde e também do porquê e ainda do para quê... tivesse eu essa certeza que a incerteza não nos permite obter e eu estaria em ti e não em mim... possuiria o dom do ser e do estar onde me fosse dado querer e estaria no teu olhar; perder-me-ia no teu corpo e deixaria de me querer voltar a encontrar... labirinto fosses e eu palmilharia a eternidade sem me preocupar com a saída; fosse eu apenas uma centelha da tua respiração e tudo no mundo caberia na minha mão; fosse eu apenas o pulsar do teu pensamento e voltaria a ser apenas o vento... o vento sem lamento, o vento que me traria o sabor do aroma do teu corpo a ondular em mim, mesmo que fosse como um tormento, um doce tormento... tivesse eu a certeza de tudo e não estaria aqui... seria como a luz que como a uma borboleta tanto seduz... seria o tudo e o nada na totalidade absoluta do ser, seria isso tudo mesmo que não te pudesse ter..."

terça-feira, 22 de março de 2005

flecha


...resta-me apenas esta seta que aponto para ti... estico o arco com elegância e um certo sabor a vitória... aponto-a ao teu coração... voa seta... e o alvo não demora... tem sim, tem uma história, um saber passado em direcção a um futuro incógnito... voa seta... mesmo para um alvo indómito... voa seta... voa rápida e em linha recta... explode-te no alvo... mas atinge-me a meta!...

segunda-feira, 21 de março de 2005

a saudável inveja

...escrevo em muitos lados e, felizmente, tenho amigos em muitos lados; conversamos e, às vezes, até nos encontramos e damos abraços uns aos outros entre palavras, risos e com os talheres à mistura numa mesa de um qualquer restaurante... eu amo todos estes meus amigos até mesmo aqueles que me invejam tão saudavelmente como, por exemplo, da forma que o M. se expressou:
.
"...É verdade Quim. Invejo-te a entrega quando falas de ti próprio. Invejo-te a entrega quando falas dos outros, nós incluídos. Invejo-te a serenidade com que falas de amores passados. Invejo-te o entusiasmo por amores que virão. Invejo-te talvez por veres o mundo e a vida de uma forma que eu gostaria de ser capaz de ver e, talvez, nunca venha a consegui-lo. Invejo-te, portanto. O busílis disto é que, toda a vida me ensinaram que "invejar é feio" e lixa-me não ser capaz de responder cabalmente que, é mentira, há invejas que se devem ter!..."
.
...um abração enorme para ti Miguel

domingo, 20 de março de 2005

equinócio da Primavera


...é um dia cinzento mas bem ou mal não deixa de ser equinocial...

sábado, 19 de março de 2005

carta ao meu pai

"...breve, vais fazer 19 anos que já não estás cá, que já não estás a meu lado mas também não podes, não é ?... Estás noutro local, um local para onde foste já há algum tempo, um local de sossego, de paz, não é ?... Tenho saudades tuas, pai !... Lembras-te do dia em que partiste, do dia em que nos disseste até breve ?... Lembras-te dos dias em que sempre estiveste a nosso lado, lembras-te de tudo de bom que se passou antes de ires, lembras-te de tudo de mau que se passou antes de ires ?... Recordas o dia em que eu nasci, recordas o dia em que passaste ao estatuto de pai ?... Sei perfeitamente que te recordas e que só por isso te valeu a pena viveres; sei que viveste em função dos teus, daqueles que faziam parte da tua própria vida, daqueles que eram a razão da tua existência!... Sei muito bem o quanto sofreste por mim e por todos os teus; sei perfeitamente o quanto lutaste para que nada me faltasse, para que tudo estivesse sempre bem... Lembras-te do dia em que te faltou algo para que eu não sentisse essa falta ?... Lembras-te do dia em que não comeste para que eu tivesse comida ?... Lembras-te do dia em que poupaste nos cigarritos para que tivesse dinheiro para o meu tabaco ?... Lembras-te do dia em que tiveste de pedir a um amigo para teres dinheiro para mim ?... Lembras-te do dia, de todos os dias da tua vida em que passaste mal para que em todos os dias da minha vida eu passasse bem ?... Lembras-te ?... Vai fazer 19 anos que partiste... Hoje, dia 19 de Março é o dia do pai; o dia em que os filhos dão prendas aos pais; o dia em que os filhos beijam os pais com amor e carinho e lhe oferecem uma lembrança para lhes lembrarem que são pais e que só por essa razão vale a pena viver !... Hoje ainda é o teu dia, pai; só que nunca na vida te dei uma lembrança, meu pai; só que na vida que contigo e a teu lado vivi, eu nunca te dei uma prenda... E o meu remorso é a única prenda que hoje dia 19 te posso dar; o meu sentimento de desespero por nunca o ter feito, especialmente , pai , porque nunca tive a coragem de te dizer o quanto te amei !... E neste dia em que mais uma vez deveria ser eu a dar-te uma prenda, mais uma vez és tu a dar-me algo que sempre te pedi: o teu perdão!... Obrigado pai!..."

teu filho

sexta-feira, 18 de março de 2005

quinta-feira, 17 de março de 2005

aragem

"...apenas tinha a veleidade de olhar, se assim se pudera chamar ao desejo de te ver ali... a luz que sobre ti incidia, nada distorcia nem a sombra nem a aura que te envolvia... apenas te tocava ao de leve, numa carícia... a porta aberta do quarto permitia ouvir o teu respirar lento, como se de uma leve aragem se tratasse onde mesmo não houvesse vento... desejei entrar e em ti me envolver, mesmo sem te ter... tentei tocar o intocável... estava ali e não consegui... fiquei pela dor da sensação de não sentir e restou-me apenas a veleidade de olhar e respirar o teu suave respirar..."

quarta-feira, 16 de março de 2005

(e)terno


...a alma de sempre...

terça-feira, 15 de março de 2005

obrigado

...pelas vossas amáveis mensagens e cuidados... correu tudo bem...

segunda-feira, 14 de março de 2005

ansiedade

...8 anitos deitados numa cama do hospital; o soro corre pelas veias; diz que está com fomita mas está também calma; aguarda a entrada na sala de operações; garganta, nariz e ouvidos; tudo muito simples mas ao mesmo tempo é sempre complicado; os pais vão fumando os nervos; aqui, o avô está ansioso mas sereno... vai correr tudo bem...

domingo, 13 de março de 2005

coisas pequenas

Como quase todos sabem, vivo só, há cerca de 2 anos, em casa de minha mãe (que vai a caminho dos 90 anos) tomando conta dela; já antes, de 2003 a 2004 havia tratado de uma tia acamada com 92 anos; fui uma espécie de enfermeiro a 24 horas por dia e não foi nada fácil pois foi logo a seguir a um período grave da minha saúde por cirurgia à próstata... o tempo passa com as lides a que muitos não sabem o que são mas que também outros percebem o que quero dizer... é nos tempos em que não se tem essas lides que venho até aqui, ler, escrever, desabafar, sorrir e por vezes, (porque não?) chorar... não são lágrimas líquidas (que essas teimam em não sair), são mais aquele género de rio que se vai formando na Alma e que um dia, provavelmente, explodirá e uma cascata de qualquer coisa se formará... aprendi, ao longo da vida a "tentar" saber aceitar mas não é fácil... por isso, sorrio com os meus pardais, com o meu Black, com o meu gato, com as minhas rosas, com as palavras, com as palavras dos amigos... os filhos e os netos têm as suas vidas e de quando em vez lá nos encontrámos, ou numa festa de anos, ou num outro evento desse estilo... mas às vezes há pequenas coisas, coisas pequenas, muitas vezes uns breves minutos, que nos dão a razão de existirmos: e, como digo muitas vezes, o abraço é uma dessas pequenas coisas que dão sentido à vida... foi ontem ao fim da tardinha, estava eu aqui, quando de repente a casa é literalmente invadida pelos meus filhos, pelos meus netos e pelo meu genro e nora... não é muita gente, são apenas 7 (um número bonito) mas foram 7 abraços que me encheram de paz e me deram a alegria, por alguns minutos, de saber que, de vez em quando o silêncio deste local fica abalado pela contagiante balbúrdia da malta que é do nosso sangue!...
Quase nada tenho ou possuo porque como digo muitas vezes, não somos "donos" de nada; porém, e na verdade, eles são os "meus" filhos e os "meus" netos... Afinal de contas, sempre sou dono de coisas boas!...

sábado, 12 de março de 2005

apenas


...uma perspectiva do ventre de um velhinho autocarro...

sexta-feira, 11 de março de 2005

homenagear a vida

...lembrando o 11 de Março...
...porque a guerra nunca trará a paz...
...ficam as esperanças mutiladas...
...centelhas de vida apagadas...
...rosas cravadas pelo espinho...
...que não exista jamais o ódio...
...apenas porque amar é o caminho...

quinta-feira, 10 de março de 2005

olhando


...narcisos a norte do meu quintal em finais de invernia...

quarta-feira, 9 de março de 2005

aroma

"...encostei a minha cabeça em teu ombro e enlacei-te com os meus braços; deixei-te apenas um leve beijo na face; senti teus cabelos sedosos e o perfume da tua pele; inspirei o aroma do amor que havíamos feito e deixo-me num lento adormecer... jamais acordar... e ficar assim para todo o sempre..."

terça-feira, 8 de março de 2005

para todas vós


...não apenas hoje, mas todos dias até à eternidade...

segunda-feira, 7 de março de 2005

green


...the peace in a grass field full of horses grazing and resting...

domingo, 6 de março de 2005

sentir

"...sentir em mim o que sentes em ti... sentir em mim o que sentes por mim... sentires em ti o que sinto em mim... numa simbiose perfeita de fusão sem pragmatismo ou ilusão... apenas e só um saber que se sente, que se está, que se é... em perfeita consonância com o que somos no único desejo de sermos exactamente o que já fomos... num jogo de sabores e saberes; num jogo sem dores nem rancores mas de simples e tão somente ternos amores..."

sábado, 5 de março de 2005

chão


...séculos de memorização nesta pedra, neste musgo, neste chão...

sexta-feira, 4 de março de 2005

não

"...Não me disseste o que querias da vida e eu não pude dar-te o que pretendias. Não me disseste que o amor era tudo o que querias e eu que tão pouco dele sabia. Não me disseste que apenas querias carinho e não pude dar-te o que pretendias. Não me disseste que carinho era tudo o que querias e eu que tão pouco dele conhecia. Não me disseste que somente te bastava dar e não pude receber o que continhas. Não me disseste que te bastava amar e eu que tanto dele soubera apenas guardar. Não me disseste que te bastava sonhar e eu não te soube nos meus braços adormecer. Não me disseste que sentias tanta dor e eu que tanto tinha aprendido a sofrer. Não me disseste que te bastava um olhar meu e não te pude dirigir a luz dos meus olhos. Não me disseste que a luz te bastava e eu que tanto e tanto te amava. Não me disseste o que querias da vida e da vida eu nada te soube dar. Restou-nos a tristeza do adeus e as lágrimas dos nossos olhos a chorar..."

quinta-feira, 3 de março de 2005

03/03/03


...apenas, e tão somente, porque foi tirada no dia 3 do 3 do 3...

quarta-feira, 2 de março de 2005

peregrinar

"...amei, amo e amarei com garra, com força, com dor, com riso, com lágrima, com a palma da mão, com o doce beijo da alma e o calor do coração; amei, amo e amarei com o espírito, com fogo, com ar, com terra, com mar, com chão, com chuva torrencial, lama, vento ou mesmo num estado demencial; amei, amo e amarei com tudo o que fui, com tudo o que sou e com tudo o que serei, dentro de mim, sendo eu ou quem me habita, como quem grita, em ti, aí ou aqui..."

terça-feira, 1 de março de 2005

fantasia


...colorir o cinzento da vida numa paleta de fantasia colorida...

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2005

efeito

"...em profundo desespero de causa...
lancei-me no vazio da origem...
não enfrentei qualquer consequência...
pairei sobre ti numa eterna pausa...
onde tudo tinha um único efeito...
o de fazer perdurar a minha demência..."

domingo, 27 de fevereiro de 2005

tecto


...pormenor do tecto do Café onde se deu o ponto de encontro para o jantar de bloguistas na charmosa cidade de Coimbra... apesar do frio, o conjunto das pessoas aqueceu o ambiente com alegria e jovialidade... gostei... venham mais...

sábado, 26 de fevereiro de 2005

jantar

...de bloguistas hoje, em Coimbra... aí vou eu também... o problema é se me aparece algum Capuchinho Vermelho; não responderei por mim...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

sunset


...quando não chove, o belo mora sempre a oeste do meu quintal...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

sendo

"...amar, também é permitir ser e estar, tal qual o somos ou o desejamos ser, sem nada alterar a não ser a vontade de vencer, seja na dor, seja num olhar, num suave toque ou num dizer, numa palavra escrita, num saber ouvir e entender, num simples aceitar como sou e num simples viver com o que és..."

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

trio


...a luz em difusão penetra o colorido vidro que deleita a visão...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

realidade

"...Gedeão dizia que o sonho comanda a vida; e um dia, alguém disse que a vida é um intervalo que a morte nos concede; é um curtíssimo intervalo esse no qual para além de o termos de viver ainda temos que o fazer a sonhar; sonhemos então, de forma a que esse intervalo seja algo pelo qual valha a pena adormecer, de forma a que esse intervalo seja, pelo menos...real..."

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

PS


...parabéns à rosa vencedora... que venha sem espinhos...

domingo, 20 de fevereiro de 2005

votar

...ontem reflecti... hoje, votei... cumpri o meu dever de cidadão; nada mais simples; um pequeno passeio a pé até à mesa de voto, o colocar uma cruz no local que houvera já decidido há muito tempo não só por fidelidade como por convicção... e hoje, deixo aqui apenas estas palavras...

sábado, 19 de fevereiro de 2005

asa


...como numa vénia, debruçada sobre mim ou apenas aconchegante...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

sorrir

"...abre-te ao mundo que te rodeia e sorri o mais que puderes... e, por mais lágrimas que tenhas, não as guardes, deita-as cá para fora, grita se disso precisares mas, no fim de cada choro, mesmo assim, resplandece-te com um sorriso..."

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

magia


...quando uma simples queda de água produz efeitos mágicos...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

pleno

"...com um pouco de loucura, viajo dentro de mim, olhando o meio em que me enleio, adicionando à vida um pouco de ternura, e parto à procura do dia em que me encontre pleno de mim mesmo, sem culpas nem perdões, apenas com laços de paz e bons e apertados abraços de solidões presentes nestes eternos momentos de carinhos ausentes..."

terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

albis


...de repente ao olhar esta beleza lembrei-me de uma marca de vinho; como havemos de entender a mente humana?... talvez, profana?...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

eternizar

"...Os meus olhos pousam em ti e todos os meus sentidos te olham num delirar mútuo de atenção... Vejo o teu corpo e deleito-me na tua alvura... Cheiro o teu cheiro e aspiro a tranquilidade da tua paz... Ouço o teu respirar lento, como um lamento que não lamento... As minhas mãos tocam os teus cabelos e envolvem-se neles... Acerco-me de ti e te toco... Te sinto global e ali inteira frente a mim... Beijo a tua boca e tudo se torna como num festim de doces carícias e sabor a sal... Estou inteiro no teu corpo inteiro e me sinto nele como sinto o teu corpo em mim... É apenas um abraço, um enlace de braços que apertam sem apertar, sentindo apenas o teu respirar... Minhas mãos percorrem a tua pele acetinada linda... Fecho os olhos procurando apenas sentir... E sinto o desejo crescer em mim e o teu arfar sobe de tom... Como é bom... A minha boca se cola na tua boca e a minha língua se funde dentro dela como se da tua se tratasse... É apenas mais um enlace... Sinto o teu peito quente junto ao meu e beijo teus mamilos num acto de procura da loucura... Loucura que me invade lentamente, premente ali presente ou então como se tudo mais estivesse ausente... Meus braços te envolvem e se descobrem momento a momento como se fosse a primeira vez que no teu corpo se movem... Sinto o cálido odor do teu corpo quente de amor, oferecendo-se como numa espécie de orgia sem pudor... Minhas mãos tacteiam centímetro a centímetro toda a tua pele, todos os recantos de teus encantos e se encontram, de repente, sobre o teu ventre quente, dolente... Afago tuas coxas e as tuas ancas e as aperto contra mim... Procuro o teu sexo e o acaricio... Beijo-te completamente num único beijo e me torno desejo do teu próprio desejo... Te envolvo num abraço mais e te penetro... És tu que me possuis... Não te tenho, és tu que me tens... Movimentos se entrelaçam como se não fossemos dois mas um só... Os nossos corpos se fundem num arfar profundo de loucura... Já não sei o que sou, apenas em ti estou... Eu sou tu e tu és eu numa fusão de ser e estar... Na verdade és tu que me possuis, eu não te tenho, és tu que me tens, em ti eu me dou...E em ti me eternizo..."
.
.
(republicação dedicada, no dia dos namorados, a todos os que verdadeiramente se amam e tentam eternizar esse amar para além do corpo e para aquém da alma)

domingo, 13 de fevereiro de 2005

escolha

"...o que nos muda, o que nos faz mudar, crendo na mudança do querer mudar, é a vontade de ser feliz, a decisão de ser feliz, a decisão de amar, descobrindo que não temos o direito de nos perder e que temos sempre o direito e a capacidade de escolher..."

sábado, 12 de fevereiro de 2005

ser

"...crer na mudança não é suficiente;
é preciso querer mudar..."

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

audível

"...pior que o silêncio é o fazer silêncio..."

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

vento



...hoje apeteceu-me falar do vento como se fosse apenas um lamento de um velho Admastor prisioneiro de um poema já sem rima nem cor...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2005

pele

"...estou cansado de ser quem sou. Preciso mudar. Deixar de ser um e passar a ser outro. Mas quem? E, porquê este desejo? Não sei. Não me reconheço. Estou cansado de mim. Quero renascer em ti. Mas tu, quem és? Que fazes aí? Porque olhas assim para mim? Achas que devo mudar, é? Mas, diz-me ao menos para quê? De que me serve mudar? Se mudando não mudo a minha alma? De que serve mudar se voltar a ficar cansado da mudança? Porque entendes que deve existir mudança? Não posso ficar aqui? Onde sou? Como estou? Para que vim? Para onde queres que eu vá? Diz-me. Faz-se tarde e a viagem tem de ser iniciada de novo. Já nada do ontem levarei comigo. Fica tudo ali onde fui eu, onde estive e me despi da pele que me cobre a alma agora desnuda. Levarei tão somente o que me vieres a dar. De mãos vazias te seguirei. Sim, irei. Estou cansado de mim. Preciso adormecer o meu ser. Não quero mais acordar aqui. Quero ir. Leva-me..."

terça-feira, 8 de fevereiro de 2005

luminosidade



...em Terça-Feira Gorda, tirar uma fotografia ao Sol, sem filtros, não é fácil; saíu assim e com um ponto de exclamação invertido...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2005

cinzas

"...Agonizo lentamente no beijo que não me deste; estremeço no desejo de o ter tido eterno!... Apenas sinto dor na carícia que me retiras quando penso que não há Verão em qualquer Inverno. Agonizo lentamente no abraço que me faz falta; estremeço no profundo anseio de o ter sentido forte!... E apenas diviso lágrimas na imensa loucura quando caminho em direcção à tua morte. Agonizo serenamente na dor que me cobre; estremeço de frio no túmulo da tua jazida, apenas limpando a dor da profunda desventurada e desdita corrida que fizeste contra a vida..."

domingo, 6 de fevereiro de 2005

vazio



...de tudo, de gentes, de movimento mas não de memórias...

sábado, 5 de fevereiro de 2005

coexistir

"Amar é dar"
"Amor é partilha"


"...não há semente que se entregue à terra e que esta não a devolva em forma de flor - e é nisto que reside o amor..."

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2005

Porto

...R. Sta. Catarina, hoje, 15.45 h....



...R. dos Clérigos, hoje, 16.00 h....



...vê-se mesmo que é Sexta-feira, fim de semana à vista...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2005

cativar

Não, não fui ao dicionário ver o significado da palavra do título deste post; nem vou. Tenho uma ideia e julgo não estar muito longe da verdade ao pensar que ela quer dizer "prender sem prisão". Ficar cativo de algo é ficar "preso" sem se estar "preso"; é apenas a noção de se sentir bem por algo que provoca essa sensação.
Existem nesta blogosfera (nome pomposo para designar o conjunto de blogs nesta esfera de acção que é a internet) blogs que cativam e blogs que não nos dizem nada; há blogs individuais e blogs colectivos; há blogs com aceitação de comentários e blogs que não os aceitam; há blogs de poesia, de prosa, de imagem, de tudo um pouco criando um universo interessante e novo neste novo mundo que temos à nossa frente e que nos abre as portas e a quem abrimos as portas.
Existem blogs que nunca visitarei pela simples razão da sua imensidão! São tantos que nunca chegarei a ter tempo para os visitar; são um pouco como os livros: nunca os lerei todos mesmo que nada mais fizesse na vida.
Existem blogs que visito diariamente, uma vintena, penso e depois com mais vagar visito outros e ainda faço a navegação de link em link na procura de algo que ainda não saiba. E tanta e tanta coisa que não sabemos!
Este mundo é maravilhoso, mas perigoso!... Tentador mas gostoso!... Traidor mas venturoso!... Feito com amor mas doloroso!...
Fiquei cativo de quase todos eles.
Gostaria de cativar alguns.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2005

nave



...e lá mantenho eu a mania da simetria...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2005

incompleto

"...Enfrento o espelho e me abro. Olho-me e me sinto inteiro. Por dentro e por fora; noto defeitos e falhas; claro, não sou perfeito. Mas vejo-me diferente para além disso. Mas não sei porquê. Procuro a razão de tal sentir. Conto-me pedaço a pedaço: Tenho cabeça, pescoço e um braço; do outro lado um braço mais, um peito, um tronco, uma bacia, um pénis, dois membros inferiores e um pé de cada lado. Tenho cabelos, barba, pêlos, púbis, impressões digitais, testículos e tudo o mais. Tenho unhas roídas eu sei e tenho olhos, boca, dentes, orelhas e nariz. Sinto um coração a bater um estômago a roer; um intestino a doer e uma bexiga a gemer; pulmões a encherem-se de ar e tudo o mais que não consigo ver. Tenho dedos. Não vejo nada de grave; mas algo me diz que há um entrave. Sinto uma falha. Não estou completo. Olho à volta e em nada reparo que me possa dizer o que me faz sentir ser um ser incompleto; está tudo funcional... Então está tudo bem! Nada está mal... Mas o que é que falta que me provoca esta sensação de vazio, de nada, de tudo…? Repentinamente sinto frio. O espelho fica baço. Olho e é tão simples: Apenas me falta um abraço!..."

domingo, 30 de janeiro de 2005

tudo



...neste final de tarde queria ter tudo para tudo te oferecer; neste final de dia a sério que queria; mas nada tenho; então, busco no nada e aqui venho, com todo o carinho, oferecer-te mais uma das minhas rosas, daquelas que fazem parte do meu próprio caminho...

sábado, 29 de janeiro de 2005

ausente

"...não existe o teu corpo, mas estás aqui... Não olho teus olhos, mas te leio a alma... Não toco nos teus cabelos, mas me envolvo neles... Não te sinto palpitar, mas te oiço respirar; é um som leve, lento mas ritmado, quente, arfado e dolente... Não existe o teu corpo, mas estás aqui, bem perto de mim... É algo que não tem fim e não posso olvidar... Como deixar de o amar? Pergunta que me enlouquece... Desígnios divinos que questiono e morro lentamente neste corpo dormente que não vive mas sente..."

sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

Lisboa



...vendo-a do alto, mais não resta que uma mancha azul e uma saudade...

quinta-feira, 27 de janeiro de 2005

destino

"...Vou partir definitivamente. Vou deixá-lo de vez para que ele siga o seu destino. Já cumpri o que me fora dado ser no seu corpo. Não estou aqui a dar-te uma satisfação mas apenas a cumprir um desígnio. Esta é a minha última acção com o seu corpo físico. Eu não te amei; eu nunca te amei, mas ele sim. Foi ele que, desesperadamente, te amou sem nunca ter sabido que estava a ser usado para te despertar para o conhecimento. A minha missão foi cumprida com um certo êxito ainda que tenha terminado duma forma que não estava prevista; mas, na verdade, o livre arbítrio assim o determinou. Penso também que tenhas intuído a verdade e que tenhas vislumbrado (como, não me foi dado saber) algo que ele nunca soube nem nunca irá saber. Tu, talvez sim. Escolhi finalmente, para ti, o amor..."

quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

peace



...can you feel it?...

terça-feira, 25 de janeiro de 2005

carta

“Não, não me pediste, meu filho, para nascer, não. Foi apenas um desejo meu, um desejo muito antigo, daqueles desejos de me tornar num Homem plantando uma árvore, escrevendo um livro e fazendo um filho… sim, foi um desses desejos íntimos que, na companhia da mulher que te deu à luz, eu te dei vida, uma vida desejada e acompanhada até aos mais ínfimos pormenores. É verdade, foste desejado com muito carinho e muito amor; não amor carnal para gerar um filho mas amor de pai que pretende ser pai… mas tu não foste ouvido, não o podias ser… mas sempre pensei que a vida nasce sem que a gente a provoque, ela nasce pela simples razão de que tem de ser…

E num determinado dia, rasgando as carnes de tua mãe, vieste beijar a luz deste mundo que tão diferente é daquele em que, durante 9 meses, te escudaste das maldades que nos rodeiam e nos provocam náuseas por não sabermos como evitar tais momentos…

Esses 9 meses de gestação prodigiosa que somente Deus pode conceber e permitir, foram meses de acalentadas esperanças pelo dia tão ansiosamente esperado; 9 meses de fortuna espiritual por te saber ali, por te saber vivente e prodigiosamente sobrevivente num mundo perfeito que somente se conhece mas não se sente pois não nos lembramos nunca de como se passaram esses momentos “lá dentro”…

E quando, então, rasgaste as carnes maternas eu chorei de alegria por saber que eras algo meu, algo vivo, materializado, que tinha vindo de mim e se transformado dentro do ventre materno; sim, chorei de alegria por te saber ali a meu lado e por saber que estava a teu lado…

Mal te pude pegar, pois tinha medo de te magoar; não queria macular com as minhas mãos aquilo que estava imaculado, pois naquele momento nenhum pecado poderias ter cometido pois estavas ali por vontade suprema de Deus Pai e que ninguém me diga, que ninguém me ouse dizer que um recém-nascido vem maculado por qualquer tipo de pecado… Deus te criou por meu intermédio no ventre de tua mãe; nasceste por vontade Dele, logo não cometeste qualquer pecado e abençoados todos os que nascem por vontade única de Deus Pai.

Os anos que se seguiram foram anos de alegria e anos de espanto pelas habilidades que davas a conhecer aos que te rodeavam de amor e carinho…

E numa criança te tornaste e como criança cresceste para o mundo; percorreste todos os caminhos normais e habituais que qualquer criança costuma percorrer: os trambolhões, os choros, as maleitas, a escola… a entrada pela porta da vida prática de qualquer ser humano…

E muito cedo num homem te tornaste, pelo abandono forçado que tive de te proporcionar por razões que não te diziam respeito e das quais não eras responsável nem sequer tinhas nada com elas… então, porque razão haverias de sofrer pelos erros cometidos pelos outros, especialmente pelos dos teus progenitores? Que pecado cometeras tu para pagares pelos erros dos outros? Que mal fizeras ao mundo para ele te responder dessa maneira? Que tinhas tu a ver com as agruras da vida de teus pais se não eras a origem desse mal? Por que haverias de pagar por erros não cometidos?

Não te sei responder, meu filho.

Mas que pagaste…e bem…lá isso pagaste.

E esse preço faz parte da minha dívida para contigo; dívida que jamais poderei pagar, pois por mais que te ame, jamais te pagarei o sofrimento que te provoquei…

E esse preço faz parte da minha angústia para o resto da minha vida, pois por mais que te ame, jamais aliviarei a dor que sinto no meu peito…

E esse preço faz parte integrante do meu dia a dia, pois por mais que te ame, jamais sairá do meu peito a dor da dor que te dei…

Não te peço perdão pois não sou digno dele; não te peço que me releves todas as minhas faltas; não te peço que me compreendas; não te peço sequer que entendas…

Peço-te apenas que acredites na dor que vive comigo…”

Teu pai.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2005

depressão





"...Try hard and do your best;

if you dont you`ll never rest..."


domingo, 23 de janeiro de 2005

sábado, 22 de janeiro de 2005

fica

...Porque me persegue o desespero da espera que se esvai num grito de angústia que do peito ferido me sai?... Porque me persegue o desespero da fuga do grito que abafo no peito dorido como num forte abraço de dores sentidas e muitas vezes fingidas?... Pintadas de espaços vazios em salas desertas de amores perdidos e de certezas incertas; de fugas para a frente em direcção ao passado de um futuro que não vejo nem antevejo, nem anseio, nem prevejo e nem mesmo assim o receio...

Porque me persegue o desespero da espera que se esvai num grito de fúria incontida que de um peito ferido me sai?... Porque me persegue? Porque me segue? Porque vem?
Fica, deixa-te ficar... Não venhas ter comigo nem que seja apenas para sonhar...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

ocaso



...um contra a luz mas sem ser um a favor da treva...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

eu



...vivo comigo num acto de amor para comigo mesmo, ou seja, se não existir dentro de mim algo ou alguém que me diga "eu estou aqui a teu lado, contigo, para o que der e vier", então mais vale morrer pois a vida não terá sentido...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2005

entardecer



...o final do dia de hoje...como será o dia de amanhã?...

terça-feira, 18 de janeiro de 2005

nego

...nego a minha existência... porque não a entendo... apenas a pretendo... não sendo... sendo... o que sou que não compreendo... nego a minha existência... dependente de ser um ser... dependente de não ser o que sou... dependente de ter... de não ter... uma consciência que ainda não me deixou... nego a minha existência... porque ainda aqui estou... não estando... neste momento... versejando... eu não sou... eu não fico... eu vou... nego a minha existência... porque não sinto... a fisicalidade desta aparência... e a mim mesmo eu minto... como sendo uma miragem... da minha própria imagem... sem consciência... da minha própria ausência!...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2005

pampilos



...um amarelo vivo no meio do verde dos quintais que me rodeiam...

apelo para a Humanidade

...subscrevo...aqui: FRATERNIDADE

domingo, 16 de janeiro de 2005

sincronia



...que terá esta flor a ver com aquele título?... Sintonia?...

sábado, 15 de janeiro de 2005

verso

…Deixem-me ser um poema!... Deixem-me ser todo eu um livro; queria ser todo eu algo escrito, algo para dizer ou ser dito!... Queria ser todo eu um poema para num livro à tua cabeceira pousar, sentir-me ser lido e nas tuas mãos versejar. Deixem-me ser um poema!... Se o livro que desejo ser, em livro um dia se tornar, que seja o livro do livro lido por todos os que precisam de amar... Sou assim, o poema desta manhã, as palavras desta tarde e os sons desta noite; sou a manhã deste poema e a tarde destas mesmas palavras, a noite dos sons do fogo que arde... Sinto assim a sua fragrância, numa ânsia de palavra dita ou mesmo de palavra escrita... Sinto o odor do poema versejado, ouvido, relido, mirado, querido ou até mesmo odiado... Sinto o cheiro da palavra que escrevo ou da palavra que leio... Sinto o poema dentro de mim com a manhã a nascer em ti ouvindo a tarde adormecer na noite do teu sonho de prazer... Sinto-me poema... Sinto-me palavra... Sinto-me viver... Deixa-me ouvir... Deixa-me ler, porque não quero sentir a dureza do insulto que o silêncio em mim provoca... Não quero ouvir os gritos lancinantes dum silêncio que tanto me choca; quero ouvir as palavras ditas; quero ler as palavras escritas; quero ouvir os sons que elas me trazem; quero ler as tonalidades que elas fazem; quero sentir o impacto do dito; quero sentir o embate do grito... Não quero ler a palavra não escrita... Não quero ouvir o silêncio do livro vazio... Não quero escutar o silêncio do dito não dito; quero sentir a pureza da voz que a palavra escrita me traz; quero sentir o estrondo do grito que a palavra dita me faz... Quero sentir que és; quero sentir que estás... Quero sentir as palavras e quero os livros com elas gravadas!... Deixem-me ser um poema!... Escrevo assim o poema desta manhã com as palavras da tua tarde e os sons da nossa noite e, se a noite chegar, sem que a manhã tenha surgido, não tenhas receio, não tenhas medo, porque mesmo assim eu te leio...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

abertura



"...na palma da mão vos recebo

...em orgias plenas de ternura

...sem remédio nem placebo

...apenas em simples textura

...sem elmo nem armadura..."

quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

mundo



...colorido, como o nosso planeta com terra, ar, água e fogo...

quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

o meu avô Nogueira

(...Viveu uma vida plena: cheia de valores morais do mais elevado que eu já conheci; viveu no seio da sua família que defendeu até ao último dos seus dias; viveu a harmonia do bem em companhia com a doçura da paz, mas ao mesmo tempo da ordem e do respeito por si próprio e pelos outros; homem com H grande, respeitador dos seus deveres e dos seus direitos, nunca ofendeu e nunca se sentiu ofendido; sempre perdoou e talvez também tenha sido perdoado se de algum pecado o tivessem acusado...
Viveu conforme a vida que lhe foi proporcionada e aceitou que a mesma tivesse tido o bom e o mau que ele soube enfrentar e dar de si próprio na defesa do bem comum nomeadamente na defesa de todos os que dele dependiam.
Hoje, mais de 45 anos passados da data do seu último dia neste mundo, ainda sinto uma enorme saudade daquele que foi meu "amigo" muito especial, um amigo daqueles que nunca se perdem, daqueles que estão e para sempre ficam na nossa memória, daqueles que recordamos com muito amor e carinho, daqueles que lembramos com orgulho por terem sido "dos nossos" !
Hoje, ao vir aqui lembrar a sua existência, apenas quero prestar a homenagem que nunca lhe prestei, a homenagem de vos dizer o quanto gostei daquele homem que soube sempre indicar-me qual o caminho a seguir e qual o caminho a evitar; nunca me proibiu de fazer isto ou aquilo, apenas me dizia que pensava ser melhor para mim se eu o fizesse daquela determinada maneira: teve sempre razão, pois ainda hoje sigo os seus eternos conselhos. Ao vir aqui lembrar, não o seu nome, pois não o conheceram e portanto o seu nome não interessa, mas sim a sua memória, pretendo apenas relembrar com amor aquele que representou para mim algo de muito especial, na medida em que tive o privilégio de assistir ao momento crucial da sua partida, ao momento muito especial em que ele deixou de existir fisicamente para passar a existir, para todo o sempre, na nossa memória, na memória que nunca nos deixará também até ao último dos nossos dias...)

...Tinha eu treze anos quando ele acamou com uma dessas doenças que não perdoam, mas que ele aceitou, consciente da sua pequenez neste mundo, consciente que aquela era a vontade de alguém mais forte que toda a força desta vida, para aquém e para além desta que temos. Durante dois anos houve momentos de dor e houve momentos de paz; nesses momentos mais felizes de paz, lá ia eu de mão dada com ele passear um pouco para aliviar a carga psicológica que ele sabia carregar e aguentar firme como uma rocha; pequeno de estatura, e magro para além da magreza da própria doença, ele dava aqueles passos com a firmeza de um homem que nada tinha a temer e tudo tinha a enfrentar; ele dava aqueles passos com a firmeza de um homem que não tem medo de nada, nem daquilo que ele já sabia ter de enfrentar um dia.
Os seus passos pequenos, mas firmes, faziam compasso com os meus, ainda pequenos também pela idade ainda de criança, mas sentia-me como que o guardião daquele homem que naqueles momentos estava à minha responsabilidade e isso dava-me uma grande felicidade por estar a seu lado; também eu tinha consciência da doença que o minava pouco a pouco, também eu tinha forças para enfrentar aquela estranha harmonia de paz que nos rodeava aos dois; uma paz diferente, um bem estar compartilhado e interligado pelas duas mãos que se davam uma na outra, como dois cúmplices conscientes do "crime" que estavam a cometer a bem da harmonia e da paz de espírito, pois era carinho o que nos rodeava e envolvia.
Mas o dia da partida (ou da chegada como ele dizia às vezes por brincadeira) estava próximo. E quando esse dia surgiu ele teve consciência desse facto e soube-o enfrentar com uma dignidade que ainda hoje respeito e sempre respeitarei.
Deitado na sua cama e eu sentado a seus pés ele me olhou: os seus lábios já muito finos, mas firmes, disseram: "Vai chamar a tua Avó". Corri pelo corredor e fui chamar a minha Avó que, como sempre (toda a sua vida), estava agarrada aos tachos no fogão de lenha; na cozinha pairava um cheirinho a sopa quente (Meu Deus, que saudades !).
-"Bó.. o vô chamou-a."Ela largou o fogão, limpou as mãos ao seu avental e dirigiu-se para o quarto onde ele estava; segui-a logo. Ela entrou no quarto e eu fiquei à porta vendo.
Naquele momento, todo ele se transformou: na sua frente estava a sua Maria de todo o sempre, a Maria que sempre o acompanhou e que lhe deu as quatro filhas que ele tanto amou, a Maria que tantas vezes ele arreliou e ela perdoou. Na ombreira da porta eu assisti: a sua face pálida ganhou cor, os seus olhos pequeninos brilharam de plena felicidade e a sua boca se abriu com um enorme sorriso ( o maior e mais bonito sorriso de felicidade que eu já vi em toda a minha vida !) e disse: " Maria, senta-te aqui."Minha Avó se sentou à cabeceira da cama e ele com o mesmo sorriso disse já numa voz mais apagada: -" Abraça-me."... Minha Avó o entrelaçou e eu vi os seus olhos pequeninos fecharem-se para todo o sempre, acompanhado com aquele sorriso lindo de felicidade !...

terça-feira, 11 de janeiro de 2005

...

...o meu post de hoje é um destaque para o Blog do Eduardo:



B L O G U I C E S

segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

acordei 2 (segunda carta)

"...continuo a acordar todas as noites... não há forma de o evitar... a tua ausência incendeia-me os sentidos... a tua falta provoca-me esta ânsia de te sentir presente... sofro neste sofrimento sofrido de dor e solidão...já não sei quem sou... também não interessa... lembras-te da última carta que te escrevi... sim, daquela em que acordei às 3 e 15 da manhã? Essa...sim, quando senti a tua falta e me acariciei como se fosses tu que o estivesses a fazer... oh meu amor, como sinto a tua falta!...
Não, não sei que horas são... até o relógio me tiraram deste sepulcro... olho pelas frinchas da janela e vejo luar... não sei a quantos estamos... mas isso tem importância? Que valor terá o dia em que me encontro se não te encontro num só momento? Desespero neste tormento de sentir a tua falta e não te sentir a presença... Como poderia sentir se tudo o que sinto é dor? Todos os nossos momentos me passam pela memória e esta lembrança chora, chora como se fosse ela a minha própria alma e eu não existisse...
Aqui onde estou não me lembro do que sou, só me lembro de ti e de todos os momentos em que estive contigo e contigo vivi... Sim, agora não vivo, apenas recordo... Dizem que recordar é viver... oh meu amor como pode ser viver se cada vez que me lembro, sinto que estou a morrer... as tuas mãos estão aqui no meu peito apertando-me os seios como tu tanto gostavas de fazer... a tua boca na minha boca e a humidade da tua língua na minha língua... o doce beijo nos meus mamilos e como as tuas mãos me penetravam com doçura e força ao mesmo tempo... oh meu bem, como te amo tanto... como te quero tanto... oh meu bem que lágrimas tão amargas estas que broto a todo o momento... olha, devem ser 4 da manhã... vem aí a enfermeira com a injecção do costume... continuam a dizer que esta minha loucura não tem cura... eu sei que não tem, como poderia ter? Como me posso curar da tua ausência? Como posso viver nesta minha morte? Não sei meu amor, não sei.
A enfermeira me aconchegou os cobertores... sabes, está frio e sinto frio dentro de mim... já não consigo falar... apenas olho no vazio... neste vazio que me preenche... Mas não preciso de mais nada, basta-me a lembrança dos momentos que vivemos... basta-me esta dor que vive comigo... bastam-me estas lágrimas... o meu pão de cada dia... o meu alimento neste vazio... sinto os olhos pesados... sei que vou dormir mais um pouco mas estou feliz pois vou dormir contigo nos meus braços, nestes braços que não te sentindo te lembram, te tocam, te apertam contra mim... lembras-te de quando adormecíamos assim? Como era bom acordar a meio da noite com os braços dormentes e sentir o calor do teu corpo abrasar este meu ser que de tanto te querer te perdeu... oh meu amor, como te amo... como sinto a tua ausência... vou dormir... até mais logo... lembra-te de mim como me lembro de ti... um resto de noite feliz, meu amor...
a tua Maria..."

domingo, 9 de janeiro de 2005

vontade



...palavra maldita que de bem dita se torna altiva, serena postura de quem diz que quer e ao mesmo tempo não sabe se quer; de quem sente e não sabe se sente; de quem corre quieto em espaços-tempos delineados no esquecimento da lembrança, do saber-me aqui sem prazo nem limite até ao termo concedido de ser e olhar e... não ver nem saber...
(photofrom:middlearthits)


sábado, 8 de janeiro de 2005

impotência



...há muito tempo que não vos falava dos meus pardais... hoje, tive o prazer de contar uma dezena deles na varanda da minha cozinha (local onde lá vão procurar os bagos de arroz que lhes dou) e consegui ser feliz ao vê-los ali mais uma vez... foi, no entanto, uma forma de me recordar daquele dia em que "segurei" a vida de um deles, durante algum tempo, na minha mão e no habitual acto de impotência que o Homem tem de "segurar" a vida, sentir também o último bater daquele coração...


sexta-feira, 7 de janeiro de 2005

gémeas



...quando não encontro palavras, encontro imagens...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2005

brotado

...abre-se este espaço para escrevermos algo que precisemos de brotar de bem dentro de nós para cá para fora, ao fim e ao cabo, dirigido a todos vós, a todos os que nos lêem, a todos os que, com uma certa dose de curiosidade ou de paciência, procuram uma razão (um valor) naquilo que foi escrito, ou simplesmente deixado aqui dito...
...é isso, a maior parte das vezes, aquilo que faço; vir aqui dizer ainda aquilo que não sei que dizer, esperando apenas que as palavras surjam dos meus dedos que batem nestas teclas; mas isto já todos sabem porque já o afirmei muitas vezes que não elaboro os meus textos; deixo-os ir à deriva pelo espaço que este espaço permite; por vezes, surge uma paragem para retocar um caractér que foi mal teclado ou para colocar um acento (que às vezes nem sabemos se estará ou não correcto; já passei por muitas alterações ortográficas que agora nem me preocupo com isso; porém, tento escrever as palavras com a lógica que elas me provocam) agudo ou grave numa palavra, por ventura, sem acento mas que, às tantas, assenta bem naquele sítio, naquela frase ou naquele dito... escrevo então o que a mim próprio dito, seja bem ou mal dito!...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2005

silêncio

...associo-me a todos em memória das vítimas do maremoto...

terça-feira, 4 de janeiro de 2005

medir

...um dia, há milénios passados, perguntei se amar tinha medida, ou peso, ou tamanho; nessa altura, a minha caminhada ainda era prematura e ainda muito "verde" nos caminhos da vida; e nunca ninguém me soube responder e eu, ainda que repetindo a pergunta muitas vezes, nunca sabia "como" amar; se amar deste tamanho, se amar com este peso, se amar de determinada forma ou feitio; se amar tivesse medida eu queria amar com o máximo que ela tivesse...
...um dia, há milénios passados, deixei de me preocupar com a forma, com a medida do Amor; pela simples razão de que, durante toda a minha demanda, jamais houvera encontrado essa mesma bitola, essa fita métrica ou essa balança...
...e foi nesse momento, quando deixei de procurar como é que deveria Amar, de que forma é que deveria "usar" o Amor (como que fosse um componente para se fazer um bolo), que eu descobri que o Amor não tem medida...
...o Amor jamais se pode medir, o Amor apenas, é...
...é amando, é dando-nos completamente numa entrega absoluta, que se consegue amar...
...e quem o conseguir fazer, para além de tudo que possa transmitir aos outros, será ele mesmo, uma pessoa inteiramente feliz...
...não, não amo muito... não, não amo com todas as forças da minha alma... não, não enlouqueço...
...amo, apenas...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2005

gostos



...sem qualquer razão que não seja a do facto de que gosto da imagem...

domingo, 2 de janeiro de 2005

mutantes



...de braços erguidos ao alto, desesperadamente desnudados, aguardam pacientemente a vinda da Primavera para que de novo se tornem vivas...

sábado, 1 de janeiro de 2005

escolho

...escolho não possuir o que quer que seja, nem sequer o dom de suportar a dor nem o pecado da inveja dos que a suportam...
...escolho não possuir o que quer que seja, nem o dom de iluminar as trevas nem o pecado da inveja dos que a iluminam...
...escolho nada possuir mas escolho saber que nesse nada que possuo, cabe tudo o que me vai na Alma e a firme vontade de sorrir a todos vós e crer (querer) dizer-vos:
..."Vão em frente!..."