Bendigo o silêncio que me envolve; há tão-somente o chilrear dos pardais que no meu quintal fazem os tais voos palermas; são imensos e, neste momento, com o vento norte que sopra um pouco forte, esse piar dilui-se porque o som vai para sul deste meu canto. Me encanto, sem espanto, neste doce manto de paz e de solidão. Não estou triste nem a mágoa me consome apesar de tal estado ser enorme. Me entrego a ela em paz e com muita serenidade; não faço alarde nem a tento afastar. Aguardo apenas; aguardo o que houver para aguardar; não vou apressar o passo para passar em frente o que tenha de vir ainda a passar; não sei o que está para vir mas sei que algo virá. Bendigo, pois, o silêncio que me envolve. Sinto-me nele como dele fosse parte e não existisse sem que ele me deixasse; penso mesmo que, presentemente, eu deixaria de ser o que sou se o silêncio me abandonasse; no entanto, grito e desejo que tal aconteça, grito e anseio que ele desapareça, que algo surja para eu rir às gargalhadas. Porém, me assalta uma dúvida: que outra paz e serenidade poderei ter se este silêncio me abandonar? Será que a luta e o movimento será uma outra paz? Será que quando o actual silêncio me abandonar eu irei ter novamente um outro silêncio? Há muito já que ele faz parte de mim, ou se calhar não tanto tempo assim; todavia, a contagem até nem é importante, nós é que damos a importância que se sente deva ser dada, ou talvez não, talvez nem mereça ser assim tão doce ou mesmo breve; é que não sei se o estado de alma que sinto é doce e longo se amargo e curto, se amargo e longo ou doce e curto; sei apenas que me sinto bem e ao mesmo tempo sei que não o posso aguentar muito mais tempo. Tragédia esta a minha que de tão simples a faço tão complicada. Mas não seremos nós os complicadores que de tanto complicarmos as coisas, estas se tornam mesmo complicadas? Se calhar assim é. Resta-me, por isso, a esperança de que seja eu que esteja a laborar num erro e não que seja o erro um erro em si mesmo. O nevoeiro que nos cobria há 48 horas dissipou-se; o sol está novamente brilhando; pode ser que seja um bom augúrio, ou talvez apenas uma mudança de vento; que seja o que tiver de ser; nada mais simples que aceitar o que nos for dado vivenciar. Bendigo, portanto, o silêncio que me envolve. No entanto, espero apenas (nem que seja um grito) que algo me acorde.
domingo, 31 de outubro de 2004
sábado, 30 de outubro de 2004
sexta-feira, 29 de outubro de 2004
ouvindo a noite
...sentado nesta cadeira de frente para o meu computador, numa mesa de madeira, branca de sua cor, eu teclo nas letras paradas ao redor dos meus dedos...preparo um texto, sem contexto, com uma textura qualquer, talvez de amargura...não me preocupa a forma, nem as palavras que me vão deslizar pelos dedos e destes para o écran que, de vez em quando, olho prevenindo um possível erro de escrita...não me preocupa o tema, mesmo que sem lema não se torna um dilema neste plural sistema de escrever prosa ou poema...
...trata-se de fazer deslizar apenas o teclado pelos meus dedos e deixar sair as palavras da minha mente numa constante busca da semente do significado para aquilo que estou a fazer neste momento...e que faço eu, nesta hora, aqui, sozinho e agora, batendo lento ou apressado nas teclas do meu teclado...olho em frente e vejo um relógio que marca as horas lentas que passam por mim e que marcam o tempo de viver a sorrir e a amar...
...tudo e todos, sem olhar a quem...somente por amar...
...e que espero eu obter desse amargor doce da alma que sofrendo não chora, pelo contrário, vive e implora...e que espero eu senão encontrar o caminho mais leve que me percorra o corpo como quente neve branca como o luar que lá fora, no céu cinzento, teima em espreitar numa noite fria de chuva que se aproxima do meu solitário estar...
...não percorro os corredores do dia que passou nem choro as lágrimas que retive dos acontecimentos que por mim passaram como uma brisa leve pousando no lugar onde estou e me sinto pairar dentro do meu próprio eu...
...procuro o sentido da vida que não encontro, numa procura constante de mim mesmo, na luta insana da loucura que afasto de mim nem que seja por um instante...
...e esse instante está chegando na forma da noite que se aproxima, daquele estado de espírito que me anima, pois a solidão resta a meu lado sem um mudo som ou qualquer grito abafado...
...e aqui fico, esperando a noite chegar para nela me agachar e aninhar...povoar nela os meus sonhos de aqui me sentir e de aqui gostar de estar, neste lado do meu mundo, sozinho, de dia ou de noite, a mim próprio mentindo...
...mentindo-me em constante delírio duma busca que ufana luta me provoca na mente que, pensando, não me escuta...
...e não me oiço a pensar, nem quero sequer isso imaginar; oiço apenas a noite chegar e a sua escuridão me abraçar, sem me possuir nem me ter, apenas me rodeando de um leve prazer por ouvir os seus sons sobre mim verter...
...e vertem-se esses sons em pancadas surdas de palavras mudas, livres e desnudas de sentido ou de intenção...
...a noite traz paz ao meu coração...ouvindo-a, fico sossegado e dou a mim próprio a minha própria mão...segurando-me para não a possuir...para ficar aqui e não ir...
...senti-la apenas num, pequeno que seja, luxuriante som...
...Ouvindo a noite, parto para o êxtase do meu ser, não pretendendo ver, apenas ouvi-la...
...dentro de mim, a bater...
...trata-se de fazer deslizar apenas o teclado pelos meus dedos e deixar sair as palavras da minha mente numa constante busca da semente do significado para aquilo que estou a fazer neste momento...e que faço eu, nesta hora, aqui, sozinho e agora, batendo lento ou apressado nas teclas do meu teclado...olho em frente e vejo um relógio que marca as horas lentas que passam por mim e que marcam o tempo de viver a sorrir e a amar...
...tudo e todos, sem olhar a quem...somente por amar...
...e que espero eu obter desse amargor doce da alma que sofrendo não chora, pelo contrário, vive e implora...e que espero eu senão encontrar o caminho mais leve que me percorra o corpo como quente neve branca como o luar que lá fora, no céu cinzento, teima em espreitar numa noite fria de chuva que se aproxima do meu solitário estar...
...não percorro os corredores do dia que passou nem choro as lágrimas que retive dos acontecimentos que por mim passaram como uma brisa leve pousando no lugar onde estou e me sinto pairar dentro do meu próprio eu...
...procuro o sentido da vida que não encontro, numa procura constante de mim mesmo, na luta insana da loucura que afasto de mim nem que seja por um instante...
...e esse instante está chegando na forma da noite que se aproxima, daquele estado de espírito que me anima, pois a solidão resta a meu lado sem um mudo som ou qualquer grito abafado...
...e aqui fico, esperando a noite chegar para nela me agachar e aninhar...povoar nela os meus sonhos de aqui me sentir e de aqui gostar de estar, neste lado do meu mundo, sozinho, de dia ou de noite, a mim próprio mentindo...
...mentindo-me em constante delírio duma busca que ufana luta me provoca na mente que, pensando, não me escuta...
...e não me oiço a pensar, nem quero sequer isso imaginar; oiço apenas a noite chegar e a sua escuridão me abraçar, sem me possuir nem me ter, apenas me rodeando de um leve prazer por ouvir os seus sons sobre mim verter...
...e vertem-se esses sons em pancadas surdas de palavras mudas, livres e desnudas de sentido ou de intenção...
...a noite traz paz ao meu coração...ouvindo-a, fico sossegado e dou a mim próprio a minha própria mão...segurando-me para não a possuir...para ficar aqui e não ir...
...senti-la apenas num, pequeno que seja, luxuriante som...
...Ouvindo a noite, parto para o êxtase do meu ser, não pretendendo ver, apenas ouvi-la...
...dentro de mim, a bater...
quinta-feira, 28 de outubro de 2004
quarta-feira, 27 de outubro de 2004
amar como o vento
"Em cada relação que começa, a vida e o amor renascem. A paixão coloca cada pessoa num ponto alto e excepcional, inevitável e imperdível. Gostosamente. Mas as pessoas no seu melhor vêm depois, às vezes muito depois, quando se chora e luta, quando se aceita e se resiste, quando se constrói e quando se acredita. As verdadeiras relações, os grandes amores são sempre virtuais. Não por serem irreais, antes por serem imateriais, apesar de nos darem a ilusão de um corpo, de um suporte material que tocamos e possuímos, que acreditamos nosso, real, físico, material. Sentimos amor, quase conseguimos tocar, agarrar essa sensação. Dizemos convictos que é real. Olhamos o outro nos olhos e parece real, parece que o outro ali está e nos ama mais que nós... Mas ver, sentir, tocar, são formas de aceder ao amor, ascensores, facilitadores. Difícil mesmo é planar. As relações são feitas de ar, planar. É no vento que se ama. Talvez ser o próprio vento, e não a folha. Vê-se melhor o que é amar quando é difícil amar, aceitar que é sempre mais do que improvavelmente, um esforço, um desejo, um empenho pessoal em algo que materialmente não existe, não é palpável nem mesmo se sente. Nunca se ama realmente, a realidade do amor é nunca ser real. Virtual. No dia a dia, corpo a corpo, sonha-se o amor, sonha-se um amor virtual, que se não for virtual não é amor. Virtual porque não depende da presença do outro, da aparência do outro, do comportamento do outro. Um amar que perdura e se sustenta (Vento) mesmo quando não vemos o outro. Amar é memória, antecipação e crença profunda em memórias que hão-de vir. Virar a cara a quem nos vira a cara, sabemos todos que é real, bem concrecto, mas não é amar. Ama-se mesmo quem não nos ama e nos quer deixar. É na paciência, na persistência que se mede o amor. Amar é escolher amar. Depende de quem ama e não de quem é amado. Depende do esforço e disponibilidade de quem ama. Ninguém merece ser amado, porque ninguém pode deixar de merecer ser amado. Não depende do mérito, não depende do comportamento, não se vê nem se comprova. Posso ter que silenciar, posso ter de partir... vai comigo o amor."
(from: autoria devidamente identificada)
terça-feira, 26 de outubro de 2004
segunda-feira, 25 de outubro de 2004
questão de oportunidade
...às vezes é uma questão de oportunidade...ou se está lá no momento exacto ou não...
...às vezes é uma questão de amar ou não amar...é só saber se se ama ou não...
...como descobrir se amamos alguém? É simples. É estar. É ser. É sentir. É viver. É dar. É usufruir. É fluir. É pensar. É querer!...
...é, sobretudo, dar...quando sentimos que estamos a dar a nossa atenção a outrém, quando sentimos que estamos a dar o nosso melhor em favor de alguém, quando sentimos que o importante não somos nós mas aquele que ali está e que precisa de nós...aí, sabe-se que se está a amar alguém...
...e, às vezes, é uma questão de oportunidade.
Muitas vezes nunca passa por nós a pessoa certa e nunca nos damos ao "trabalho" de saber se não seria aquela pessoa a pessoa certa...e ela se vai...e nunca mais a veremos...é uma questão de oportunidade...sentir no momento exacto que alguém precisa de nós e nesse exacto momento nos darmos e então aí saberemos que estamos a amar...
...não é difícil...talvez, na realidade, seja uma questão de oportunidade...
...olhai bem em volta, à frente e atrás...pode ser que alguém precise de vós...e se esse alguém lá estiver...não percam essa oportunidade de amar...nesse momento sereis felizes...
...às vezes é uma questão de amar ou não amar...é só saber se se ama ou não...
...como descobrir se amamos alguém? É simples. É estar. É ser. É sentir. É viver. É dar. É usufruir. É fluir. É pensar. É querer!...
...é, sobretudo, dar...quando sentimos que estamos a dar a nossa atenção a outrém, quando sentimos que estamos a dar o nosso melhor em favor de alguém, quando sentimos que o importante não somos nós mas aquele que ali está e que precisa de nós...aí, sabe-se que se está a amar alguém...
...e, às vezes, é uma questão de oportunidade.
Muitas vezes nunca passa por nós a pessoa certa e nunca nos damos ao "trabalho" de saber se não seria aquela pessoa a pessoa certa...e ela se vai...e nunca mais a veremos...é uma questão de oportunidade...sentir no momento exacto que alguém precisa de nós e nesse exacto momento nos darmos e então aí saberemos que estamos a amar...
...não é difícil...talvez, na realidade, seja uma questão de oportunidade...
...olhai bem em volta, à frente e atrás...pode ser que alguém precise de vós...e se esse alguém lá estiver...não percam essa oportunidade de amar...nesse momento sereis felizes...
sábado, 23 de outubro de 2004
Uivo sobre o glaciar
Levantou-se com um sobressalto, daqueles que nos erguem a coluna com uma inspiração sôfrega de desespero na garganta. A escuridão estava toda tingida de azul. Uma estranha luminosidade azul que vinha do lado de fora da janela. Espreitou por trás do veludo já velho e viu o vidro da janela quebrado, estilhaçado no canto inferior esquerdo. Tocou-lhe e automaticamente levou o dedo à boca, sugando o sangue do corte que acabara de sofrer. Um breve gemido de dor, frustrado de fúria. A lua tinha desaparecido, tinha deixado um buraco no céu. Sentiu um arrepio como uma corrente de ferro a mover-se no interior da espinha. Julgou ouvir ruídos, um estalar de madeira, ecos de passos atrás de si, o som das sombras... Voltou-se e tremeu. Não olhou sequer para si própria. O chão estava alagado, os pés descalços enregelavam-na. Ouvia uma torneira aberta, pingava lentamente, com o peso da tortura. Segurou a cabeça com as mãos, crispando os dedos entre os cabelos, tapando os ouvidos quase até ao limiar da dor. Correu para a floresta a sul da sua janela, engolida pelo redondo do uivo que suspirava por todo o lado à sua volta. Não se vestiu. Tudo continuava assustadoramente azul, os seus olhos ferviam e faiscavam, fazendo perguntas às estrelas ausentes. Correu num ritmo deslumbrante, na sua deslumbrante figura pálida. Se a víssemos em pausa, acharíamos a mais bela fotografia do mundo... Correu atrás do Lobo. Sonhara com ele durante 10 noites seguidas, um segundo mais cada noite, até que o sonho a puxou para dentro e ela foi ao seu encontro. Correu atrás do Lobo, dominada pela loucura. Gritava o nome do seu amor, como se chamasse por ele. Gritava, gritava, gritava... O Lobo deixou de estar à sua frente, e surgiu-lhe pelas costas, quando vergou os joelhos e caiu no chão húmido. Tinha chovido nas horas anteriores, muito certamente. Arranhou a terra com as unhas como punhais. Sentiu um frio muito fino percorrer-lhe a parte de trás do pescoço, desde a nuca, descendo até à cintura. Depois um calor imenso a escorrer-lhe pelos braços. Tinha o Lobo por cima do seu corpo, num qualquer movimento extasiante, sentia-o roubar-lhe a vida ao mesmo tempo que a alimentava de eternidade. A escuridão torna-se tão intensa que explode em luminosidade. A noite quebra-se em mil fragmentos. Tudo inundado de azul, o olhar dela num fervilhar insustentável de paixão. Está um homem ao seu lado. Está frio. O branco tinge-se de vermelho. O chão absorve-lhe o sangue frio. Desce da pele glaciar tão suavemente como a mão ávida desliza sobre o gelo... O olhar ficou preso no infinito. Um gesto último de desespero suspenso na mão. E a boca entreaberta, no último suspiro com o nome do seu amor.
(oferta)
sexta-feira, 22 de outubro de 2004
quinta-feira, 21 de outubro de 2004
Cristiana
...Cristiana veio a seguir ao Nuno (meu primogénito)
....faz hoje 33 anos que me deu a alegria de ser pai pela segunda vez
....longa caminhada esta que nos levou por estradas tão diversas
....sendas percorridas com risos e lágrimas
....metas que não estão escolhidas mas que serão atingidas
....com esperança no peito e um sorriso na alma
....parabéns filhota!...
...um beijo muito grande
....faz hoje 33 anos que me deu a alegria de ser pai pela segunda vez
....longa caminhada esta que nos levou por estradas tão diversas
....sendas percorridas com risos e lágrimas
....metas que não estão escolhidas mas que serão atingidas
....com esperança no peito e um sorriso na alma
....parabéns filhota!...
...um beijo muito grande
quarta-feira, 20 de outubro de 2004
terça-feira, 19 de outubro de 2004
caminhando
...um dia, que possa ser bem distante deste, olharei para mim e reconhecer-me-ei; hoje, ainda não sei quem sou... deambulo como se o fizesse mecanicamente... um dia, que possa ser bem distante deste, postarei aqui um texto sem emendas, sem rasuras e sem entrelinhas; direi, nessa altura quem sou, pois só nesse momento saberei para o que vim... não vou pedir alvíssaras por me ter encontrado nem me vou premiar por ter lá chegado... olharei apenas para mim; servirá um simples espelho.
Nele verei estampado um rosto que não é o que tenho agora mas o que verei ali retratato; depende dos olhos que olharem e da alma que me verá... não sei se me saberei ler bem fundo nos meus próprios olhos... mas vou levar uma cábula e talvez me ajude a entender-me um pouco melhor... hoje, ainda não me conheço mas nem por isso esmoreço... caminho ainda na demanda, sabeis que sim porque todos sabem quem sou; eu não, porque não sou eu que aqui estou... ainda vou a caminho de lá, a caminho de saber o que vim aqui fazer... tarefa dificil esta... no entanto, sorrio antecipadamente porque nesse dia, finalmente, me vou poder ler... nessa altura, saberei o porquê de tudo...
segunda-feira, 18 de outubro de 2004
reunião

...de ancestralidades... a meta final... o caminho a seguir...
(photo in: vozdovento.blogger.com.br)
domingo, 17 de outubro de 2004
parar
...todos querem descansar..."só quero descansar"... olhar para dentro e visionar a alma... olhar para o que nos cerca e disfrutar a calma... sentir o odor do silêncio e ouvir o cheiro do vento... tactear o nada à nossa volta e provar o sabor da solidão... sorrir ao tudo que não vemos e gritar ao nada que temos... são apenas palavras ou frases gastas na tentativa de compor um laço perfeito de sons num riso de cores esbatidas na tela da vida... só isso e um sorriso...
sábado, 16 de outubro de 2004
sexta-feira, 15 de outubro de 2004
tempo
...num certo dia em que não tinha tempo, esperei algum tempo para ver se arranjava tempo para ver porque razão é que não tinha tempo para ter tempo para pensar no tempo
...então dei por mim a ter tempo para pensar no tempo de ter tempo para mim
...foi quando vi que o tempo era uma coisa sem tempo para me dar o tempo que não tinha...
...decidi que não existe o tempo...
...apenas existo num tempo sem tempo para ter tempo de pensar no tempo
...por isso não penso no tempo pela simples razão de que não existe tempo para eu pensar em ter tempo para pensar no tempo...
...então dei por mim a ter tempo para pensar no tempo de ter tempo para mim
...foi quando vi que o tempo era uma coisa sem tempo para me dar o tempo que não tinha...
...decidi que não existe o tempo...
...apenas existo num tempo sem tempo para ter tempo de pensar no tempo
...por isso não penso no tempo pela simples razão de que não existe tempo para eu pensar em ter tempo para pensar no tempo...
quinta-feira, 14 de outubro de 2004
guilherme

quarta-feira, 13 de outubro de 2004
terça-feira, 12 de outubro de 2004
segunda-feira, 11 de outubro de 2004
par

teimosamente
Teimosamente, os representantes de Cristo na Terra, mesmo com 2000 anos já passados, como que ainda estando escondidos nas catacumbas de Roma, dizia eu que, teimosamente esses representantes continuam a esconder Cristo dos Homens, através de atitudes que a Igreja Mãe, Católica Apostólica Romana, continua a ter ao não permitir que Cristo seja visto por todos os Homens, como Alguém que está sempre ao nosso lado, sempre presente em todos os actos da nossa vida, dando-nos a Sua mão, dando-nos o Seu amor de paz, dando-se Ele próprio como numa catarse de unidade e amor global. Os representantes de Cristo na Terra continuam a fazer separações no seu rebanho, por vezes não procurando recuperar as tresmalhadas, por vezes não procurando amar as que verdadeiramente precisam de amor, por vezes dando atenção às hipocrisias no templo e ficando desatentos aos que, temerosos, não sentem a coragem de pedir ajuda.
Teimosamente, continuam a não deixar vir a Mim as "criancinhas" cabendo nesta classificação todos aqueles que ainda são "novos" nos caminhos para Deus...
Teimosamente, continuam a tapar Cristo dentro dum Sacrário, num Cofre, para que Ele não saia por aí dando o Seu amor a toda a gente.
Teimosamente, continuam a abrir o Sacrário apenas àqueles que muitas vezes brancos por fora se encontram escuros por dentro.
Teimosamente, continuam a abrir o Sacrário apenas quando entendem que o devem abrir e não quando lhes pedem para que o abram...
Teimosamente, continuam a não dar ouvidos àqueles que ávidos de Amor Divino, lhes pedem tão somente uma palavra de conforto, um ouvir duma lamentação, uma confissão para que o coração se purifique, um pouco do Corpo de Cristo para que as suas Almas sejam salvas...
Teimosamente...continuam a esconder Cristo ao Homem...
Teimosamente, continuam a não deixar vir a Mim as "criancinhas" cabendo nesta classificação todos aqueles que ainda são "novos" nos caminhos para Deus...
Teimosamente, continuam a tapar Cristo dentro dum Sacrário, num Cofre, para que Ele não saia por aí dando o Seu amor a toda a gente.
Teimosamente, continuam a abrir o Sacrário apenas àqueles que muitas vezes brancos por fora se encontram escuros por dentro.
Teimosamente, continuam a abrir o Sacrário apenas quando entendem que o devem abrir e não quando lhes pedem para que o abram...
Teimosamente, continuam a não dar ouvidos àqueles que ávidos de Amor Divino, lhes pedem tão somente uma palavra de conforto, um ouvir duma lamentação, uma confissão para que o coração se purifique, um pouco do Corpo de Cristo para que as suas Almas sejam salvas...
Teimosamente...continuam a esconder Cristo ao Homem...
domingo, 10 de outubro de 2004
imagem

...preciso disto; desta imensidão; não deste fogo mas sim da ilusão que ele invoca; desta leveza que sufoca; desta imensa beleza que de dor num sorriso em mim provoca...
sábado, 9 de outubro de 2004
hoje
...e porque hoje gotas de chuva também me lavaram a alma
...e porque hoje também despi meu corpo e me olhei inteiro
...e porque hoje senti a sombra da minha ausência
...e porque hoje sorri à solidão e não fechei a janela
...e porque hoje abri a porta e entrei dentro de mim
...e porque hoje berrei o silêncio e o grito calei
...aqui vim e me quedei sorrindo do choro que ainda não chorei...
sexta-feira, 8 de outubro de 2004
lembrar

quinta-feira, 7 de outubro de 2004
trindade
Distinguem-se 3 tipos de amor, susceptíveis de encaixarem uns nos outros:
1. EROS (erotismo). É o amor carnal, sexual. O desejo físico do outro exprime-se pela paixão amorosa, vivida, muitas vezes, na falta e no sofrimento.
2. PHILIA (amizade). O amor carnal evolui para o amor-ternura. Não é mais somente um instinto carnal, ou uma concupiscência. Ele dá-se. É alegre, expansivo. É o amor conjugal realizado e aquele que é dado aos seus filhos e reciprocamente. É também amizade. No entanto, permanece mais ou menos interessado.
3. AGAPE (caridade). É o amor dado sem procura de contrapartida. É o bem por excelência. Os crentes encontram a sua fonte em Deus, que é amor.
Há pois oposição entre o amor-EROS de concupiscência e de cobiça, e o amor-PHILIA, ou Agape, que são amores de benevolência e de amizade. Quer-se bem a alguém, em vez de o possuir. Os dois sentimentos, na maior parte das vezes, justapõem-se.
O amor-EROS não é uma virtude. «É uma questão de sentimento e não de vontade, diz Kant, e eu não posso amar porque eu o quero, menos ainda porque eu o devo; daí se conclui que um dever de amar é um contra-senso.»
Efectivamente, «o amor não se comanda porque é ele quem comanda, diz A. Comte-Sponville.»Mas à medida que se avança na sabedoria e na virtude, desligamo-nos dos desejos egoístas e elevamo-nos nos graus do amor.
Primeiro, só se ama a si mesmo, depois o outro e depois os outros.
Assim, «a benevolência nasce da concupiscência pois o amor nasce do desejo, do qual não é mais que a sublimação alegre e satisfeita. Este amor é uma virtude: querer o bem do outro é o próprio bem» (Ibidem, p. 349.)É o ideal. «O ideal da santidade», sublinha Kant. Ele guia-nos e ilumina-nos. É uma virtude pois é uma excelência.
E, milagre, «o amor que realiza a moral liberta-nos dela». «Ama e faz o que quiseres», dizia Santo Agostinho.O amor é pois, o começo de tudo.
(in Jean Guitton et Jean-Jacques Antier – Le Livre da la Sagesse et dês Vertus Retrouvées)
1. EROS (erotismo). É o amor carnal, sexual. O desejo físico do outro exprime-se pela paixão amorosa, vivida, muitas vezes, na falta e no sofrimento.
2. PHILIA (amizade). O amor carnal evolui para o amor-ternura. Não é mais somente um instinto carnal, ou uma concupiscência. Ele dá-se. É alegre, expansivo. É o amor conjugal realizado e aquele que é dado aos seus filhos e reciprocamente. É também amizade. No entanto, permanece mais ou menos interessado.
3. AGAPE (caridade). É o amor dado sem procura de contrapartida. É o bem por excelência. Os crentes encontram a sua fonte em Deus, que é amor.
Há pois oposição entre o amor-EROS de concupiscência e de cobiça, e o amor-PHILIA, ou Agape, que são amores de benevolência e de amizade. Quer-se bem a alguém, em vez de o possuir. Os dois sentimentos, na maior parte das vezes, justapõem-se.
O amor-EROS não é uma virtude. «É uma questão de sentimento e não de vontade, diz Kant, e eu não posso amar porque eu o quero, menos ainda porque eu o devo; daí se conclui que um dever de amar é um contra-senso.»
Efectivamente, «o amor não se comanda porque é ele quem comanda, diz A. Comte-Sponville.»Mas à medida que se avança na sabedoria e na virtude, desligamo-nos dos desejos egoístas e elevamo-nos nos graus do amor.
Primeiro, só se ama a si mesmo, depois o outro e depois os outros.
Assim, «a benevolência nasce da concupiscência pois o amor nasce do desejo, do qual não é mais que a sublimação alegre e satisfeita. Este amor é uma virtude: querer o bem do outro é o próprio bem» (Ibidem, p. 349.)É o ideal. «O ideal da santidade», sublinha Kant. Ele guia-nos e ilumina-nos. É uma virtude pois é uma excelência.
E, milagre, «o amor que realiza a moral liberta-nos dela». «Ama e faz o que quiseres», dizia Santo Agostinho.O amor é pois, o começo de tudo.
(in Jean Guitton et Jean-Jacques Antier – Le Livre da la Sagesse et dês Vertus Retrouvées)
quarta-feira, 6 de outubro de 2004
nudez

...corpos nus entregues à luz do Outono, erguendo os braços numa prece de Primavera que tarda em chegar... momentos de paz e de solidão na companhia do cinzento da vida...
terça-feira, 5 de outubro de 2004
nós, as palavras
Há já muito tempo que não nos vias, pois não? Sabes quem somos? Somos as palavras dele. Sabes quem é? É, ele tem-nos usado pouco, é um desleixado, um tonto ... enfim, um iletrado, pois não quer saber de nós. Sabes, o nosso esqueleto tem 23 ossos, são as chamadas letras do alfabeto. Com estes ossos formam-se coisas lindas e coisas feias, mas todas têm um nome: chamam-se palavras, é, palavras e como diz não sei quem, palavras levam-nas o vento. Por isso, ele tem medo que o vento nos leve e então guarda-as bem muito dentro dele. Lá muito no fundo, naquilo que vocês chamam de Alma, ou lá o que é. Mas também, não tem importância nós não sermos usadas quando nos usam para fins menos lindos. Gostamos mais que nos usem para coisas bonitas, para formar longas estradas cheias de nós, sabermos que estamos ali a dizer alguma coisa. Não é obrigatório sabermos o significado que nos dão mas temos a noção que temos significado. Depois também sabemos que são vocês que nos dão um determinado significado. Temos a noção que somos coisas giras e que formamos coisas bonitas, são as chamadas frases. Uma frase é formada por um conjunto de nós, palavras, e têm, pelo menos, um sujeito, um predicado e um complemento. Que giro, que coisas interessantes que vocês fazem connosco. Por exemplo a frase "Nós somos as palavras." Nesta frase existe um sujeito que somos Nós; depois tem um predicado, ou verbo como vocês dizem, que é a palavra "Somos" e, engraçado, o complemento é "as palavras", que giro, nós as palavras somos o complemento. Na verdade, somos o complemento de muitas coisas, por vezes de coisas menos bonitas, como já dissemos acima, mas temos o privilégio de sermos um sujeito e ao mesmo tempo um complemento. Repara que o predicado até nem é muito importante, pois se a frase for apenas formada por "Nós as palavras" toda a gente percebe o que é. Não temos dúvidas, nós somos importantes, Que giro. Já gostamos mais de nós mesmas. Até temos utilidade e para além de sermos um complemento, somos um sujeito. Um sujeito muito importante! Pois é, mas como íamos dizendo, ele tem-nos usado pouco; há coisa de um ano que ele deixou de nos dar importância, o malandro. Bem, mas nós, as palavras (que fique bem expresso, pois então), compreendemos perfeitamente as razões dele; ele diz, e com alguma razão (sabes, ele tem a mania de que tem sempre razão, é um convencido, mas não ligues, quando ele diz que tem razão se calhar é uma forma de ele estar vivo, de dizer de sua justiça de implementar, à força, a sua forma de estar no mundo, ele tem necessidade disso ... óh, como nós o compreendemos ... ) que nós devemos ser usadas mesmo sem o sermos, ou seja, podemos ser escritas ou ditas. Por acaso ele até nos usa melhor quando nos escreve, ele até fala pouco mas quando fala nunca mais acaba, é um chato; mas como íamos dizendo, ele diz que podemos ser escritas ou ditas e, é mesmo giro, mesmo sem sermos ditas podemos estar implícitas! É, pá, como nós somos importantes! Mesmo sem sermos ditas ou escritas...estamos implícitas! Que fino, não é? Como somos importantes! Pois é. Então, a verdade é que ele não precisa de nos usar na escrita, ele nos usa na Alma, no coração, na mente, na voz, nos actos, em todos os momentos da vida dele. Ele diz-te coisas mesmo sem nos usar. Nós estamos lá com ele e ele precisa de nós, mas nós entendemos que ele não nos utilize. Ele diz tudo o que tu precisas de saber mesmo sem nos usar. Ele diz-te tudo o que tu queres ouvir mesmo sem tu nos ouvires como palavras ditas. Ele fala-te tudo o que tu quiseres ler mesmo sem nos utilizar na escrita.Nós podemos dizer bem alto por escrito como podemos calar bem fundo mesmo quando gritadas. Somos nós a forma por vós todos usada para vos comunicardes, para vos entenderdes, para vos sentirdes felizes por vos saberdes juntos uns dos outros. Mesmo quando não nos usais podeis dizer com os olhos, com as mãos, com o saber ouvir, com o estar lá, com a angústia no peito, com o amor no coração. Mesmo sem nos usardes, vós podeis dizer uns aos outros o quanto se amam, o quanto se querem bem, o quando precisais uns dos outros. Sim, todos vós precisais uns dos outros; não podeis viver sozinhos mesmo que a solidão seja uma condição de vida. E ele, na verdade, tem-nos usado pouco. Mas nós compreendemos. Nós o conhecemos muito bem. Ele diz-te tudo o que tu precisas de saber mesmo sem nós. Ele diz-te ao estar a teu lado. Ele diz-te mesmo quando não está contigo. Ele fala-te com as mãos, com os olhos, com o coração, com a alma, com o riso, com a angústia, com a alegria, com o sofrimento, ele fala-te porque sabe o que é preciso saber de mais importante neste mundo: o saber que somos importantes para alguém. E tu, tu também o sabes, tu és muito importante para ele. Tu podes ler-nos perfeitamente mesmo sem ele nos usar. Bem, por agora vamos deixar-te. Até um dia destes. Beijinhos. Nós, as palavras.
segunda-feira, 4 de outubro de 2004
domingo, 3 de outubro de 2004
sábado, 2 de outubro de 2004
parir palavras
...eu gosto, gosto de repetir, repetir palavras, palavras repetidas, tantas quantas vezes me apetecer repetir, repetir vezes sem conta, não perdendo sentindo, ganhando sentido, na repetição, na adição, na multiplicação das palavras, palavras que leio, palavras que escrevo e repito escrevendo palavras repetidas, repetindo os sentidos, ousando repetir, significando vezes sem conta o mesmo sentido, palavras ditas, lidas, relidas, palavras amadas, sejam elas quais forem, palavras benditas, malditas, escritas ou mal escritas, lidas, relidas, ouvidas, soltas, pronunciadas, sentidas, palavras, somente palavras, sempre palavras, lidas, ouvidas, relidas, sentidas, amando palavras, brotando palavras, parindo palavras, fazendo-as ver a luz do dia e o negro da noite, quando a escrevo... Tenho sempre um bom parto quando dou à Luz uma palavra: Porque amo a palavra que pari...
sexta-feira, 1 de outubro de 2004
dia mundial da música

...SCORPIONS...
...os meus ídolos... e a minha música de eleição: Still Loving You...
(photo from: www.rock.2u.ru/)
quinta-feira, 30 de setembro de 2004
transformar
...peguei em mim mesmo e sacudi-me; esperei que saisse algo que tivesse a mais; mas não caiu nada de mim; continuei a sacudir e ouvi algo indefinido; era como que uma recordação dentro da minha alma ou do meu coração; como saber?... Peguei então em ti e despi-me de ti; tirei-te de dentro de mim. Coloquei-te ali ao meu lado e olhei para ti. Foi nessa altura que me senti nú. Mas não consegui vestir-te de novo. Já não cabias dentro de mim. Que fazer então?
...sonhos destruidos, caminhos não percorridos ou teriam sido mesmo percorridos? Como é que não reconheço se os percorri ou não? Confusão dentro de mim.
...sacudo as memórias mas a força centrífuga da saudade as mantêm aqui dentro. Fico atento.
...espero olhar em frente, não me sentir demente, talvez solidão somente; eternamente aqui ao meu lado presente.
...arrumo os fatos que me vestem a alma e com calma procuro novas roupas que me tapem a nudez que me enregela o corpo, como nado morto, triste e absorto...
...quero ressuscitar, quero simplesmente me transformar, vestir-me de novo, olhar para o espelho e sorrir, cantar, bailar; pegar em mim e voltar a caminhar qualquer que seja o caminho que tenha ainda de palmilhar...
...é que os pés, mesmo de barro, ainda são os mesmos; cansados de andar, é certo, mas os que sempre me sustentaram de pé nesta tremenda e actual falta de fé...
quarta-feira, 29 de setembro de 2004
terça-feira, 28 de setembro de 2004
grita
...amem-me com força, com amor, com dor, com sol, com alma, com ódio, com riso, com choro, com doçura, com mel, com fel, com frio, com mãos, com corpo, com olhos, com línguas e olfactos...
...amem-me com dorso, com costados, com palmas, com gelo ou com fogo...
...amem-me com garra, com pena, com ternura ou com censura...
...amem-me um minuto, uma hora, um dia, uma vida, um momento ou uma eternidade...
...amem-me no ventre ainda ou já com idade, com siso ou indeciso, com chuva, com vento, com água, com sal...
...amem-me por um momento que seja para que esse momento perdure na vida ainda que essa vida não perdure nesse momento!...
...amem-me com dorso, com costados, com palmas, com gelo ou com fogo...
...amem-me com garra, com pena, com ternura ou com censura...
...amem-me um minuto, uma hora, um dia, uma vida, um momento ou uma eternidade...
...amem-me no ventre ainda ou já com idade, com siso ou indeciso, com chuva, com vento, com água, com sal...
...amem-me por um momento que seja para que esse momento perdure na vida ainda que essa vida não perdure nesse momento!...
segunda-feira, 27 de setembro de 2004
domingo, 26 de setembro de 2004
deuses
...deuses fecundos e deuses infecundos
... que de amor se preenchem e que de amor se entregam
... estados puros que nos abraçam em momentos de paz onde o líbido não reconhece o corpo e a alma nele se desfaz
...nesse puro amor de ávidos sentidos onde não existe a dor senão apenas a do despojar de tudo, onde o nada surge no seu esplendor como uma flor, abrindo-se e fechando-se ao mesmo tempo
...nem só de viriatos vive a mulher; a loucura é preciso, a insanidade está no siso e no riso
...apuram-se as palavras para designarem amar; amar não se designa, amar não se resigna, amar não se digna, amar nem sequer é uma insignia, amar é um estado de alma onde, na verdade, se fundem os viriatos que nem são homens nem mulher
...são apenas o desejo de o ser...
... que de amor se preenchem e que de amor se entregam
... estados puros que nos abraçam em momentos de paz onde o líbido não reconhece o corpo e a alma nele se desfaz
...nesse puro amor de ávidos sentidos onde não existe a dor senão apenas a do despojar de tudo, onde o nada surge no seu esplendor como uma flor, abrindo-se e fechando-se ao mesmo tempo
...nem só de viriatos vive a mulher; a loucura é preciso, a insanidade está no siso e no riso
...apuram-se as palavras para designarem amar; amar não se designa, amar não se resigna, amar não se digna, amar nem sequer é uma insignia, amar é um estado de alma onde, na verdade, se fundem os viriatos que nem são homens nem mulher
...são apenas o desejo de o ser...
sábado, 25 de setembro de 2004
sexta-feira, 24 de setembro de 2004
caminhar
...caminho por espaços vazios; sem ventos nem ondas de mar ou de areias; caminho por loucas miragens de sonhos que anseias; caminho por calçadas de granito frio; duro, mas dentro dele, como ouro puro, a força da sua própria grandeza; caminho com leveza, por vielas escuras, nuas, de ténue luz duma varanda; caminho por onde não se anda; caminho por rios de água rasa, onde o sol brilha no coração que abrasa; caminho na direcção do nada, onde tudo se apaga num instante de beleza como uma estrela quando morre na sua própria incerteza; caminho sem saber por onde e por mais que procure, não diviso luz; caminho somente porque amo, sem saber porquê, sem saber o porquê, sem saber que a loucura me sufoca e que por detrás desta insana caminhada, estarás sempre tu, mulher amiga, meu amor e minha amada!...
quinta-feira, 23 de setembro de 2004
quarta-feira, 22 de setembro de 2004
terça-feira, 21 de setembro de 2004
boletim clínico
...a "doença" invade o nosso País; a todos os níveis; não vejo antídoto que sirva; é a educação, é a saúde, é a justiça, é as finanças públicas, é a convergência, é a direita, o centro e a esquerda, é o medo que se instala lentamente em relação a um futuro que ninguém quer crer que um dia vai ser negro para os nossos filhos e nossos netos...
...a "doença" invade o nosso País; a todos os níveis... é preciso um milagre, talvez ainda existam milagres por aí... alguém tem um que se veja ou que se venda? Não importa o preço a pagar, só que ninguém está disposto a pagar um preço...
...a "doença" invade o meu País...
...nada mais me resta que ir visitar o meu cão que ainda está internado na enfermaria da clínica veterinária... sim, ainda há clínicas veterinárias neste País para tratar dos nossos animais...
...fui vê-lo... sorriu (sim, os cães sorriem), levantou-se lentamente e dei-lhe a minha mão a cheirar... encostou o focinho e a narina na palma da minha mão e fungou, fungou como que tentando falar... abanou o rabo e voltou a deitar-se... o tubo do soro ainda estava direito... ele não o tinha retirado como que talvez sabendo que ali residia a sua ligação a este mundo infecto onde ainda há quem ostensiva e conscientemente passe com o carro por cima de um animal e não pare; poderia ter sido uma criança a atravessar a rua; pergunto, que teria feito?
...o meu cão está, segundo dizem os Veterinários, bem e deve ter alta hoje (sim, que isto de ter alta não é só para nós)...
...a "doença" invade o meu País...
...resta-me visitar o meu cão!
...a "doença" invade o nosso País; a todos os níveis... é preciso um milagre, talvez ainda existam milagres por aí... alguém tem um que se veja ou que se venda? Não importa o preço a pagar, só que ninguém está disposto a pagar um preço...
...a "doença" invade o meu País...
...nada mais me resta que ir visitar o meu cão que ainda está internado na enfermaria da clínica veterinária... sim, ainda há clínicas veterinárias neste País para tratar dos nossos animais...
...fui vê-lo... sorriu (sim, os cães sorriem), levantou-se lentamente e dei-lhe a minha mão a cheirar... encostou o focinho e a narina na palma da minha mão e fungou, fungou como que tentando falar... abanou o rabo e voltou a deitar-se... o tubo do soro ainda estava direito... ele não o tinha retirado como que talvez sabendo que ali residia a sua ligação a este mundo infecto onde ainda há quem ostensiva e conscientemente passe com o carro por cima de um animal e não pare; poderia ter sido uma criança a atravessar a rua; pergunto, que teria feito?
...o meu cão está, segundo dizem os Veterinários, bem e deve ter alta hoje (sim, que isto de ter alta não é só para nós)...
...a "doença" invade o meu País...
...resta-me visitar o meu cão!
segunda-feira, 20 de setembro de 2004
animais

...o meu amigo Black acaba de ser atropelado; está em observações aqui numa Clínica Veterinária que, por sorte, fica mesmo ao lado... local onde ele costuma aguardar as "visitas" acompanhando os "doentes"... tem o mau hábito de estar deitado na estrada obrigando todos os condutores a se afastarem dele... mas hoje houve um outro animal conduzindo um veículo que passou ostensiva e conscientemente por cima dele... pior, o carro saltou por cima do corpo do cão e o animal que conduzia nem sequer parou... o Black que latia a quase todos os carros que passavam, está neste momento silencioso aguardando com um brilho triste nos olhos o desfecho... hoje chorei...
domingo, 19 de setembro de 2004
sábado, 18 de setembro de 2004
quinta-feira, 16 de setembro de 2004
quarta-feira, 15 de setembro de 2004
terça-feira, 14 de setembro de 2004
segunda-feira, 13 de setembro de 2004
domingo, 12 de setembro de 2004
sábado, 11 de setembro de 2004
never more
...lembrar o 11 de Setembro...
...a guerra nunca trará a paz...
...as esperanças mutiladas...
...centelhas de vida apagadas...
...rosa cravada pelo espinho...
...que não exista o ódio...
...porque amar é o caminho...
sexta-feira, 10 de setembro de 2004
quinta-feira, 9 de setembro de 2004
findo
"Ontem disseste-me adeus e não mais senti bater o meu coração.
Ontem balbuciáste: "Tudo acabou" e uma angústia enorme começava para mim.
Ontem separámo-nos sem uma palavra e chorei em silêncio.
Ontem saudáste-me: "Tornaremo-nos a ver amanhã." e nenhum amanhã virá para nós.
Esta hora que tanto receávamos, desde o nosso primeiro encontro, chegou ao fim, e irá transformar mais a minha vida do que a tua.
Levarás contigo o sonho da minha manhã e eu ficarei apenas com o adeus desta tarde.
Esquecerás o meu nome e o meu rosto e eu recordarei tão somente os nossos dias felizes.
Em breve não saberás sequer que existo, mas cada uma das minhas horas terá a marca da tua saudade.
Porventura encontrar-nos-emos ainda: outras dores terão cancelado outros amores.
Nesse caso, olhar-nos-emos como estranhos e não nos reconheceremos.
Mas, provavelmente, não nos voltaremos a encontrar e nenhum amanhã voltará para mim...e jamais conhecerás a minha dor.
Partiste e a minha vida é um deserto.
Mas, onde quer que estejas, aconteça o que acontecer, quem quer que ocupe o meu lugar, sabe que o meu coração ainda não te disse adeus...
E o tormento que me deste, ninguém mo poderá tirar!..."
Ontem balbuciáste: "Tudo acabou" e uma angústia enorme começava para mim.
Ontem separámo-nos sem uma palavra e chorei em silêncio.
Ontem saudáste-me: "Tornaremo-nos a ver amanhã." e nenhum amanhã virá para nós.
Esta hora que tanto receávamos, desde o nosso primeiro encontro, chegou ao fim, e irá transformar mais a minha vida do que a tua.
Levarás contigo o sonho da minha manhã e eu ficarei apenas com o adeus desta tarde.
Esquecerás o meu nome e o meu rosto e eu recordarei tão somente os nossos dias felizes.
Em breve não saberás sequer que existo, mas cada uma das minhas horas terá a marca da tua saudade.
Porventura encontrar-nos-emos ainda: outras dores terão cancelado outros amores.
Nesse caso, olhar-nos-emos como estranhos e não nos reconheceremos.
Mas, provavelmente, não nos voltaremos a encontrar e nenhum amanhã voltará para mim...e jamais conhecerás a minha dor.
Partiste e a minha vida é um deserto.
Mas, onde quer que estejas, aconteça o que acontecer, quem quer que ocupe o meu lugar, sabe que o meu coração ainda não te disse adeus...
E o tormento que me deste, ninguém mo poderá tirar!..."
quarta-feira, 8 de setembro de 2004
sons
Foi numa altura em que ainda se conseguia lá ir com o carro; entrei pela porta principal e comecei a subir até ao mais pequenino sítio para se poder estacionar. Saí e o silêncio estava lá à minha espera. Havia um pouco de vento mas não sei de que quadrante. Fiz o restante do percurso a pé, até à zona mais perto do castelo, das muralhas.Olhei em frente e em volta. Fiquei fascinado. Nunca tinha visto as costas aos pássaros voando. Por baixo de mim e à volta das muralhas, os pássaros voavam abaixo do meu nível de visão. Era um enorme prazer o que a minha vista desfrutava.O silêncio estava ali ao meu lado.Inspirei fundo e retive o momento para que ainda hoje me lembre dele como se o estivesse a viver agora.Há imensas rochas por ali. Imensa memória ali cravada na pedra, ali forjada em segredos de distância e de histórias que se conhecem mas também das que se não sabem; memórias de tempos imensos de glória e de luta.Olhei a rocha e coloquei as palmas das minhas mãos na firme solidez fria das pedras; o que senti não foi “daqui” mas também não sei de onde foi; senti algo que me percorreu a alma e a minha memória encheu-se de imagens.Inspirei novamente e de novo guardei o momento para o rever quando o quisesse viver de novo (o que estou a fazer agora).O silêncio tinha som e imagem e esse som me transportou a tempos remotos para lá de tudo o que eu podia conhecer; as imagens, essas, foram nítidas e aqui estão, impressas para todo o sempre, num recanto de mim.O vento sentia-se sem se ouvir e as minhas mãos começaram a aquecer; um formigueiro enorme me percorreu os braços, o tronco, a bacia e desceu pernas abaixo até que senti meus pés ferverem; estava ali debruçado sobre a rocha ouvindo o passado, sentindo como se ele ali estivesse presente dando-me a conhecer o que não tinha vivido.A sensação tornou-se-me límpida e fresca e um sorriso se me aflorou nos lábios.Retirei as mãos da pedra e comecei a descer para o carro.Acabava de viver algo de inesquecível. Tinha pura e simplesmente viajado no tempo, tinha ido ao passado, tinha recuado uns séculos e o som e a imagem ficaram comigo.Apesar de tudo, senti paz.Fica ali, no Alentejo, mesmo perto da fronteira e chama-se Marvão.Preciso de lá voltar.
terça-feira, 7 de setembro de 2004
sinto
Sinto que não sinto o que queria sentir; não sei se o que sinto é ou não o sentir do que sinto que não sinto sentir-se dentro de mim; desespero na angústia angustiada de me ver assim, nú, despido do nada, vestido numa pele cansada que cobre um corpo cálido mas tremente não de frio mas de quente; de um calor sem dor mas abrasador. E é este frio que me aquece num conforto dolente que me adormece neste deambular lento que até parece que fenece como flor varrida ao vento que não se esquece. Sinto que minto a mim mesmo na procura de não sentir o que sinto e não queria sentir. Vomito então o que quero esquecer mas sufoco no próprio vómito. Desejo indómito que não pára nunca de me dominar. Onde estás força de vontade de gritar? Onde estás prece urgente de abalar? Onde estás desejo prenhe de tortura? Já não sinto. Tenho de ir. Preciso dormir.
subentendimentos
Há uma coisa que é necessário definir: todos nós, quando escrevemos (ou falamos), dizemos coisas reais e dizemos coisas irreais.Fazemos um misto de retórica vã e não só; colocamos muito de nós e também muito daquilo que vai no nosso imaginário; não só falamos do que sabemos como também falamos do que não sabemos mas, principalmente, falamos com a Alma, com aquilo a que eu chamo de "desejo".Fala-se do que "desejaríamos" que assim fosse.Quando não "foi assim" então fala-se do desejo de não ter sido como desejáramos que tivesse sido.Somos todos duma ambiguidade angustiante (quer se queira admitir isto ou não); mentimos a nós mesmos para nos desculparmos de tudo só que nos esquecemos que não somos culpados de nada.A ilusão não está em nós mas em tudo o que nos é dado como perceptível, ou seja, o que nos rodeia é que pode ser ilusão; nós não somos uma ilusão.A ilusão gira à nossa volta e tenta-nos de forma a que se perca a noção do que é a verdade e do que é a mentira; ficamos, então, apenas com o que temos; e o que é que temos? A esperança de estarmos enganados ou de nos termos enganado e de que há ou vai haver solução.Desesperadamente procuramos resolver esse problema.Doutras vezes, desistimos e deixamos que tudo "morra" no limbo do esquecimento; no entanto, esse limbo é também ele mesmo uma ilusão pois o esquecimento não é viável; não podemos "cortar" ou "apagar" a memória. E esta é a que nos devora; engole-nos por vezes duma forma assustadora e noutras vezes duma forma mais suave mas não deixa nunca de nos engolir.Somos como que absorvidos por esse buraco negro que é a lembrança; lembramos tudo, principalmente o bom porque subsconscientemente escondemos num recanto da nossa memório tudo o que foi mau; até porque nunca tivemos a culpa do mal ou do mau acontecido. Somos uns eternos inocentes.Fazemos assim, ao longo da vida, exorcismos aos nossos demónios em vez de lançarmos louvores aos nossos anjos; passamos uma vida inteira a lamentar o inlamentável em vez de nos alegrarmos com tudo o que não deve ser esquecido. E tudo, tanto o bom como o mau, deve ser contabilizado na nossa passagem por esta dimensão do aqui e agora.E só há uma forma de se "conviver" nesse estádio de vida: é aceitar o que nos é dado viver; é aceitar o que nos é dado pois nada daquilo que "temos" é nosso; foi-nos concedido passar por isso, foi-nos concedido vivermos nisso, foi-nos concedido vivenciar determinados factos, factos estes que serão única e exclusivamente nossos e de mais ninguém; mais ninguém no universo sente o que eu sinto, mais ninguém no universo sente o que tu sentes.Somos seres únicos, individuais e totalmente imperfeitos. Vamos a caminho da perfeição mas que tarda em chegar. Vamos ter muito que caminhar ainda até conseguirmos a espiritualidade do ser.Porém e como ainda somos imperfeitos é-nos "concedida" a capacidade de "chorar".É por isso que nada nos satisfaz.É por isso que buscamos a felicidade (quando ela está aqui, dentro de nós).É por isso que sofremos.É por sermos ainda imperfeitos que não sabemos (ainda não aprendemos) aceitar.No que me diz respeito, tento duma forma lenta mas sistemática, tentar aceitar mas, na verdade vos digo, que não é fácil e, por vezes pois, preciso de "gritar" e de usar a tal forma de equilíbrio que me permita lentamente sentir o caminho que piso numa caminhada que sei tenho de fazer, sem olhar para o caminho mas apenas com a vontade enorme e grandiosa de caminhar.
segunda-feira, 6 de setembro de 2004
cativar
Não, não fui ao dicionário ver o significado da palavra do título deste post; nem vou. Tenho uma ideia e julgo não estar muito longe da verdade ao pensar que ela quer dizer "prender sem prisão". Ficar cativo de algo é ficar "preso" sem se estar "preso"; é apenas a noção de se sentir bem por algo que provoca essa sensação.Há, nesta blogosfera (nome pomposo para designar o conjunto de blogs nesta esfera de acção que é a internet) blogs que cativam e blogs que não nos dizem nada; há blogs individuais e blogs colectivos; há blogs com aceitação de comentários e blogs que não os aceitam; há blogs de poesia, de prosa, de imagem, de tudo um pouco criando um universo interessante e novo neste novo mundo que temos à nossa frente e que nos abre as portas e a quem abrimos as portas.Existem blogs que nunca visitarei pela simples razão da sua imensidão! São tantos que nunca chegarei a ter tempo para os visitar; são um pouco como os livros: nunca os lerei todos mesmo que nada mais fizesse na vida.Existem blogs que visito diariamente, uma vintena, penso e depois com mais vagar visito outros e ainda faço a navegação de link em link na procura de algo que ainda não saiba. E tanta e tanta coisa que não sabemos!Este mundo é maravilhoso.Mas perigoso!Tentador!Mas gostoso!Traidor!Mas venturoso!Feito com amor!Mas doloroso!Fiquei cativo de quase todos eles.Gostaria de cativar alguns.
domingo, 5 de setembro de 2004
saudades
Tenho saudades tuas. Queria ter-te aqui comigo, a meu lado, de mãos dadas ou de olhos nos olhos. Cingir-te a cintura e apertar-te contra mim e sentir teu corpo. Desejar o teu desejo. Ouvir teu coração bater com a minha face sobre o teu peito. Beijar-te a boca e saber-me dentro de ti. Sentir-me mais uma vez como as muitas que senti.Tenho saudades tuas.Chamar pelo teu nome. Ouvir a minha voz pronunciar esse som e saber-me respondido com o teu sorrir. Estar onde estás e saber-me contigo, aberto de mim para te receber em plenitude. Entrar no teu ser e saber-me lá residente, não ontem nem hoje mas, sempre.Perder-me no teu labirinto e jamais encontrar a saída; viver os caminhos e as esquinas que se cruzassem à nossa frente e deixar de conhecer o tempo que nos cerca; olvidar a dor da ausência do teu doce amar.Tenho saudades tuas.
despedida
Acabo de chegar de um lugar indeterminado; não o sei localizar; fica algures na minha memória, já um pouco esbatida pelo tempo; gastei muito do meu tempo a lembrar o que não deveria ter sido recordado. Mas o arrependimento não trás nada de novo, apenas revolve o velho e não deixámos de ser o que somos, apenas almas errantes neste mundo de contrastes e de negações. Somos apenas e tão somente os "dejectos" dum mundo imperfeito. Não nos foi dada a possibilidade de esboçar a nossa própria vida e assim temos de nos contentar com os constantes ensaios que fazem de nós, indeterminando a solução final.Perdemo-nos na amálgama do tempo e da insanidade.Já não somos quem queremos ser.Somos apenas o que nos "dão" para ser.Permitem-nos viver de memórias e de factos que de novo se transformam em lembranças.Mas, lembrar para quê? Para sofrer? Para verificar que afinal de contas de nada serviu o esboço que de mim fizeram em constantes ensaios que a nada me levaram? Apenas à negação, só me levaram à negação.Não sei quem sou. Talvez nem queira saber: Não foi para isso que aqui vim; vim a este mundo para ser feliz, disseram-me um dia; e eu, parvo, acreditei.Vivi correndo nesse sentido; esbocei sorrisos e ensaiei risadas. Tropecei, caí mas de novo me levantava. O horizonte estava sempre perto e me bastava estender a mão; a ajuda nunca me era negada; acreditei que o esboço que de mim fizeram em alguma coisa de bom se haveria de tornar, um dia, quando não sabia, mas haveria de me realizar.Engano. Puro engano. Quando dei por mim estava caído, só, perdido, fendido em mil pedaços de mim, dorido de dores que não imaginava existirem.Mesmo assim olhava em frente na expectativa de que o esboço que fizeram de mim, depois de tantos e tantos ensaios, me permitissem olhar e sorrir de novo. Fiz isso muitas vezes. E havia sempre uma mão, ali, expectante, sorrindo para mim (engano). Para que foi que me sorriram? Porque me enganaram? Porque me disseram que sim? Porque razão me arrastei até aqui?Porquê?Que ganhei eu?Derrota após derrota?Claro que ganhei muitas batalhas, claro que sorri muitas vezes, claro que dei gritos de espanto e de prazer, claro que sim, mas, para quê? Para chegar a este fim?Para verificar que tudo o que vivi foi uma dramatização de mais uma história igual a tantas outras histórias de amor e sofrimento?Foi para isso?Foi para isso que me trouxeram até aqui?Foi para verificar que "isso" não existe? E, o que é o "isso"? O "isso" é um sarcástico riso dum engano simples mas preciso; dizem-nos: Vai e sê feliz, foi para isso que aqui vieste. E eu vim, olhando, sorrindo, esboçando e ensaiando o que poderia vir a ser e a ter: um amor, o amor!Amei e fui amado.Quis ficar pela simples razão de ter gostado. Então amei e fui novamente amado e numa infindável sequência de vidas eu percebi que estava a ser traido pelo esboço que fizeram de mim; o ensaio não tinha tido ensaio-geral; o pano subira para a representação da vida e eu não sabia o papel.Destruiram-me, logo ali, logo à partida.Negaram-me a possibilidade de estudar melhor as deixas e as palavras, os tregeitos e a forma de colocar o corpo no palco da vida; o esboço havia sido mal concebido; o ensaio não havia servido de nada.
Não havia ponto.
Não havia nada. No entanto, pensei que havia tudo e de nada me servi a não ser da minha inadaptação ao papel. Fui um mau actor
As lágrimas caiem-me agora e ninguém as vê; só eu as sinto aqui ao meu redor; os olhos se me toldam numa profunda mágoa e a tristeza me invade.
Quis amar e ser amado.
E, sou-o!
Para quê?
Onde é que ele está? Aqui, ao meu lado? Ali, depois daquela esquina? Depois, um pouco mais para além do horizonte? Ou a seguir àquele arco-íris colorido de vida mas que nada mais me traz para além dessas mesmas cores.
Isto não é um grito.
É para dizer que não me contratem mais; não há esboço e ensaio que cheguem para me reconstruirem de novo; a "argamassa" foi totalmente utilizada quando havia um sorriso, quando havia riso e olhos brilhantes.
Já não sei o papel de cor e já não consigo ler.
No entanto, o amor não precisa de esboços nem de ensaios; no entanto, o amor não precisa de saber o papel, nem de ponto, nem de palco; o amor precisa de actor, de alguém que grite que está vivo, que ainda não perdeu a única "coisa" que tem para dar e isso está ainda dentro do meu coração, ainda pulsa e me diz que é, que existe, que sente, que vibra.
Grito, no meio de uma lágrima escorrendo sobre um sorriso, que por muitos esboços e ensaios, eu ainda o sinto e que esse amor (latente, vivo) não acabará nunca, morrerá comigo, levá-lo-ei para onde eu for, será presa de mim mas não estará preso em mim, será livre de ser o que tiver de ser, será o advir.
Não havia ponto.
Não havia nada. No entanto, pensei que havia tudo e de nada me servi a não ser da minha inadaptação ao papel. Fui um mau actor
As lágrimas caiem-me agora e ninguém as vê; só eu as sinto aqui ao meu redor; os olhos se me toldam numa profunda mágoa e a tristeza me invade.
Quis amar e ser amado.
E, sou-o!
Para quê?
Onde é que ele está? Aqui, ao meu lado? Ali, depois daquela esquina? Depois, um pouco mais para além do horizonte? Ou a seguir àquele arco-íris colorido de vida mas que nada mais me traz para além dessas mesmas cores.
Isto não é um grito.
É para dizer que não me contratem mais; não há esboço e ensaio que cheguem para me reconstruirem de novo; a "argamassa" foi totalmente utilizada quando havia um sorriso, quando havia riso e olhos brilhantes.
Já não sei o papel de cor e já não consigo ler.
No entanto, o amor não precisa de esboços nem de ensaios; no entanto, o amor não precisa de saber o papel, nem de ponto, nem de palco; o amor precisa de actor, de alguém que grite que está vivo, que ainda não perdeu a única "coisa" que tem para dar e isso está ainda dentro do meu coração, ainda pulsa e me diz que é, que existe, que sente, que vibra.
Grito, no meio de uma lágrima escorrendo sobre um sorriso, que por muitos esboços e ensaios, eu ainda o sinto e que esse amor (latente, vivo) não acabará nunca, morrerá comigo, levá-lo-ei para onde eu for, será presa de mim mas não estará preso em mim, será livre de ser o que tiver de ser, será o advir.
início
...o blog "lobices" já existe; tem corpo e alma no Sapo. Porém, o Sapo está muito sapo e pouco principe e estou a ficar triste por isso; assim, decidi mudar de casa...
...aos poucos irei postando aqui toda a "mobília" e depois, criar novas coisas e dispor os móveis de outra forma; não sei, talvez a mesma alma num outro corpo...
...vou, lentamente, mudar de casa
...aos poucos irei postando aqui toda a "mobília" e depois, criar novas coisas e dispor os móveis de outra forma; não sei, talvez a mesma alma num outro corpo...
...vou, lentamente, mudar de casa
sábado, 4 de setembro de 2004
mudanças
...pronto
...abri esta nova casa mas, e agora? Quais os primeiros móveis a trazer para aqui?
...não vai ser tarefa fácil
...iremos aos poucos
...para já uma imagem de ternura...

...abri esta nova casa mas, e agora? Quais os primeiros móveis a trazer para aqui?
...não vai ser tarefa fácil
...iremos aos poucos
...para já uma imagem de ternura...

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